César Wolff

César Wolff é advogado e professor da Furb. Foi presidente da subseção Blumenau da Ordem dos Advogados do Brasil entre 2010 e 2015.

“Bolsonaro em busca da governabilidade”

Colunista comenta sobre a aproximação presidencial do bloco parlamentar conhecido como Centrão

Notícias veiculadas na imprensa nacional têm referido, em certo tom pejorativo, que o presidente República, Jair Bolsonaro, teria cedido ao chamado Centrão. Estaria ele costurando apoio parlamentar a evitar um possível processo de impedimento.

Esse tipo de acusação passa por uma premissa, subliminar é verdade, de que deputados do Centrão não merecem confiança. Daí o desejo – e quase imposição – de que o chefe do Poder Executivo governe sem alianças. Mas isso é possível? Pelo visto não.

O primeiro ano de mandato serviu de grande laboratório a Jair Bolsonaro. De fato, vociferou o presidente da República que não cederia aos congressistas. E pelo esforço hercúleo a que todos assistimos para aprovar a reforma da previdência, está claro que assim se manteve naquele período.

Ocorre que outras tantas iniciativas foram sim barradas pelo Congresso Nacional, sem aparente justificativa no interesse público. Logo se viu que presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, reunidos, ditam sozinhos a pauta de votações das duas casas legislativas e, por conseguinte, os rumos da Nação.

Se é assim, e percebemos que é mesmo, então parece ter restado ao governo federal somente o recurso a que todos sempre se valeram, qual seja, o de formar uma base de aliados e partilhar as decisões governamentais. É o chamado remédio amargo.

Estaríamos então reféns desse estado de coisas? Claro que sim. A superação desse modelo de política pressupõe algumas mudanças mais sensíveis do que, simplesmente, a eleição de um nome para a chefia do Poder Executivo. Está provado que precisamos dar muito mais atenção às eleições parlamentares.

Além disso, a lição que fica é a de que se Jair Bolsonaro, político tão astuto e presidente da República eleito com 57,8 milhões de votos diretos, se vê na contingência de buscar apoio parlamentar, então é fácil concluir que governadores e prefeitos ficam muitos mais expostos aos seus parlamentos do que se imagina. E isso serve de alerta para as próximas eleições, também aqui em Blumenau!

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