As aventuras do casal de Blumenau que viajou pela quarta vez ao Atacama de carro e quer “completar” SC
Sthefany e William percorreram 2,8 mil km até o deserto no Chile e, desde 2020, somam 229 cidades visitadas em Santa Catarina
O casal blumenauense Sthefany Francielle da Silva, de 31 anos, e Willian Novasky, 35, viajaram pela 4ª vez ao deserto de San Pedro de Atacama, em uma aventura de apenas quatro dias. Além disso, nos últimos cinco anos, os dois conheceram 229 cidades catarinenses e, agora, estimam completar o estado até final de 2025.
Sthefany trabalha como agente de viagens autônoma, e Willian é responsável pelo desenvolvimento de sites e sistemas para a internet. Eles se conheceram em um curso de dança gaúcha em 2018, e seguem até os dias atuais com aventuras pela estrada. Ambos foram tema de reportagem do jornal O Município Blumenau, em 2021.

A viagem que originou várias outras
Com apenas seis meses de relacionamento casal, a primeira aventura longa dos dois juntos foi até o Deserto do Atacama. Eles recordam que o destino foi escolhido após encontrá-lo em uma lista de “lugares acessíveis de carro na América do Sul”.
Sthefany e William nunca haviam feito uma viagem longa de carro antes. A decisão foi espontânea e motivada pelo desejo de viver algo diferente no início do relacionamento.
“Eu tava procurando um artigo sobre lugares para visitar na América do Sul de carro. Aí apareceu o Atacama, que a gente nem sabia que existia por aqui. Foi meio que o deserto chamou a gente, sabe? A gente nunca tinha feito uma viagem assim, tava pouco tempo junto e quis viver algo diferente”, relata.

Até então, os dois voltaram ao Atacama quatro vezes e afirmam que o local transmite uma “boa impressão”. Eles comparam a sensação de visitar uma cidade querida e relatam uma conexão com o ambiente. “O que sempre faz a gente voltar é a energia do lugar. Estar no meio dos vulcões, daquele deserto, faz a gente se sentir em casa. É como querer voltar para casa”.

Conforme o casal, a primeira viagem foi a mais desafiadora devido à falta de informações disponíveis e ao ineditismo da experiência. Mesmo sem experiência anterior, decidiram organizar a rota por conta própria. Consideram que cada viagem difere, com novos aprendizados. Destacam que longas horas dirigindo não foram um problema, devido ao perfil tranquilo do casal.
“A primeira vez não foi a mais difícil, mas foi a mais assustadora. A gente não sabia como planejar, tinha pouco material. Na primeira o que fazer, como fazer. Decidimos fazer do nosso jeito. Outras vezes foi mais difícil por causa dos imprevistos”.

Sthefany e William conhecem diversas regiões do norte da Argentina e alternam os roteiros para explorar mais locais. Destacam a passagem por Purmamarca, como o ponto mais marcante do trajeto por se aproximar visualmente do Atacama e sinalizar a transição para o deserto.
“Parece a porta de entrada pro deserto, dá um gostinho do que está por vir. Também tem as Lagunas Altiplânicas, que é o meu lugar favorito. Tenho até tatuagem. Foi um dos lugares mais surreais que já estive”, diz ela.
Deserto de Atacama e o impacto na vida do casal
Em 14 de janeiro de 2025, Sthefany e Willian concluíram o trajeto de Blumenau até o Atacama. Eles atravessaram dois países, Brasil e Argentina, até chegar ao Chile, em quatro dias. Já fizeram esse trajeto quatro vezes no total.
As paradas foram:
- Blumenau (SC): ponto de partida;
- Passo Fundo (RS): primeira parada, após cerca de 560 km;
- Corrientes, na Argentina: cidade às margens do rio Paraná, aproximadamente 910 km depois;
- Salta, na Argentina: denominada de “La Linda”, com vinhos premiados e paisagens montanhosas, cerca de 1,4 km de Corrientes;
- Purmamarca, na Argentina: com o Cerro de los Siete Colores, a 370 km de Salta;
- Salinas Grandes, na Argentina: deserto de sal, 70 km de Purmamarca;
- San Pedro de Atacama, no Chile: é o destino final. Fica a 460 km de distância de Salinas Grandes, com lagunas coloridas, vulcões e céu estrelado.
“Casal de Marte”
O nome “Casal de Marte” nas redes sociais, surgiu em 2019, pela 1ª viagem ao deserto de Atacama, no Chile. No local, há a atração turística chama Vale de Marte, também conhecida como Valle de la Muerte, que originou sua criação.

