Conheça 3 influenciadores digitais de Blumenau que ganharam projeção nacional

YouTube, Instagram e Twitter são algumas das redes que geram renda para influenciadores

Atualmente, a maior parte dos jovens baseia suas decisões de compra não mais na opinião dos pais, dos amigos ou até mesmo da televisão, mas sim em pessoas da internet que nem sabem que eles existem. Estes são os influenciadores. Pessoas normais, como você, mas que decidiram expor suas vivências e gostos nas mídias sociais e acabaram tornando isso um emprego.

Apesar de a maior parte deles morar em metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, Blumenau não está fora da realidade dos influenciadores. Moradores da cidade usam a internet para expor suas opiniões e divulgar lugares e marcas blumenauenses.

Conheça abaixo alguns dos principais influenciadores, que também são produtores de conteúdo da cidade.

Mery Triantafylon de Magalhães, a @coqueluxos do Instagram

Parte da vanguarda de blogueiras do país, Mery começou a escrever na internet há oito anos. Na época ela apenas estudava, mas sempre se interessou por moda e tecnologia. Depois de muito encorajamento das amigas, ela criou um blog para falar sobre o assunto.

Ela é formada em Administração e Ciências Contábeis, portanto usa o conhecimento em marketing e a experiência como produtora de conteúdo para prestar serviço para empresas dentro de gestão e produção de mídias e desenvolver estratégias de divulgação.

Alice Kienen

Mery se identifica como uma influenciadora digital, que são as pessoas que usam a imagem delas para vender produtos. Hoje o perfil do Instagram, principal plataforma de trabalho dela, conta com 26,7 mil seguidores. Além de moda, ela expandiu os assuntos para alimentação, saúde, decoração e produtos para cachorros.

“Quando quero explicar o que eu faço, digo: eu influencio você a consumir o que eu consumo. Mas a diferença para outros influenciadores é que eu só posto o que eu uso e o que eu gosto, mesmo se oferecerem dinheiro em troca”, explica.

A influenciadora também explica que o trabalho dela não é vender, mas sim “martelar” a marca na cabeça do consumidor. Segundo ela, o investimento com influenciadores digitais é a forma de marketing mais barata para as empresas. E, ainda, a mais eficiente.

“A pessoa pode não comprar na hora em que eu posto, mas quando ela precisar ela vai lembrar das marcas que eu sempre menciono. Faz mais sentido do que investir no tradicional. Hoje em dia se tu para num sinal, você olha para um outdoor ou pra tela do seu celular?”, questiona.

Todo domingo, Mery pega o planner dela (uma espécie de agenda) e organiza toda a semana. Além dos parceiros fixos que ela visita semanalmente para mostrar as novidades, outras empresas a contratam para eventos e publicações específicos. Segundo ela, a rotina de quatro horas de sono diárias é o que permite dar conta de tudo sozinha.

Arquivo pessoal

Além de Blumenau, Mery também tem público forte em Balneário Camboriú, Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. Na visão dela, um problema de trabalhar com isso em uma cidade menor é que as empresas ainda não entenderam que enviar os produtos de presente pra ela não significa que ela vai divulgar a marca.

“As pessoas têm dificuldade de enxergar o que eu faço como trabalho, mas eu preciso me valorizar e cobrar pelo meu serviço. Só em 2013, dois anos depois de começar, que percebi isso”, conta.

Apesar disso, Mery nunca precisou ir atrás de clientes. Segundo ela, todos os parceiros que ela tem atualmente vieram atrás dela. Recentemente, ela se uniu a outras duas influenciadoras blumenauenses, Amanda Haçul e Bianca Monte. Junto do “mix eclético”, como elas se intitulam, ela vende um pacote para as empresas que inclui públicos diferentes.

Amanda, Bianca e Mery, o mix eclético. Foto: Arquivo pessoal

Para quem tem vontade de se tornar um influenciador em uma cidade menor como Blumenau, a principal dica dela é que a pessoa dê valor par o seu trabalho.

“Você precisa ser autêntico e verdadeiro. O seguidor sabe quando está sendo enganado. Você precisa conhecer esse público e saber que não dá pra postar só publicidade. Além disso, é necessário gostar dessa exposição e saber lidar com as críticas e elogios sem deixar subir à cabeça. Muito estudo e leitura também são essenciais”, aconselha.

Michelle Alves, a @mialvess do YouTube

O que surgiu como um blog entre quatro amigas em 2013, hoje se tornou o maior canal de intercâmbio do YouTube Brasil. Um ano depois do lançamento, com as amigas deixando o site de lado para se dedicar a outras prioridades, Michelle Alves se mudou para os Estados Unidos para trabalhar como au pair (babá em outro país) e resolveu publicar um vídeo compartilhando a experiência.

Como ela havia abandonado o blog (na época chamado Cabide Colorido) para se dedicar ao intercâmbio, muitos leitores a procuraram querendo entender o que ela estava fazendo no hemisfério norte. Logo após o primeiro vídeo, ela começou a atualizar o YouTube, plataforma nova para ela até então. E não parou mais.

“Em 2014 já haviam alguns youtubers, mas apenas os maiores como Felipe Neto e Kéfera. Então eu nem pensava em manter um canal, só quis explicar da forma mais fácil. Foi super despretensioso. Liguei a câmera do meu celular e expliquei sobre o intercambio, mas fez sucesso muito rápido”, conta.

Michelle na Times Square, em Nova Iorque. Foto: Arquivo pessoal

Hoje, com 302 mil inscritos na plataforma de vídeos e 89,4 mil seguidores no Instagram, Michelle foca o conteúdo do canal em viagens e intercâmbio, inserindo um pouco da sua vida (o chamado lifestyle) nos vídeos.

