César Wolff

César Wolff é advogado e professor da Furb. Foi presidente da subseção Blumenau da Ordem dos Advogados do Brasil entre 2010 e 2015.

“Precisamos nos ocupar com soluções caseiras, pois ninguém mais espera por uma solução orgânica e estatal”

Colunista comenta desarticulação entre governos durante pandemia

A pandemia potencializou a forte cobrança que já havia sobre os governos. Agora, além da carga ordinária já exercida pelos cidadãos, os próprios governantes passaram a contribuir para o seu desprestígio. Acusam-se mutuamente e não conseguem um mínimo de entendimento entre os poderes. Aí fica difícil.

Está claro que não estávamos preparados para uma situação tão grave e generalizada. Apesar de contarmos com o Sistema Único de Saúde (SUS) de fundamental importância, a desarticulação entre os governos federal, estadual e municipal é histórica.

Não é de hoje que em campanhas eleitorais o tema saúde é pauta principal dos candidatos. E nem poderia ser diferente, pois a população sente na pele o hiato entre a demanda e a capacidade dos serviços públicos.

Desde há muito faltam leitos, acumulam-se longas filas de espera pelas cirurgias eletivas e faltam recursos financeiros para tudo. A bem da verdade, já estávamos no limite.

Todos os prefeitos reclamam incessantemente de que são obrigados a aportarem mais recursos na saúde do que dispõem, e muito além do que a Constituição lhes obriga.

Lembremos também que não foi a pandemia que levou o Hospital Santo Antônio a revelar o seu estado de extrema penúria financeira. O anúncio, por seu presidente, foi feito em entrevista concedida algumas semanas antes.

Blumenau cobra pelo aumento de repasses de recursos para a saúde pelo Governo Estadual faz anos. Argumenta-se, com razão, de que por não contarmos com um hospital regional estadual e por termos que atender demandas dos municípios vizinhos, nossa situação é muito mais grave do que qualquer outra mesorregião de Santa Catarina.

Enfim, esses não são discursos vazios de nossas lideranças locais, mas sim demandas justas e fundamentais. Tivessem sido atendidas, não estaríamos na situação periclitante em que nos encontramos agora.

Mas nesse momento o importante é nos unirmos, pois ninguém mais espera por uma solução orgânica e estatal. Diante da magnitude dos desafios que já estamos enfrentando, e ainda dos que nos esperam, precisamos nos ocupar com as soluções caseiras.

Cuidar de nossos idosos, promover doações e arrecadação de fundos para investimentos na saúde, além de adotar espontaneamente o isolamento social, sempre que possível, é o que de melhor agora podemos fazer.

Depois, ao seu tempo, precisaremos repensar nossa política local, reforçar nos quadros partidários e empoderar nossos representantes estaduais. Mas aí já é tema para as eleições de 2022.

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