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Delegado Egídio Ferrari completa 10 anos de carreira e fala sobre trabalho na Polícia Civil

No dia 5 de janeiro, o delegado Egídio Ferrari comemora 10 anos de carreira. Nesta data, em 2011, ele estava tomando posse no cargo de delegado de polícia, e mais tarde seria alocado na cidade de Curitibanos.

Reconhecido pelo trabalho que desempenha na cidade desde 2016, Egídio conversou com a reportagem do portal O Município Blumenau sobre sua carreira e as expectativas que possui para os próximos anos.

Formado em Direito pela Furb, o delegado de 39 anos prestou dois concursos antes de ser aprovado no ano de 2008. Após a nomeação, ele foi alocado em Curitibanos, onde permaneceu por pouco mais de um ano. A seguir, foi transferido para Gaspar e lá permaneceu na chefia das investigações por cerca de quatro anos, até 2016. Naquele ano, foi finalmente transferido para Blumenau.

Aqui na cidade, Egídio comanda a Divisão de Investigação Criminal (DIC), e já teve um período de pouco mais de um ano como Delegado Regional. Entretanto, segundo ele, seu perfil ativo o fez deixar o cargo que tem caráter administrativo para “voltar às ruas”.

O delegado fará uma live nesta terça-feira, 5, às 19h, para conversar com a comunidade sobre seus 10 anos de carreira. A transmissão será feita simultaneamente em suas páginas no Facebook e no Instagram.

Em sua entrevista para O Município, ele cobra mais investimentos na segurança pública e celebra os resultados obtidos pela Polícia Civil no estado. Abaixo você confere a entrevista, e ao final da matéria, pode acompanhar a íntegra da conversa com o delegado.

Confira a entrevista

O Município Blumenau: Como escolheu a carreira como delegado?

Delegado Egídio Ferrari: Que eu me recorde, eu decidi ser policial civil com 15 anos de idade. Eu descobri qual era a diferença entre as polícias militar e civil, por exemplo. Quem fazia as investigações, os detetives, eram da polícia civil. Então eu resolvi ser policial civil e quando fui pesquisar que faculdade precisava fazer para ser delegado, e descobri que era o curso de Direito. Então com 19 ou 20 anos entrei na faculdade, aqui na Furb, fiz todo o curso em cinco anos e antes mesmo de formar já prestei concurso para ser delegado de polícia no Paraná. Não fui aprovado. Prestei outro concurso, em 2006, mas aqui para Santa Catarina. Também não fui aprovado. Me formei em julho daquele ano e continuei os estudos, focado para a Polícia Civil. Em 2008 abriu novo concurso aqui no estado e fui aprovado.

OMB: Qual foi o caso que mais o marcou no tempo de atuação aqui em Blumenau e região?

Delegado Egídio: Foi quando eu estava em Gaspar. Um sequestro de um menino de nove anos de idade que aconteceu em Ilhota. Isso era finalzinho de maio de 2014. Era oito e pouco da noite, eu tinha acabado de chegar em casa quando me ligaram. A própria família do garoto me ligou e eu fui o primeiro a tomar conhecimento do caso. Fui desloquei imediatamente para a casa deles e começamos as investigações. Cinco dias depois estouramos o cativeiro. Houve um confronto inicial com um casal que fazia a “segurança” do local. Ambos estavam armados e acabaram mortos. A criança foi resgatada do sótão onde estava presa, sã e com saúde. O momento em que devolvemos a criança para a família foi bastante emocionante. Esse caso realmente marcou por tudo. Um caso muito dinâmico. No final deu tudo certo.

OMB: O senhor também já foi o delegado regional aqui de Blumenau. Como foi esse período em que esteve à frente da Polícia Civil da região? Quais foram os principais desafios enfrentados?

Delegado Egídio: Quando cheguei à Blumenau, fui trabalhar na Divisão de Investigação Criminal (DIC) cuidando principalmente da repressão a roubos. Fizemos um trabalho excelente, melhoramos todos os índices de criminalidade e prendemos muita gente. Isso me elevou à condição para ser convidado a assumir o cargo de Delegado Regional, em setembro de 2018. Assumi, com grande responsabilidade, e permaneci um ano e dois meses. É um cargo eminentemente administrativo, não investiga crimes. Tratamos da condição das delegacias da regional e da segurança da Oktoberfest, por exemplo.

Mas depois desse período eu percebi que não era aquilo que me fazia feliz de verdade. Eu tinha um propósito de trabalhar na investigação, e senti que outro profissional com perfil mais adequado poderia me substituir. Então eu conversei com o Delegado Geral do estado, Paulo Koerich, meu amigo pessoal, e pedi que designasse outro para minha função e me colocasse novamente na DIC.

Tivemos em 2020 recorde de apreensões. Com apenas três policiais civis e eu, apreendemos mais de 270 quilos de droga. Nos índices de homicídio, atingimos uma resolução histórica: em apenas um dos 25 assassinatos registrados no ano não conseguimos encontrar o culpado. É mais de 95% de resolução das mortes violentas.

OMB: Com relação às suas perspectivas de futuro, o senhor almeja mais alguma realização na sua carreira? Assumir a função de Delegado Geral de Polícia de Santa Catarina é uma das suas metas?

Delegado Egídio: Eu prefiro viver o presente porque tudo o que aconteceu na minha vida foi exclusivamente resultado do meu trabalho no dia a dia. A ascensão na carreira é muito justa e percebida por todos os colegas. Por óbvio, há a possibilidade de assumir diretorias. Eu já fui convidado para trabalhar na Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC) quando eu atuava em Gaspar. Preferi não sair para atuar lá em Florianópolis porque queria trabalhar aqui na minha cidade, na região. Hoje eu quero me dedicar à investigação, que é o que eu gosto de fazer e estou extremamente realizado, ainda mais com a equipe que tenho. Lá na frente, se acontecer alguma proposta, aí a gente vê. Acredito que ainda tenho muita lenha para queimar aqui na investigação.

OMB: Se pudesse estabelecer alguma meta, objetivo ou desejo para a segurança pública da cidade de Blumenau, qual seria?

Delegado Egídio: É uma pergunta difícil. A gente queria 100% de resolução de todos os crimes, ou melhor, que os crimes não ocorressem ou ocorressem muito pouco. Mas o que eu espero realmente é investimentos na área de segurança pública. Em Santa Catarina nós estamos muito bem em relação ao Brasil. A Polícia Civil principalmente. Em Blumenau, nós ainda somos privilegiados em relação ao cenário estadual. Apesar de alguns crimes graves terem acontecido nos últimos anos, nós conseguimos dar uma resposta. Eu espero que o investimento aumente, principalmente no efetivo.

Hoje, Santa Catarina tem aproximadamente três mil policiais, mas a lei prevê pelo menos seis mil. Ou seja, temos pouco mais de 50% do efetivo que deveríamos ter. Na DIC temos cerca de 15 policiais para investigar todos os crimes mais graves. Imagine se tivéssemos 30. Não para a gente, mas para a população. Aquela que paga os impostos que resultam nos nossos salários e nos salários do serviço público.

Confira o áudio da entrevista na íntegra


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