Busca por cirurgias íntimas cresce em Blumenau

Blumenauenses procuram procedimentos especialmente por razões estéticas

Silicone, lifting, rinoplastia, lipoaspiração. As opções na hora de passar por cirurgias plásticas são quase infinitas. Remover gorduras indesejadas, tirar excesso de pele da pálpebra e aumentar os seios são algumas das favoritas das brasileiras. Entretanto, uma outra parte do corpo tem tido muita atenção dos médicos recentemente: a região íntima feminina.

De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Estética (ISAPS), o Brasil está em segundo lugar no ranking de países que mais realizam procedimentos estéticos no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Há poucos anos, éramos os campeões.

Dentre todas as cirurgias realizadas no ano de 2017, o rejuvenescimento vaginal foi o que mais cresceu, com 23% mais pacientes em comparação à 2016. Em Blumenau, o procedimento mais encontrado é a ninfoplastia, também chamada labiopastia. A cirurgia consiste na redução dos pequenos lábios.

Dentre os quatro especialistas contatados pela reportagem, três confirmaram que a busca pelos procedimentos tem aumentado significativamente na cidade. Além da ninfoplastia, as blumenauenses também procuram pela lipoaspiração do monte de vênus, preenchimento e clareamento da vulva.

O único cirurgião plástico que afirmou que tem recebido menos pacientes neste último ano, explicou que acredita que a redução se deve ao fato de que mais ginecologistas estão oferecendo o procedimento, o que facilita a busca das mulheres.

Apesar de que a cirurgia surgiu como uma solução para quem sente desconforto físico ao caminhar ou durante as relações sexuais, é consenso entre os médicos que, atualmente, a maior parte das buscas pela ninfoplastia é por questões estéticas.

Muitas mulheres procuram um especialista alegando que se sentem desconfortáveis em se expor ao parceiro sexual por não se sentirem confiantes com a aparência da região íntima. O risco, de acordo com os especialistas, é baixo. Entretanto, assim como qualquer procedimento, deve ser realizado com cautela.

“As cirurgias são muito rápidas. Tem que fazer em hospital por causa da anestesia, mas o risco maior é de abrir os pontos ou ter uma infecção no local. Mas se a paciente se cuidar e respeitar o pós-operatório, o risco é muito pequeno”, explica a ginecologista Priscila Prebianca Padilha.

Padrões de beleza

De acordo com Caroline Busarello Brüning, psicóloga blumenauense especialista em sexualidade, a busca de mulheres por cirurgias que modifiquem sua área íntima se deve a uma falsa ideia de que exista uma “vagina ideal”.

“Eu acredito que isso tem muito a ver com a sua referência. A gente não ensina para as meninas que existem vaginas de vários tamanhos, variação no tamanho dos lábios, na coloração, na aparência dos lábios… e que tá tudo bem!”, reforça.

Segundo ela, muitas meninas se preocupam por não terem uma região íntima como a dos filmes pornográficos ou das fotos que veem na internet. “Pequeninha, bonitinha, com os lábios escondidos, lisinha e rosinha”, define. Ela reforça que estes aspectos são também criticados por muitos por se assimilarem a uma vagina infantil.

“Muitas meninas acham que só existe um tipo de vagina, quando na verdade existem vários. Elas não deveriam se sentir desconfortáveis sobre isso. E se existe um desconforto, ele veio da pessoa por ser um incômodo real na vida dela, ou se construiu por um ambiente machista?”, questiona a terapeuta.

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