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“É preciso dar razão a Bolsonaro quando diz resistir à lógica perversa da governabilidade”

O Brasil elegeu as reformas.

O governo de Jair Bolsonaro se elegeu com uma proposta clara de reforma do Estado, de viés liberal. Ajustes na Previdência Social e também o combate ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e aos crimes violentos estão dentre as promessas homologadas nas urnas.

Com celeridade sem precedentes, o governo encaminhou as proposições ao Congresso Nacional para dar início à tramitação, aos debates e às votações. Eis que apresentados os projetos, ao invés de discutirem os conteúdos, parlamentares passaram a se queixar da falta de negociação.

Está bastante claro que Suas Excelências aguardavam apenas o momento certo para apresentarem listas de exigências ao governo que se inicia. Afinal de contas, de largada, Bolsonaro reduziu sensivelmente o número de ministérios e extinguiu milhares de cargos de confiança e funções gratificadas.

Roberto Jefferson, o então – e ainda – presidente do PTB que denunciou o esquema do mensalão do governo Lula, bem explicou que a palavra negociar, para os partidos políticos, significa entrega de cargos, ministérios e estatais. O interesse nesses últimos, segundo revelou, se dá sobre os contratos, que podem render aos partidos significativos recursos financeiros às campanhas eleitorais.

Essa é a moeda de troca, e que só foi revelada publicamente porque o esquema do mensalão teria tentado quebrá-la. Não para extingui-la, como seria de se esperar, mas para aperfeiçoá-la. Preferiu-se financiar diretamente os parlamentares, tornando-os inclusive mais fiéis, a negociar – mais caro – com os presidentes dos partidos. Deu no que deu. Está tudo lá nos autos da ação penal 470.

Não é muito diferente no âmbito dos estados e municípios. Em Blumenau, é comum a imprensa noticiar um entra e sai de cargos comissionados no Executivo, diante de adesões e desligamentos de parlamentares à base de governo.

Por isso é preciso dar razão ao presidente Jair Bolsonaro quando diz resistir à lógica perversa que tem sido usada ao longo dos tempos para se garantir a famigerada governabilidade. É verdade que não sabemos se vai dar certo. Mas também é verdade que sabemos que não tem dado certo.


Post Scriptum: Como se já não bastasse o complexo cenário em que nos encontramos, infelizmente há que se lidar ainda com a interferência evangélica, o Twitter turbinado e as pataquadas presidenciais. Paciência.

Neste momento, o fundamental é enfrentar os mais de 60 mil homicídios anuais que transformaram nosso país num clima de verdadeira guerra civil, e o déficit nas contas públicas, que impede o investimento em infraestrutura e o consequente crescimento e desenvolvimento nacional.

É preciso reconhecer que, nos poucos ensaios democráticos da nossa ainda jovem democracia, não chegamos a constituir uma Presidência da República digna de admiração. Isto sim levará alguns anos.