Covid-19: Prefeitura de Brusque decreta liberação do comércio, mas governo afirma que acionará MP para impedir
Documento não teria validade jurídica, conforme afirma governo do Estado
Documento não teria validade jurídica, conforme afirma governo do Estado
A Prefeitura de Brusque emitiu no fim da tarde desta terça-feira, 7, um decreto que, em teoria, autoriza a reabertura do comércio na cidade já a partir desta quarta-feira, 8. Porém, o governo do estado informou que vai acionar o Ministério Público (MP-SC) contra o decreto municipal, já que nesta terça-feira, 7, o governador Carlos Moisés anunciou a prorrogação da quarentena no estado por mais cinco dias, ou seja, até segunda-feira, 13.
Segundo nota encaminhada pela assessoria de comunicação do governo a O Município, o “entendimento do governo do estado é que os municípios têm autonomia para implementar medidas mais restritivas do que as de âmbito estadual. Neste caso, como a proposta é uma abertura, o Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) será instado para dirimir a dúvida jurídica”.
O Município entrou em contato com o plantão do Ministério Público, mas a promotoria responsável só estará disponível para prestar esclarecimento nesta quarta-feira.
Na semana passada, a Prefeitura de Xaxim, no Oeste, fez decreto semelhante, autorizando a reabertura do comércio da cidade, porém, a decisão foi revogada logo após Ministério Público obter liminar para suspender a medida.
Na ocasião, a ação civil pública foi ajuizada pela promotora Cristiane Weimer, da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca. O pedido para a suspensão do decreto foi aceito pela juíza Vanessa Bonetti Haupenthal, da 2ª Vara da comarca de Xaxim.
Na decisão, a juíza afirmou que os decretos municipais devem acompanhar as orientações do decreto estadual, e podem apenas tomar medidas ainda mais restritivas. “Ou seja, os municípios não podem autorizar atividades proibidas pelo Estado”, destacou no documento.
Após a publicação do decreto municipal que libera o retorno do comércio nesta quarta-feira, 8, a equipe do jornal O Município entrou em contato com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Brusque, Ademir José Jorge, o vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi, e o procurador-geral do município, Edson Ristow, para questionar a legalidade do documento.
Ao ser questionado sobre a legalidade do decreto, o secretário se recusou a comentar.
Ele diz que o governador já flexibilizou a atividade de algumas áreas como autopeças, concessionárias e oficinas, e que a prefeitura esperou a publicação do novo decreto do governador. “Não temos mais tempo para esperar. Tínhamos que emitir esse decreto justamente para retomada imediata. O nosso comerciante já sofreu demais”.
“Dentro das normativas da prefeitura, o prefeito determinou, eu também, o doutor Humberto, nosso procurador, Edson Ristow, determinamos a abertura imediata. É um ponto de vista que nós temos em relação a isso”, acrescenta.
O vice-prefeito de Brusque, Ari Vequi, não soube responder sobre a legalidade do decreto e informou que a reportagem deveria entrar em contator com a Procuradoria Geral do Município (PGM).
Ele ainda comentou que o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, informou nesta terça-feira, 7, sobre a possibilidade de abrir o comércio na próxima semana. “Tudo isso fez com que nós tomássemos essa decisão. O que não podemos é ficar esperando que cada dia ele promete modificar e não modifica”, declarou.
A reportagem tentou entrar em contato com o procurador-geral do município, Edson Ristow, mas ele não atendeu as ligações até a publicação desta matéria.
O governo do estado informou que vai acionar o Ministério Público (MP-SC) contra o decreto municipal.
Colaborou: Eliz Haacke