Formada em Publicidade e Propaganda pela Furb, foi o encorajamento de um professor do curso que levou Michelle a produzir conteúdo para internet. O intercâmbio foi uma forma de se desligar um pouco da rotina e pensar no futuro.

“Eu publicava ao menos dois vídeos por semana e comecei a criar gosto pela coisa. Recebia muitos elogios. A minha ideia sempre foi ajudar. Eu só percebi que podia virar um trabalho quando o dono da agência me ligou lá nos Estados Unidos porque muita gente procurou eles por minha causa”, relata.

O primeiro trabalho veio daí, quando o responsável pela agência de viagens blumenauense que ela escolheu ofereceu uma comissão para cada contrato que fosse fechado graças à indicação dela. Com o crescimento do público, a parceria que começou em Blumenau acabou se estendendo para todo o Brasil.

Durante um mochilão pela Europa, Michelle conheceu Budapeste. Foto: Arquivo pessoal

Ela voltou para casa e terminou a faculdade, apenas em 2017 resolveu largar tudo e se dedicar exclusivamente ao canal. Hoje, a maior parte do público de Michelle se concentra em cidades com maior população. Blumenau fica em terceiro lugar, depois do Rio de Janeiro e São Paulo.

Quando percebeu que precisava de um novo desafio, Michelle abriu uma empresa de doces e salgados veganos com a família. Essa também é uma solução para garantir a renda, já que na internet ela não é fixa.

A jovem, que não consome produtos de origem animal, também compartilha dicas, receitas e restaurantes veganos no Instagram @meioabacate, que ela criou especialmente para o assunto.

No dia a dia, Michelle organiza cada minuto para garantir conteúdo de qualidade para os inscritos e também para os patrocinadores. Segundo ela, a produção de fotos, stories, vídeos e posts para o blog é diária.

“Nos próximos dois meses vou ficar viajando, então pra ter conteúdo pronto nesse período e buscar patrocinadores é uma série de tarefinhas todos os dias”, explica.

Berlim foi um dos destinos de Michelle no último mochilão. Foto: Arquivo pessoal

Apesar disso, Michelle celebra o fato de que pode trabalhar de roupão no conforto da casa dela. Como ela produz conteúdo sobre viagem, não vê problema em morar em uma cidade menor.

“Sinto que a galera aqui é mais fechada para esse tipo de coisa. Existe uma resistência, mas Blumenau sempre vai ser meu lugarzinho no mundo, onde tenho esse ritmo menos corrido”, comenta.

Para ela, o mais importante na hora de investir na internet é ter conteúdo e inovar: “As pessoas precisam lembrar que é necessário ter um conteúdo relevante, interessante e bem feito antes de querer fama. Muitos influenciadores não têm conteúdo pra trazer. E não dá pra começar o negócio almejando centenas de milhares de seguidores”.

Lucas Freitas, o @luquinha do Twitter

Que jovem nunca passou horas reclamando da vida ou rindo de memes no Twitter? Para Lucas, o que antes era uma diversão acabou virando o trabalho dele. Com 433,7 mil seguidores na rede social, ele usa a plataforma como fonte de renda desde 2014.

O principal tópico que ele comenta são programas de televisão e seriados, tornando os tweets produtos para os canais e empresas. Ele também fala sobre o dia a dia “de um jeito engraçado e de uma ótica diferente do comum”, como ele descreve.

Lucas tocando em festa da Factory. Foto: Arquivo pessoal

Lucas entrou no Twitter em 2010, mas somente em 2013 ele percebeu que podia produzir conteúdo com o hobby. Foi aí que ele começou a prestar mais atenção no que publicava. Formado em Publicidade e Propaganda pela Furb, ele largou o emprego na área para focar na internet.

“Como o Twitter é um ambiente bem mais livre do que as outras plataformas, como o YouTube e o Instagram, eu consigo ter um dia a dia bem ‘solto’, então só mantenho uma rotina de trabalho quando sei que tenho alguma ação para fazer no dia”, comenta.

Para Lucas, o processo de criação é natural. “Eu só atualizo minhas redes conforme o dia vai acontecendo”, diz. Entretanto, o sucesso nunca foi planejado.

“Foi algo bem espontâneo, eu não esperava que isso acabaria virando o meu ‘ganha pão’ (risos). Eu usava minhas redes para fazer algo que eu gostava naturalmente e, com o tempo, fui atraindo mais e mais seguidores. Quando eu percebi tinha virado uma bola de neve”, afirma.

Apesar de apenas 6% do público de Lucas morar em Blumenau, ele considera o número expressivo, levando em consideração que muitas pessoas param ele na rua para cumprimentar. Segundo ele, a maioria deles são adolescentes ou jovem adultos.

Lucas no festival Lollapalooza. Foto: Aquivo pessoal

Na cidade, Lucas pode ser encontrado tocando em festas, como na Factory Antônio da Veiga. Porém, ele já foi chamado para eventos em todo o Brasil, especialmente shows e festivais de música. Para quem tem interesse em produzir conteúdo na região, ele aconselha:

“Nós vivemos numa região extremamente rica em cultura, e as regiões próximas a nós também são incríveis, no nosso estado você encontra desde neve até praias incríveis, então inspiração por aqui nunca vai faltar. O maior conselho de todos para quem quer apostar na internet é: não comece visando o dinheiro, você definitivamente vai se frustrar. Faça por amor e por ter algo para mostrar”.

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