Mário Hildebrandt: “O Napoleão não foi avaliado pela população”

Prefeito de Blumenau analisa resultado das eleições e diz que ex-companheiro de chapa pagou o preço das decisões do PSDB

As eleições deste ano levaram Mário Hildebrandt (PSB) à cadeira de prefeito de Blumenau. Vice na chapa de Napoleão Bernardes (PSDB) em 2016, ele assumiu o posto em abril deste ano, quando o colega de chapa renunciou para tentar disputar uma cadeira no Senado Federal.

Na segunda-feira após o primeiro turno das eleições, em que o tucano saiu como um dos maiores derrotados, Hildebrandt conversou com O Município Blumenau para analisar os resultados. Para o prefeito, Napoleão pagou o preço das decisões da cúpula do PSDB, que desistiu do projeto próprio para apoiar Mauro Mariani (MDB) e acabou ficando fora do segundo turno e sem o mandato de senador, perdido por Paulo Bauer (PSDB).

Hildebrandt também falou sobre a manutenção das três cadeiras de Blumenau na Assembleia Legislativa e lamentou o que chamou de “um buraco” na representação em Brasília.

O Município Blumenau – O que o senhor achou do resultado das eleições para a representação da cidade?

Mário Hildebrandt – Fiquei feliz que na Assembleia tivemos três representantes. Ajuda, claro que o sonho de qualquer prefeito é ter mais. Mas foi importante. Vai contribuir para a gente continuar tendo uma relação boa com qualquer um dos governantes eleitos no segundo turno. Torço para que eles façam um bom trabalho. Se eles fizerem, quem ganha é a cidade.

Na Câmara Federal nós perdemos representantes…

Isso me deixa extremamente preocupado. Especialmente nesses meses como prefeito (ele assumiu o cargo definitivamente em abril) eu percebi a importância da representação. E nem quero falar de partido A, B ou C. Quando parecia que a Ana Paula ia ser eleita, eu pensei: “sobrou um” (ela acabaria ficando como primeira suplente). Mas ficou um buraco na representatividade. A população tem lá sua razão, e não vou desmerecer o descrédito com a classe política. Mas essa falta de habilidade gerou essa dificuldade. Não foi por falta de opção. Na perspectiva de empresários, teve o Ericsson (Hemmer), Jorge Cenci… Na perspectiva política, Marcos da Rosa, a própria Ana Paula. Tivemos vários bons candidatos que poderiam ter contribuído e muito. A população optou por votar em gente de fora. Espero que não, mas a gente vai pagar um preço. Nós estávamos muito bem e agora acho que a gente vai ter um buraco tremendo.

Quanto ao Napoleão, como o senhor sentiu essa derrota eleitoral dele?

Fiquei triste, ontem liguei pra ele para estar do lado dele, mas a política, infelizmente, tem momentos em que você ganha e momentos em que você perde. E às vezes não é por você, mas porque o seu partido fez uma escolha política. Ele acabou pagando o preço pela decisão partidária. Ele era o novo, mas que não estava num espaço totalmente novo. Não desmerecendo o Mauro (Mariani), acho que ele tinha perfil para contribuir muito, mas a população não enxergou o Mauro como o novo e ele não conseguiu construir essa representatividade dentro de casa. De certo modo, o Napoleão também não, mas entre ser titular e vice há uma grande diferença, né? Acho que o Napoleão não foi avaliado pela população.

Como o senhor analisa a disputa em segundo turno? Vai declarar apoio a alguém?

O PSB já está com o (Gelson) Merisio, então já é algo consolidado no meu entendimento. Amanhã temos uma reunião do partido, fomos convocados. Nas outras eu acabei não participando pela minha total transparência e compromisso assumido com o Napoleão. Nessa reunião vou repassar a minha opinião e aí vamos ver como é que o partido vai se posicionar.

A tendência é o senhor apoiar a coligação junto com o seu partido?

Vou conversar com o meu partido. Até quinta-feira vou dar minha posição.

A onda Jair Bolsonaro em todo o país lhe surpreendeu?

Com Bolsonaro eu não fiquei surpreso, porque já estava caracterizado que ele estaria bem. Eu até achava que ele teria a condição de liquidar a fatura no primeiro turno. Chegou muito próximo. Essa sensibilidade a gente já tinha. A gente não conseguia fazer a leitura no todo em relação ao Senado, deputados federais e estaduais. Porque ela acabou ficando mais na rede social privada, do WhatsApp, do que na rua e nas próprias pesquisas. Isso tirou de nós a nossa representatividade federal. A gente percebeu esse passa-régua de cima para baixo. Foi um sentimento de mudança, de clamor pelo fortalecimento da segurança pública, botar um ponto final na corrupção. É aquilo que a gente tem desejado há muito tempo e se concretizou nas urnas.

O senhor vai se posicionar no segundo turno para presidente?

Isso vou avaliar amanhã com meu partido. Gostaria, mas vou fazer a avaliação.

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