Na tarde de domingo, 29, o Governador Carlos Moisés (PSL) se reuniu com o deputado estadual Júlio Garcia (PSD) – presidentes da assembléia de SC -, com Fernando Comin, Procurador Geral de Justiça do Ministério Público do Estado, com Ricardo Roesler, Presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) e com Adircélio de Moraes Ferreira Júnior, Presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC), para comunicar que iria estender por mais sete dias o período de restrição do convívio social no estado, passando do dia 1º de abril para dia 8 do mesmo mês, a liberação de alguns comércios abrirem suas portas.

De manhã, o governador tinha se reunido com prefeitos das maiores cidades de Santa Catarina e com 21 presidentes de associação de municípios e, inicialmente, tinha ficado definido que a paralisação iria até o dia 9 de abril, mas para unificar as datas, decidiu-se que o dia seria 8 de abril.

A decisão do prefeito de Florianópolis Gean Loureiro de estender até o dia 8 a quarentena na capital, teve influência para a decisão do governador, que ainda não está convencido que a área de saúde do estado consiga suportar uma demanda maior de contágios, caso haja a liberação já no dia 1º de abril. No dia 28 mais de 100 entidades que integram o Movimento de Consciência SC publicaram uma nota contra o relaxamento da quarentena que iria começar no início de abril.

Na segunda-feira, 30, o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) não escondeu seu descontentamento com a falta de diálogo imposta por Carlos Moisés, impondo as diretrizes que as cidades tem que tomar sem conseguir discuti-las.

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Mas a grande gritaria, depois do anúncio da nova data, veio de muitos deputados estaduais, que não aceitaram que o Governo do Estado decida tudo sozinho sem ouvi-los, chamando os chefes dos poderes apenas para chancelar a sua decisão. Um áudio do Deputado Milton Hobus (PSD), que circulou pelo WhatsApp de muitos políticos, chamou Moisés de doido, dizendo que o governador só quer os poderes para homologar a nova data.

Milton Hobus disse também que conversou com Júlio Garcia, Presidente da Alesc, com o Presidente da Fiesc, Mário Cezar de Aguiar, e com o Presidente da Fecomércio, Bruno Breithaupt, e que haverá um movimento para não aceitar esta data, cabendo a Fiesc fazer um levantamento de quantos mil trabalhadores da Indústria vão ficar parados neste mês de abril.

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No áudio, Milton Hobus (PSD) disse o seguinte: “O setor produtivo todo vai cobrar do Governador respostas. Primeiro: o que ele fez para amenizar o impacto da saúde até agora, quantos leitos ele abriu? Zero. Quantos kits de teste ele comprou, porque tem município se organizando e comprando sozinho porque o Estado não fez nada, só tá esperando pelo Governo Federal, não fez absolutamente nada para disponibilizar testes para que em cada cidade possa ser feito o diagnóstico e o encaminhamento correto e evitar a contaminação; então cobrar pra ver o que o Governo fez de pratico na saúde até agora para minimizar o caos e poder gradativamente abrir a atividade econômica. Segundo, o que ele fez para amenizar os impactos econômicos do setor econômico catarinense, ele não fez nada. Terceiro, o que ele fez para minimizar os impactos sociais dessa paralisação toda, que vai ter gente passando fome. E outra pergunta: Qual o índice de contaminação e de efetividade, de gravidade, de pessoas até 55 anos de idade?

E Hobus termina o áudio dizendo “…essas cobranças nós vamos fazer, já articulei com os Poderes a partir de amanhã (Segunda-feira, 30) porque esse idiota só quer os poderes lá para homologar… então esse é o governo que o povo elegeu na sombra do 17 que não sabe o que faz e todos nós estamos pagando o preço”.

Todas essas manifestações mostram que Moisés pode estar controlando bem a pandemia no estado, mas está perdendo a mão com políticos que andam nas bases eleitorais e que podem minar a boa imagem construída nos últimos dez dias.