César Wolff

César Wolff é advogado e professor da Furb. Foi presidente da subseção Blumenau da Ordem dos Advogados do Brasil entre 2010 e 2015.

A desnecessária convocação de Luciano Hang à CPI da Covid-19

O poder de fiscalização constitucionalmente outorgado ao Legislativo é salutar, mas uma CPI não pode ser utilizada como meio de constrangimento de seus investigados.

Quem assistiu à sessão do dia 23 de setembro, em que aprovada a convocação do empresário catarinense Luciano Hang, pôde perceber, com alguma tranquilidade, que tanto o Presidente quanto o Relator da CPI já haviam antecipado culpa à suposta testemunha.

Agora ficou evidente que Hang fora convocado não para ser ouvido, mas simplesmente constrangido. Seu único mal, na visão dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito, é ter ostentado pública e inequivocamente seu apoio ao Presidente da República Jair Bolsonaro. Tudo o mais é bravata.

Pode não parecer, mas a postura de Hang incomoda sobremaneira a classe política como um todo. Lideranças empresariais desse país desde sempre relutam em ostentar apoio explícito à classe política. Assim se comportam, seguramente, porque sabedores da vindita a que estão sempre sujeitos. Não que se trate de um ato de covardia, mas de sobrevivência empresarial.

Nesse particular, Hang se firmou com um ponto fora da curva. Por isso sofre ataques virulentos por parte da oposição a Jair Bolsonaro, infelizmente com a complacência da grande maior parte da classe política.

O que seu viu na sessão da CPI em que tomado o seu depoimento foi a tentativa vil de sujeita-lo a desnecessário constrangimento. Uma tentativa de integrantes da CPI em passar uma mensagem clara a todo o empresariado brasileiro para que não se posicione politicamente.

Em algumas falas também transpareceu uma estranha aversão ao orgulho explícito do depoente ao seu empreendedorismo e à sua obra, e empresa que construiu. Até a sua liberdade em se expressar, no que se inclui suas vestimentas, fora atacada.

Coube ao Senador Jorginho Mello, ainda na sessão em que votada a convocação, a defesa do empresariado brasileiro, e, em especial, da honra e da honorabilidade do convocado. E fez muito bem, pois parlamentares precisam entender que quando se lhes é outorgado o mandato não está embutida qualquer autorização para promoverem perseguições políticas, achaques e toda a forma de intimação ao povo brasileiro.


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