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Grupo no Facebook reúne interessados em trocar serviços entre si, sem uso de dinheiro

Imagine poder pagar por um serviço oferecendo outro em troca. Nada de dinheiro, muito menos burocracias. O seu tempo é a única moeda permitida. Essa é a regra principal do Banco de Tempo criado há cinco meses em Blumenau.

O que vale é fazer o que gosta. Na lista de talentos do grupo no Facebook, onde tudo é organizado, vinte pessoas cadastradas oferecem os trabalhos que mais sentem prazer em realizar. As áreas são diversas, passando por marketing, direito, beleza, saúde, arquitetura, jardinagem, entre outros. Apesar do pequeno número de adeptos, 250 pessoas estão no grupo da rede social acompanhando com curiosidade o funcionamento do Banco.

A advogada Rosane Magaly Martins entrou para o grupo em novembro e, após preencher um formulário com informações básicas, teve o cadastro aprovado, ganhando dez horas – quatro que podem ser usadas em trocas com os demais associados e seis que são creditadas na conta do Banco de Tempo para promoção de ações sociais.

Não demorou muito para o criador do projeto em Blumenau, Ricardo Gonçalves, que é um dos responsáveis por administrar as novas admissões, pedir ajuda à Rosane. Ele foi até o escritório da advogada e recebeu orientação jurídica para resolver um problema pessoal. Assim, usou uma hora do seu “banco” e Rosane ganhou uma hora que pode utilizar quando quiser solicitar algum serviço.

“De uma certa forma é uma maneira da gente dar o mesmo tratamento para todos os profissionais, sem uma hierarquia. O meu tempo é igual ao tempo de outro profissional. Corrompe um pouco a lógica do capital de que tudo é remunerado. O meu tempo tem valor? Tem. Mas o das outras pessoas também tem”, reflete Rosane.

O sistema é diferente, e a ideia é justamente essa: quebrar paradigmas. Inspirados num movimento que surgiu há décadas na Europa, como uma proposta de economia criativa, em Santa Catarina o primeiro Banco de Tempo foi criado há dois anos em Florianópolis. Atualmente reúne quase 17 mil pessoas, com pouco mais de 10% participando ativamente das trocas.

Ao contrário da capital do estado, Blumenau ainda não realizou nenhum projeto social com as horas que são creditadas ao Banco quando os associados decidem participar da proposta. Mas tudo é uma questão de tempo. Por enquanto ocorreram cerca de quatro trocas no grupo, porém os participantes estão otimistas que aos poucos a rede deve aumentar.

O criador da comunidade na cidade explica que entrevistas à imprensa não são indicadas, já que os Bancos de Tempo fogem do tradicional. Ricardo diz também que não gosta de ser intitulado como o gestor do grupo, pois a ideia é que ocorra um autogerenciamento, conforme o número de associados for crescendo.

Ele acredita que Blumenau tem o cooperativismo como característica muito forte, o que deve ajudar na adesão de mais interessados. Ao menos ali, no pequeno universo criado em um grupo de Facebook, é possível reconhecer que a natureza humana não é egoísta, e sim colaborativa e altruísta.