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Conheça as orquídeas de um casal blumenauense que cultiva a flor há 20 anos

As orquídeas estão presentes na vida do casal Marli e Orides Hadlich há quase vinte anos. Desde 2000 eles cultivam as plantas em casa, em orquidários espalhados pelo jardim, quintal e até dentro do imóvel. Um verdadeiro festival de cores e espécies que os olhos não dão conta de quantificar – Orides calcula ter de 650 a 800 vasos.

A paixão começou durante o planejamento da aposentadoria. Nem Marli e tampouco Orides queriam iniciar a nova etapa sem uma ocupação em mente. Foi aí que surgiu a ideia das plantas. Agora eles aguardam para participar do Festa das Orquídeas, entre a próxima sexta-feira, 6, e domingo, 8, na Vila Germânica.

Orides diz que a coleção é de Marli, que é presenteada com as flores, mas a esposa revela que o cuidado é feito pelo marido. Ela fica com o papel de viajar, visitar exposições e trazer a cada passeio uma nova integrante para o lar.

Em Blumenau, os dois se tornam não só consumidores, como também expositores ao menos uma vez por ano. Durante a Festa das Orquídeas eles levarão as plantas mais bonitas para exibir aos visitantes.

Por enquanto as escolhidas para irem à Vila Germânica permanecem no seu devido lugar, uma área montada sobre um aquário, perto da sala de estar da residência no bairro Escola Agrícola. Ali somente as que estão com flores têm espaço.

“No geral não é uma planta difícil de lidar, exceto para encontrar fungicidas, que são vendidos apenas a agricultores. Por semana eu gasto uns dois dias para cuidar delas”, conta Orides.

As orquídeas normalmente florescem uma vez por ano e a duração da flor varia de poucas horas a meses, a depender da espécie. Calcula-se que no Brasil haja 12 mil, sem contar as criadas pelo homem, com cruzamento de tipos diferentes.

Círculo de Orquidófilos

Para falar sobre os cuidados que cada uma demanda e trocar experiência com outros orquidófilos, pessoas como Orides e Marli podem recorrer a uma das 20 associações do estado, o Círculo de Orquidófilos de Blumenau, no bairro Vila Nova.

Ali, toda terça-feira o grupo se reúne para tirar dúvidas e conversar. Cada um, inclusive, leva algumas orquídeas para mostrar aos colegas. A estrutura foi fundada há mais de 70 anos e conta com 50 associados, a maioria homens. Na sede também é possível tratar de bonsais e estudar doenças e pragas que acabam com as plantas. Desde 2017 o Círculo possui um laboratório e estufa.

“Isso aqui não tem fins comerciais. Estou semeando orquídeas raras ou que estão em risco de extinção para devolvê-las à natureza”, explica o responsável pelo laboratório, Jalmor Müller, enquanto segura um pote de vidro com uma mistura gelatinosa e pequenas mudas verdes. A mistura escura possui micronutrientes responsáveis por fazer a germinação das minúsculas sementes.

Todo o processo é lento. Depois da germinação em recipientes as pequenas orquídeas vão para a estufa. Ali, algumas morrem por pragas, já que é proibido o uso de pesticidas no local. Outras não se adaptam ao novo ambiente ou então não se desenvolvem já na fase dos vidros. Do período no laboratório até a primeira flor pode levar cinco anos.

São etapas tão delicadas e lentas que surge a dúvida: como pode haver tantas orquídeas a venda, inclusive em supermercados? A explicação não é tão simples, mas Müller resume que em muitos casos são utilizados hormônios para produções em escala industrial, o que encurta o processo de cultivo. Porém, sem o devido cuidado no transporte e local de venda, elas podem sofrer com a adaptação e morrer em pouco tempo.

Paixão que aproxima

Às vezes, quando Marli quer bater papo sobre orquídeas, basta atravessar a rua. A vizinha Audete Maas Schulz possui um orquidário do tamanho do casal Hadlich, mas concentrado principalmente em uma grande estufa atrás da casa dela.

Ela tem o espaço desde que entrou para o Círculo de Orquidófilos, há cerca de 13 anos. Diretora social do grupo, exibe todas as cerca de 800 orquídeas que possui, desde mini, espécies que não precisam de terra para se nutrirem até as populares cattleyas intermediárias, comuns nesta época do ano na região.

Flores tardias

“Daqui a pouco eu vou lá embaixo conversar com as plantas para ver se as flores saem até a Festa das Orquídeas”, brinca Marli no segundo pavimento da casa onde mora.

Neste ano, todos os orquidófilos reclamam da mesma situação: as flores estão tardando a aparecer, para desespero dos que participarão da Festa das Orquídeas. Tanto que em boa parte dos orquidários do casal, que fica no quintal da residência, no primeiro andar, predomina a cor verde das folhas.

Isso ocorre pelas alterações climáticas neste inverno. Os dias frios alternados com os de calor têm feito as flores desabrocharem tortas e mais tarde que o esperado. Porém, nada que impedirá a exposição de cerca de mil plantas no Parque Vila Germânica.

Festa das orquídeas

Elas serão trazidas por associações de outras cidades e dos integrantes do Círculo de Orquidófilos. Cada grupo de espécie competirá entre si. Ganham medalhas as flores mais bonitas e simétricas. A Festa das Orquídeas ocorre de sexta a domingo, entre os dias 6 e 8.

Para os visitantes, haverá estandes com comercialização de orquídeas, bonsai, plantas ornamentais e artesanato. Os ingressos custam R$ 10 ou R$ 5 meia-entrada. Toda a renda dos ingressos e aluguel dos estandes vai para a associação, que organiza todo o evento com o apoio da Vila Germânica e Federação Catarinense de Orquidofilia de Santa Catarina.

Com o caixa, os dirigentes do Círculo de Orquidófilos mantém o espaço e investem em ações como o laboratório coordenado por Müller, que busca preservar espécies retiradas da natureza na tentativa de impedir que elas sumam de vez devido à extinção.