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Demora em desapropriações deixa ilhados proprietários de imóveis na BR-470

O barulho do martelo batendo no ferro para separá-lo do alumínio mistura-se ao som dos carros e caminhões que passam pela BR-470 diariamente. Porém, o ruído que mais incomoda o separador de sucatas é o das máquinas que tornam, lentamente, a duplicação da rodovia realidade.

Carlito Uber é um dos moradores que espera pela indenização do governo para deixar o lugar onde trabalha e mora, já que pelo terreno passará a nova pista.

No local, que fica a alguns metros do viaduto da Mafisa, Carlito separa recicláveis. O Uber Sucatas existe há cerca de dez anos em um rancho construído em cima da residência onde o blumenauense vive com a esposa.

Bianca Bertoli

A casa foi construída há mais de três décadas. Carlito, 28, cresceu no imóvel. Há três meses, o pai, Arnoldo Uber, 69 anos, morreu. Ele administrava o estabelecimento e estava em contato com os representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

“Meu pai infartou de todo esse estresse que passou. Esses dias mesmo veio um cara reclamar que eu estou atrasando a obra, mas ninguém falou em quando vão pagar a indenização. Eu vou sair daqui, mas preciso de dinheiro para morar e trabalhar em outro lugar”, afirma.

Segundo o engenheiro João Vieira, responsável pela duplicação da BR-470 no Dnit, as negociações para efetivar as desapropriações ocorrerão nesta semana, entre terça e quinta-feira. São proprietários de 68 terrenos entre Gaspar e Indaial que devem vendê-los à União. Assim, trechos chave da duplicação podem ser acelerados, como as regiões da Mafisa, Badenfurt e Indaial.

As audiências eram esperadas para setembro e outubro. Porém, de acordo com o chefe de serviço de desapropriações e meio ambiente do Dnit, Hugo Mourão, os R$ 12 milhões que serão destinados a essa demanda chegaram no começo deste mês.

Apesar do contratempo, Vieira continua otimista com o andamento da obra. O grande viaduto da região da Mafisa, por exemplo, poderá ser entregue no primeiro semestre do ano que vem (a previsão inicial era concluir somente em 2020, ou até 2021).

Máquinas na vizinhança

No ponto onde Carlito recicla uma infinidade de materiais era a loja de artesanatos de vime do pai e da mãe, Iraci Lenzi. Depois de mais de 10 anos com o negócio, Iraci parou com o trabalho e o espaço se tornou o Uber Sucatas. Com a desapropriação que está por vir, Carlito deve receber R$ 160 mil e abrir a empresa na rua 1º de Janeiro, bem próximo ao lugar. O ponto não será tão visível quanto o atual, à margem da rodovia, mas o morador entende a situação.

“O comércio dele está dentro da faixa de domínio, então não teria desapropriação nenhuma. Mais para baixo ele tem a casa, fora da faixa de domínio atual. Essa vai ser desapropriada”, explica Vieira.

Bianca Bertoli

Se abrir uma das janelas do Uber Sucatas, é possível ver a grande pista que se forma, ainda em barro. As marcas das retroescavadeiras terminam quando começa a parede da construção. No mutirão desta semana, essa e outras quatro desapropriações devem ser resolvidas na região da Mafisa.

No trecho do Badenfurt restaram 16 do lado direito, no sentido Indaial-Blumenau, que também serão solucionadas nos próximos dias. Atualmente o trecho tem o maior número de negociações necessárias.

“A gente vai sempre trabalhar de forma pontual, mas temos 100% de acordo. A parte judicial é sempre rápida e eficiente. Não tem nenhum processo que não conseguimos chegar em um acordo”, conta Mourão.

Sobre o futuro da obra na Mafisa, o engenheiro acredita que as pontes ficarão prontas antes mesmo do serviço de terraplenagem ser concluído. A empresa tem dinheiro para trabalhar até dezembro. Depois disso, alguns recursos devem ser liberados, mas a garantia mesmo só virá quando os novos presidente da República e governador assumirem os mandatos.

Em dezembro, outras desapropriações devem ocorrer entre Itajaí e Indaial, mas em menor quantidade. Entre as esperadas para a próxima leva estão terrenos próximo à BR-101 e no acesso a Luís Alves.