Além disso, pelas redes sociais, eles convidam e explicam aos interessados mais informações sobre o processo da viagem, em relação a documentos, fronteiras, passeios, câmbio, roupas e detalhes da viagem.
Visitas aos diversos municípios de Santa Catarina
Após estudar todas as regiões e quilometragens, em 17 de abril de 2020 eles iniciam as viagens para conhecer novos lugares catarinenses. A ideia surgiu após a morte da mãe de Sthefany, em março de 2020.
Atualmente, eles criaram e colocam em prática o projeto pessoal “Partiu SC 295”. O intuito da iniciativa é conhecer todas as 66 cidades restantes do estado, até o final de 2025.

A primeira cidade visitada foi Petrolândia, no Alto Vale do Itajaí. Desde então, passam por pequenos e grandes municípios, sempre com registros das viagens nas redes sociais.
Em alternativas para reduzir custos, eles buscam hospedagem em casas de conhecidos, locais para acampar, hotéis e, em momentos específicos, dormem em seu veículo.

Sthefany e William sempre procuram viajar, principalmente em feriados e fins de semana. Em algumas ocasiões, visitam mais de uma cidade por dia. Também já realizaram viagens específicas, como o deslocamento até o município de Urupema, na Serra catarinense, para verem a neve.
Passos importantes para ingressar na estrada
Em relação aos desafios, Sthefany e William apontam a importância da resiliência do casal. Já enfrentaram situações adversas, como quase ficar sem combustível e ficar presos na fronteira entre Argentina e Chile. Na ocasião, dormiram no carro sob temperatura negativa por falta de hospedagem e sinal.
Eles relatam que essa experiência reforçou o apoio mútuo e a compreensão no relacionamento. “A gente aprende a ser resiliente e entender o outro. Já passamos por perrengue, quase ficamos sem gasolina. Na primeira viagem, a fronteira do Chile e da Argentina, fechou e dormimos no carro a -2 ºC. Eu me culpei muito, mas o Will me acalmou. No dia seguinte, chegamos no Atacama e foi um dos melhores dias da nossa vida”, diz ela.

Antes de viajar, Sthefany e William priorizam a revisão completa do carro e a checagem de documentos. Enfatizam a importância da preparação do veículo, já que percorrem cerca de 6 mil quilômetros e enfrentam altitudes de até 5 mil metros.
Sthefany e Willian possuem um veículo Onix 2018, modelo 1.0, de cor prata. Foi com este automóvel que viajaram todas as outras vezes.
“Antes de sair, a gente sempre checa os documentos e revisa o carro. São mais de seis mil quilômetros, quase cinco mil metros de altitude. O carro tá com a gente o tempo todo, leva, abriga, ajuda”, explicam.

O roteiro varia conforme o tempo disponível e os interesses da viagem. “Conhecemos bastante do norte da Argentina, a região de Tafí del Valle, de Cafayate, Salta, Purmamarca, Humahuaka. Cada viagem é diferente, para explorar mais aquele altiplano que é muito lindo”.


Apesar do longo trajeto e preparação, Sthefany e Willian afirmam ser possível realizar esse passeio com conforto e bom custo benefício. Além de enfatizarem para participar da aventura, dizem ser necessário bastante planejamento.
“Não precisa ser rico. Dá para fazer essa viagem gastando menos de três mil reais por pessoa. É possível. É muito mais fácil do que parece. A gente já fez várias vezes porque cabe no bolso.”

“Para quem tem esse sonho: só se joguem. É mais fácil do que parece, mas claro com bastante planejamento”, finaliza.
O casal publicou um livro que possui mais de 200 páginas, com informações sobre o trajeto. Além de ser identificado como um guia para ajudar outras pessoas interessadas em realizar o mesmo tipo de viagem. A obra está disponível para compra on-line.

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