Josué de Souza

Cientista social e professor, é autor do livro Religião, Política e Poder, pela EdiFurb.

“Expulsão de prefeito por infidelidade à convenção partidária parece brincadeira”

Colunista comenta o caso de Rio do Sul e as incoerências dos partidos políticos em Santa Catarina

Por que brigam os partidos?

Entre os fatos políticos da última semana em Santa Catarina e no Vale do Itajaí, chamou a atenção a notícia de que o prefeito de Rio do Sul foi expulso do PSDB. A decisão da expulsão sumária foi justificada por infidelidade partidária. José Thomé apareceu em um vídeo fazendo campanha para Gelson Merisio (PSD), enquanto seu partido está na chapa de Mauro Mariani (MDB).

José Thomé não foi o único. Em todo o estado pipocam histórias parecidas. O prefeito de Chapecó foi expulso do PSB por fazer campanha para Jair Bolsonaro (PSL). Em Florianópolis, o vereador Francisco Lela (PDT) está correndo o risco de perder o mandato por negar-se a apoiar Gelson Merisio (PSD) e fazer campanha para Décio Lima (PT).

Aqui em Blumenau, antes mesmo de começar o período eleitoral, João Taumaturgo, então presidente do PSDB Jovem, foi afastado do posto por fazer campanha para Ericsson Luef (MDB). O próprio prefeito Mario Hildebrandt (PSB) não faz campanha para Merisio, que tem o apoio do seu partido, mas para Mariani. Neste caso, não por rebeldia, mas por proximidade ao ex-prefeito e candidato a vice-governador Napoleão Bernardes (PSDB).

O fato é que a expulsão do prefeito de Rio do Sul por infidelidade à convenção partidária parece uma brincadeira, sobretudo em uma eleição que foi marcada em seu início pela falta de respeito das principais lideranças partidárias as suas próprias convenções.

Só para resgatar: vamos lembrar que no dia 29 de julho, na cidade de Joinville, o PSDB fez a convenção estadual, com cerca de 2 mil filiados (dados do próprio partido). Definiu-se que o senador Paulo Bauer seria candidato a governador e o ex-prefeito Napoleão Bernardes seria candidato ao Senado.

O Democratas confirmou, em convenção no dia 5 de agosto, em Florianópolis, que o deputado federal e ex-prefeito de Blumenau João Paulo Kleinübing seria o candidato a vice-governador na chapa de Esperidião Amim (PP). Amim foi escolhido candidato a governador de forma unânime na convenção do seu partido, no dia 28 de julho.

Terminado o período de registro de chapas, nada disso aconteceu. As decisões contrárias às deliberações das convenções foram justificadas pelos caciques partidários como melhores possibilidades de sucesso eleitoral. Parece que seus liderados não acreditam muito nisso.

Em uma democracia moderna, os partidos políticos são a esfera da sociedade onde os cidadãos participam para influenciar a formação do estado. É no partido político que os cidadãos se encontram para discutir as diferentes ideologias, bandeiras políticas e programas de governo existentes.

Para uma democracia ser saudável, são necessários partidos políticos saudáveis. Traições e rebeldias políticas não são novidade, apenas escancaram como se procede a luta pelo poder. Fazem lembrar o sociólogo Max Weber, em sua obra Política como Vocação: “…irritam-se os partidos muito mais aos arranhões ao direito de distribuição de empregos do que com desvio dos programas.”

Josué de Souza escreve sempre às terças-feiras

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