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Clínica de Blumenau adquire equipamento que mantém cabelos durante quimioterapia

Estudos revelam que a queda de cabelo é um dos efeitos colaterais mais traumatizantes da quimioterapia, o que causa danos que vão muito além do aspecto visual. As consequências são graves e até podem incidir na desistência do tratamento. Pensando nisso, a clínica Reichow, de Blumenau, adquiriu a primeira Touca Inglesa da região.

A touca, conectada a uma unidade de refrigeração, é colocada na cabeça do paciente cerca de 30 minutos antes e mantida em torno de uma hora e meia após a infusão das drogas, dependendo do protocolo adotado. O sistema resfria o couro cabeludo a uma temperatura entre 18°C e 22°C. Com isso, diminui o fluxo sanguíneo nos folículos capilares e reduz a absorção dos fármacos na região.

No Brasil, desde 2013, já foram realizadas cerca de 60 mil sessões nos principais centros de referência e hospitais de 14 estados brasileiros, além do Distrito Federal. O sistema, criado no Reino Unido pela empresa Paxman, é o único no Brasil com certificação da FDA (agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA) e registrado na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A tecnologia de resfriamento do couro cabeludo vem sendo desenvolvida há décadas, e curiosamente já utilizou até mesmo melancias na cabeça de pacientes, nos primórdios dos estudos. Ao longo de mais de 20 anos de pesquisas com a Touca Inglesa, pacientes relataram a diminuição da alopecia a ponto de dispensar o uso de lenço ou peruca.

A taxa de sucesso depende do tipo de medicação administrada, 50% para as mais fortes e até 92% nas menos agressivas e a sensação de frio foi tolerada por 98% dos pacientes. A terapia não é indicada para os tipos de câncer hematológicos ou para alguma alergia ao frio. Recentemente, a FDA expandiu o uso da Touca Inglesa para outros tipos de tumores sólidos.

Cerca de 1,2 milhão de novos casos de câncer vão surgir entre 2018 e 2019 no Brasil, segundo projeção do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Enfrentar o tratamento é um grande desafio, e que pode ser ainda mais difícil quando pacientes apresentam quadros de baixa autoestima e depressão.

A modelo de 26 anos Lelly Cristie passou por dois grandes sustos ao ser diagnosticada com câncer. O primeiro, obviamente, veio com o impacto da notícia e num segundo momento Lelly se deparou coma possibilidade de perder os cabelos durante o tratamento de quimioterapia que viria a fazer.

“Uma das minhas maiores preocupações desde que fui diagnosticada era a quimioterapia! Eu tinha medo até de pensar! Quando ficou decidido que eu teria que fazê-la pra prevenir uma recidiva, corri logo para meu querido “Dr. Google” para ver se teria alguma forma para evitar ficar careca. A gente já sofre muito durante um diagnóstico e tratamento desses, pois cabelo é importante sim! Usei a touca em todas as minhas sessões e o mais incrível aconteceu. Isso mudou minha realidade, porque eu ficaria careca em duas semanas, e quem diria? Passei meu tratamento todo bem cabeluda e quem me via jamais pensava que eu estava a tratar”, relata.

 

A Paxman

A criação do sistema se deu a partir de um drama familiar. O fundador e desenvolvedor Glenn Paxman acompanhou de perto a angústia de sua esposa ao perder os cabelos durante o tratamento de câncer. Ela utilizou o sistema de resfriamento do couro cabeludo disponível na época, sem controle de temperatura, e não funcionou.

O britânico, que comandava uma fábrica de serpentina de chopp, ficou bastante sensibilizado e passou a se dedicar ao estudo e desenvolvimento de um equipamento que pudesse evitar o sofrimento causado pela queda de cabelo em decorrência da quimioterapia.

Curiosamente, a partir de um sistema de resfriamento para serpentina de chopp nasceu a Paxman, que atualmente é líder global no seguimento. Mais de 100 mil pessoas em 64 países já utilizaram a Touca Inglesa desde que foi lançado no mercado em 1997.