Evandro de Assis

Um instrumento musical que vem reforçando os laços entre Pomerode e a Alemanha é uma das estrelas deste fim de semana na 36ª Festa Pomerana, que segue até segunda-feira, dia 21.

Semelhante a um acordeon, mas com formato que lembra uma grande caixa de música, o bandoneon é presença certa em festas típicas da região e agora ajuda a construir uma nova ponte cultural com o país dos colonizadores.

Neste sábado, a Festa Pomerana recebe o Encontro Internacional de Bandoneon. A grande atração é o grupo Bandonionverein-Carlsfeld, formado por músicos alemães, entre eles cinco crianças e adolescentes.

Nesta sexta-feira, em frente ao Museu Pomerano, pomerodenses e turistas tiveram uma amostra da apresentação que vai acontecer às 13h, no Pavilhão Cultural da festa. No domingo, às 17h, haverá uma segunda oportunidade de vê-los.

Evandro de Assis

Além de músicas típicas populares, os alemães executam peças eruditas e até tangos. O público poderá apreciar o entrosamento do grupo e ainda ver instrumentos novos, uma vez que os modelos existentes no Vale foram, em sua maioria, fabricados antes da Segunda Guerra Mundial.

Intercâmbio

O músico Ivan Lorenz, principal incentivador do intercâmbio musical, tem uma relação afetiva com o bandoneon. Natural de Blumenau, mudou-se para Pomerode em 1990, já casado. Três anos depois, aprendeu a manusear o instrumento, herança do avô, que sonhava em vê-lo tocar.

A brincadeira se transformou em hobby e foi ficando séria com o tempo. Em agosto do ano passado, viajou à Alemanha, onde visitou três fábricas de bandoneon. Numa delas, Lorenz conheceu Robert Wallschläger, referência na produção e restauração de instrumentos de fole e líder de uma associação de músicos.

Junto com a Fundação Cultural de Pomerode, Lorenz fez um planejamento para trazer o grupo com o objetivo de divulgar o bandoneon, que chegou à região pelas mãos dos imigrantes germânicos. Os músicos alemães vieram acompanhados do prefeito da cidade de origem, Eibenstock, e estão hospedados em casas de famílias na região.

Evandro de Assis

O bandoneon

Embora em muitos restaurantes de Pomerode seja comum ouvir o som do instrumento, ele ficou um tempo esquecido na própria Alemanha, onde foi inventado. Após a Segunda Guerra Mundial, a região que produzia peças artesanalmente em madeira, no lado oriental, deixou de fabricá-los.

Assim, o bandoneon foi posto de lado e não se ouviu mais falar em fábricas e instrumentos novos até a queda do muro de Berlim, em 1989.

Com a reunificação, o lado oriental voltou a fazer intercâmbio com o resto do mundo e o instrumento venceu as fronteiras. Foi quando Robert Wallschläger, alemão que se apresenta neste sábado na festa com o Bandonionverein, especializou-se no conserto e em aprimorar o instrumento.

“Eles tiraram alguns ruídos, mudaram um pouco o layout para deixar mais fácil de tocar, melhoraram o som”, explica Lorenz.

O intercâmbio

Para o bandoneonista brasileiro, o intercâmbio internacional ajuda a valorizar a história do instrumento e das pessoas que conseguiram preservá-lo após tempos difíceis:

“É uma oportunidade para a comunidade e os músicos, não só os de bandoneon, observarem de onde vêm nossas origens, o que podem ensinar e deixar de legado para evitar que essa bonita tradição morra.”

Em Pomerode, dois professores dão aulas de bandoneon e ensinam a tradição para crianças e adolescentes como forma de preservar os laços culturais através da música. O contato com músicos e instrumentos alemães serve também para aprimorar técnicas e atrair mais interessados.

36ª Festa Pomerana
Quando: de 9 a 21 de janeiro
Ingressos: quartas, quintas e sábados (até 16h) – R$ 12 / sextas e sábados (após 16h) – R$ 30 / domingo – R$ 12
Entrada gratuita: dias 9, 14, 15 e 21, acesso gratuito a partir da abertura dos portões. Dias 13 e 20, a partir de 17h.
Onde: Complexo de Esportes e Lazer Francisco Canola Teixeira, no Centro de Pomerode
Site oficial: www.festapomerana.com.br