Juliano Mendes, 44 anos, é fundador da Eisenbahn, cervejaria artesanal que foi modificando a forma do brasileiro beber cerveja. Agora, ele está empreendendo na área da queijaria, através da Vermont, uma marca de queijos especiais com sede em Pomerode.

Conheci de perto a fábrica enquanto o Juliano me contava mais sobre a sua história.
Perguntei como surgiu o desejo de criar uma cervejaria artesanal. Juliano me contou que cresceu em uma família apreciadora da boa cerveja.

Eles tinham o sonho de produzir a bebida para que eventualmente pudesse fazer parte da Oktoberfest.

Resgate do sabor

Foto: Felipe Carvalho/@motirovideo

Segundo Juliano, no Brasil as cervejas estavam muito diferentes do que originalmente eram. “A cerveja veio perdendo o sabor, ficando mais leve, até que perdeu totalmente a personalidade e variedade, com várias marcas do mesmo tipo de cerveja, uma pilsen extremamente suave e leve, servida estupidamente gelada”.

Segundo o empresário, a cerveja deixou de ser uma bebida para ser degustada e passou a servir apenas para acompanhar um bate-papo numa conversa de bar, ou até mesmo para um consumo excessivo.

A ideia de Juliano, juntamente com seu pai e irmão, era de produzirem uma bebida como países de tradição cervejeira, a exemplo de Alemanha e Bélgica: uma cerveja com sabor especial e com matéria prima de qualidade, sem conservantes, com processos tradicionais e seguindo a linha da pureza, para colocar no mercado algo diferente.

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Surgimento da marca

E assim surgiu a Eisenbahn em 2002, numa época de escassez de matéria-prima, com poucas importadoras. Não havia variedade de lúpulos, maltes e muito menos de leveduras. A empresa tinha que fazer importações diretas destes produtos.

O principal obstáculo, segundo Juliano, foram os consumidores. “O consumidor da época não tinha o menor interesse por cervejas diferentes, mais intensas em aroma e sabor, e muito menos interesse em pagar três ou quatro vezes mais por uma garrafa de cerveja. Tivemos que pouco a pouco trabalhar a educação cervejeira e mostrar as diferenças entre um produto artesanal e um de larga escala”.

Venda para o Grupo Schincariol

Em 2008 a cervejaria foi vendida, em uma das decisões mais difíceis para o empreendedor, pois a empresa não foi montada com o objetivo de ser vendida. “Quando fomos procurados pelo Grupo Schincariol, atualmente Brasil Kirin, foram avaliadas várias situações, como a idade do pai, a família, as dificuldades do mercado e principalmente em saber o timing da empresa”.

Juliano revela que o interesse de grandes marcas foi decisivo para bater o martelo. “Era a hora de expandir ou ficar do mesmo tamanho, correndo o risco de sermos devorados pelas concorrentes de grande porte. Pelo fato de chamar a atenção da concorrência, começamos a incomodar, e assim tomamos a decisão”.

Aposta nos queijos de qualidade

Em 2013 a Pomerode Alimentos foi comprada pelos irmãos Mendes. Antes da transação, seu principal produto eram bisnagas de queijo fundido. Em 2017, os irmãos lançaram uma marca focada em queijos especiais, a Vermont, com queijos de mofo branco tipo brie, camembert, tomme vaudoise, todos de origem europeia.

Também passaram a desenvolver sabores próprios, como o queijo Morro Azul. Agora, estão com processo de registro no Ministério de Agricultura de novos produtos que seguem na linha de queijos sem mofo.

Claro que também conversei com o Juliano sobre gostos e peculiaridades pessoais. Dá uma conferida!

Bate-papo

Hobby: Fotografia, cozinhar e tocar bateria.

Lugar inesquecível: Sul do Chile, na região de Torres del Paine.

Juliano Mendes por Juliano Mendes: Sou muito dedicado, persistente e intenso.
O que sonha ainda em fazer: Quero morar com minha família, por um tempo, fora do Brasil.

Qual foi o maior desafio da sua vida: Quando meu irmão e meu pai tiveram momentos delicados na saúde.

Um conselho para quem está começando: Fazer um bom planejamento, fazer uma boa avaliação do mercado, para não ser mais um do mesmo, ter o planejamento financeiro bem estruturado e ter muita paixão pelo que faz e buscar muitas referências de fora do Brasil.

Uma curiosidade que ninguém sabe sobre você: Todos sabem da minha paixão por gastronomia, cerveja, queijos e vinhos, mas o assunto que mais chama a minha atenção é a tecnologia.