Conforme o Germany Travel, somente na Alemanha existem 200 mil quilômetros de trilhas que cruzam florestas, campos, vinhedos e planícies, mas há quem calcule serem mais de 300 mil km de trilhas só naquele país. Faz décadas que ouvimos falar de centenas de milhares de quilômetros de trilhas para se percorrer a pé que existem em vários países do mundo, talvez a mais famosa delas os Caminhos de Santiago de Compostela, cuja maior variante pode chegar a 800 quilômetros.
Fora algumas tradicionais exceções, de uns tempos para cá, com cerca de um século de atraso, o Brasil acordou para a saudável prática das trilhas para serem percorridas a pé, por trechos em meio a ambientes rurais ou periurbanos, áreas de interesse cultural, religioso ou étnico, como terras indígenas e unidades de conservação, como Parques Nacionais, Estaduais, Monumentos Naturais e tantos outros. Atualmente, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima vem trabalhando com empenho na criação e implementação da Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso, conectando pontos de interesse cultural e natural do Brasil.
O cadastro da Rede Brasileira de Trilhas – Rede Trilhas – contempla atualmente centenas de trilhas de todos os tipos e tamanhos. Por exemplo, a Trilha da Preguiça, com apenas 2,4 km, na Reserva Biológica Augusto Ruschi, no Espírito Santo, pode ser percorrida em menos de uma hora. Aqui em Santa Catarina, os 100 quilômetros da Trilha Religiosa do Louvor, ligando Ituporanga ao Santuário de Santa Paulina, em Nova Trento, já podem ser percorridos em poucos dias. Já os cerca de 10 mil quilômetros da maior de todas, a Trilha Oiapoque ao Chuí, quando implementada e totalmente sinalizada, poderá ser percorrida pelo intrépido que aceitar o desafio em cerca de 500 dias — quase um ano e meio.
No dia 7 de junho deste ano de 2025, a argentina Julieta Santamaria foi a primeira a completar uma das maiores trilhas da Rede Trilhas brasileira, o Caminho da Mata Atlântica. Ela partiu do Parque Estadual do Desengano, no Espírito Santo, e seguiu serpenteando por magníficos ambientes naturais na direção sul. Depois de percorrer o Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, cruzou em zigue-zague também muitos municípios de Santa Catarina, até o destino final no Parque Nacional dos Aparados da Serra — mais de quatro mil quilômetros e 195 dias depois.
Em se tratando de trilhas, não importa a menor distância. Pelas barulhentas e poluídas rodovias, Julieta poderia ter atingido seu destino em menos de 1,6 mil km. Buscando áreas naturais e rurais, sempre desviando das muvucas urbanas e incluindo algumas ilhas — que, obviamente, têm que ser acessadas por barco ou canoas —, o importante é lavar a alma passando pelos mais belos e pitorescos panoramas naturais ou culturais. Não é à toa que a Rede Trilhas objetiva usar essa modalidade como uma importante ferramenta de conscientização ambiental e preservação dos biomas e seus diferentes ecossistemas.
A região do encantador Médio Vale do Itajaí, onde o maravilhoso Parque Nacional da Serra do Itajaí aguarda com paciente espera por sua implementação, e ainda com muita ocorrência de Mata Atlântica de boa qualidade em seus arredores, tem potencial de se constituir em um dos principais polos de trilhas em meio à natureza e um dos mais atrativos do mundo, pois é aqui que se concentra uma das importantes áreas contíguas de Mata Atlântica do Brasil.
Igualmente, é em Blumenau que deverá se localizar o marco zero de uma espetacular rede especial de trilhas: os Caminhos do Naturalista Fritz Müller. Estes, sendo implementados, permitirão aos seus frequentadores pisar nos mesmos locais em que pisaram os pés descalços desse grande cientista, enquanto tentam imaginar como seriam as paisagens vistas por ele, entre 1852 e 1897.
Isso, porém, não cabe mais neste espaço. Portanto, aguarde, cara e preclara leitora e leitor, que logo voltaremos com mais detalhes sobre esse empolgante assunto.
Acima, ruínas de Airão Velho (AM), junto à foz do rio Jaú no Rio Negro, como se encontravam em 1977. Na fachada, ainda podia-se ler “Casa Bizerra – 1950”, nome de um comércio que ali funcionava antes do abandono e mudança da cidade para um novo local, com o nome de Novo Airão, cerca de 100 km mais próxima de Manaus. Abaixo, a placidez das águas espelha com confusa perfeição o encontro do rio Jaú com sua floresta de igapó (floresta inundada). A foto foi obtida durante excursão fluvial de alunos e professores de mestrado em Ecologia do INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Universidade Federal do Amazonas – a esse afluente do rio Negro. O relatório dessa excursão, feito pelos alunos e encaminhado ao então IBDF, foi decisivo para a criação do Parque Nacional do Jaú, que por muitos anos foi o maior Parque Nacional brasileiro, com seus 2,2 milhões de hectares de área. Fotos: Lauro E. Bacca, então aluno, respectivamente em 04 e 08 de abril de 1977.
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