Embora não recomendado, uso de estimulantes sexuais entre jovens é comum em Blumenau

Farmácias registram aumento na venda para pessoas entre 20 e 25 anos; medicamento pode causar dependência psicológica

Comum entre homens na terceira idade – fase em que muitos convivem com os problemas da disfunção erétil – os medicamentos estimulantes sexuais têm despertado cada vez mais o interesse de outro tipo de público em Blumenau. Os jovens, entre 20 e 30 anos, também têm consumido cada vez mais remédios como Viagra, Tadalafila e Sildenafila.

Das cinco farmácias blumenauenses pesquisadas pela reportagem, três afirmam que a venda de estimulantes sexuais para esta faixa etária está aumentando. As demais explicaram que o consumo destes medicamentos já está alto entre jovens há anos.

Na farmácia Farmablu, no bairro Velha, a procura pelo produto entre os jovens sempre foi alta. Segundo o farmacêutico Alessandro Freitas Junkes, todos os dias há jovens em busca dos medicamentos estimulantes sexuais na loja. “Estou aqui há seis anos, e esta faixa etária sempre buscou bastante os medicamentos. Não é tanto quanto os mais velhos, mas o consumo é alto sim”.

Segundo Junkes, os profissionais da Farmablu prestam toda a orientação do uso medicimnal. “A gente explica o horário de tomar e dizemos que é melhor evitar o excesso, não consumir junto com bebida alcoólica e outros tipos de medicamento. A maioria já sabe, mas a gente sempre reforça”.

Embora tenham a tarja de prescrição médica, os estimulantes sexuais não precisam de receita para compra, o que facilita o acesso.

Aumento do público jovem

Na Farmácia Econômica, bairro Victor Konder, a busca do público jovem pelos estimulantes sexuais aumentou, conforme explica o atendente Fabiano Machado. “A gente vende para todas as idades, inclusive essa faixa de idade entre 20 e 30 anos. Sempre foi grande a procura, mas a gente tem sentido aumentar nos últimos anos”.

Sobre a utilização consciente do medicamento, Machado diz que são feitas orientações, principalmente quanto ao uso. “A gente explica que tem que usar uma hora antes da relação sexual e outras informações sobre a utilização. Não explicamos nada sobre o excesso, porque isso compete ao médico”.

O balconista Christopher Ebeling, que trabalha na Farmácia Luciano, também notou o aumento do consumo por parte dos jovens. “Não é tão significativo quanto os mais velhos, a partir dos 40 anos, mas há também este público e é grande. Alguns utilizam para outras condições, como problemas respiratórios, em que também é indicado. Mas a gente não pergunta para qual finalidade será o remédio”.

Dependência psicológica

O uso dos estimulantes sexuais, segundo o urologista Humberto Teruo Eto, pode gerar dependência psicológica. Em relação a outras doenças, ele afirma que apenas é prejudicial a quem utiliza medicamentos para o coração, já que os estimulantes aceleram os batimentos cardíacos.

“Normalmente os pacientes que usam é mais por insegurança, às vezes causada pelo início de um novo relacionamento. Outros usam para experimentar algo novo”, afirma. “Geralmente o uso não causa outros problemas de saúde, mas tem toda a dependência psicológica. O jovem pode acabar achando que toda vez que tiver alguma relação sexual terá de usar o estimulante”, completa Eto.

Estes problemas podem ser agravados com o excesso de consumo deste medicamento, conforme explica o doutor em psicologia Carlos Roberto De Oliveira Nunes. “Qualquer tipo de medicamento só pode ser utilizado quando se necessita. Os estimulantes sexuais produzem a vasodilatação que alteram o funcionamento cardiovascular. Não é raro casos de pessoas mais velhas virem a óbito pela utilização do remédio. Nos jovens é mais difícil disto acontecer, mas ele estará colhendo para plantar depois”.

Nunes pontua três fatores que fazem com que os estimulantes sexuais tenham se popularizado entre os jovens. O primeiro é a medicalização da sociedade como um todo. “As pessoas estão consumindo cada vez mais medicamentos para tudo, em excesso, precisando ou não”. O segundo ponto é a chamada erotização e supervalorização das condutas sexuais. “É aquela pressão, aquele pensamento de que não se pode falhar, na hora tanto para o homem quanto para a mulher”.

Nunes elenca como o terceiro ponto uma facilitação social, acompanhado de disseminação da cultura do consumo. “Os homens usam e falam entre eles que compraram e deu certo. Como o remédio está à disposição, isso é um facilitador do processo. O jovem pensa que, se seu amigo está usando, ele pode usar também”.

O psicólogo reforça que é importante não consumir medicamentos quando não há necessidade ou prescrição médica, e dá orientações para ter um bom desempenho sexual. “Se o objetivo é se dar bem na cama, não há segredo: mantenha bom preparo físico e se alimente bem que o resto a biologia dá conta. E dá conta com sobras”.

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