“Minha deficiência não me impede de nada”: conheça história da cadeirante que vende Trimania no Centro de Blumenau

Mais velha de cinco irmãos, Deise é um exemplo de superação

Deise Mafra tem 32 anos e nasceu com uma doença chamada mielomeningocele, que é uma má formação na coluna causada ainda durante a gestação e acontece por falta das três últimas vértebras no final das costas, entre o cóccix e a coluna. Além disso, a doença não possui cura, e causa diversos problemas como dificuldade ou ausência de movimento nas pernas, fraqueza muscular e malformações nas pernas ou pés. Por conta disso, ela é cadeirante.

Mesmo diante das dificuldades, aos 24 anos Deise decidiu sair de casa e ir morar com algumas amigas em Rodeio. “Eu queria viver minha vida, ter minha auto independência. Foi quando decidi morar com minhas amigas. Nós moramos juntas durante nove anos”, comenta.

Contudo, a cidade não tinha muita acessibilidade para Deise, e ela também não tinha acesso às sessões necessárias de fisioterapia, e as pernas dela começaram a ficar atrofiadas. Foi a partir dessas dificuldades que ela resolveu morar em Blumenau, já que, segundo ela, o município teria muitas oportunidades que a ajudariam. 

Chegando aqui, ela começou fazer várias pequenas coisas, chegando, inclusive, a fazer e vender crochês, tricôs e roupas em casa. Porém, as pessoas não estavam indo até o local e nem se interessando em comprar os itens, e Deise não estava tendo nenhum faturamento. Sabendo da situação, um vizinho sugeriu que ela começasse a vender as cartelas de Trimania. 

“No começo eu estava com ideia de vender em casa mesmo, mas esse rapaz veio e me ajudou muito. Ele comentou que tinha um ponto em frente à loja Bella Cell, na rua XV de Novembro, aqui no Centro de Blumenau. Então eu vim e comecei a batalhar para vender. E consegui, graças a Deus!”, relata. 

Durante a entrevista com a reportagem, muitas pessoas paravam para conversar com Deise. Quando perguntado sobre isso, ela comentou que está apenas há um mês vendendo as cartelas, mas já fez várias amizades, gosta muito de estar ali diariamente e por conta das relações que criou, acaba vendendo muitas cartelas da Trimania.

Ela ainda comenta que várias pessoas param para conversar, curiosas por ela ser cadeirante, e apesar de não ter vendido nenhuma Trimania premiada, relata que aprendeu muito. “Eu aprendi bastante coisa, inclusive que a minha deficiência não me impede a nada. Apesar de eu ser cadeirante, aprendi que não devo deixar isso me barrar a vida”.

Vida em Blumenau

Deise junto ao grupo de Reiki. Foto: Redes sociais

Deise relata que Blumenau trouxe muitas oportunidades para ela. Em apenas seis meses ela aprendeu fazer Reiki – técnica de imposição de mãos para transferência de energia; acredita-se que desta forma é possível alinhar os chakras do corpo, promovendo o equilíbrio energético, necessário para manter o bem-estar físico e mental -, além de fazer parte do Paradesporto da cidade. 

Lá, ela pratica Bocha Rafa Vollo, uma modalidade do jogo adaptada para paratletas, nas segundas e quartas-feiras. A história dela com o esporte já tem mais de oito anos, apesar de que os anos em que morou em Rodeio, acabou não praticando já que na cidade não havia o incentivo, mas agora ela tem retomado lentamente. 

Sendo a filha mais velha entre cinco irmãos, Deise é um exemplo de pessoa ativa. Além de já estar praticando Bocha Rafa Vollo, ela faz aulas de remo todas as quintas-feiras, e está esperando vagas em aulas de natação e equitação. “Eu não consigo ficar parada em casa”, brinca.

Sonhos

Por estar construindo uma vida nova na cidade, Deise tem vários sonhos, como conseguir comprar uma casa, mas o maior objetivo da vida dela agora é conseguir entrar na faculdade de terapia holística. 

“Eu quero viver minha vida, tenho o sonho de fazer faculdade. Eu queria fazer Administração, mas meu pai me aconselhou a não fazer, então estou interessada em fazer terapia holística para poder aplicar os conhecimentos nas minhas técnicas de Reiki”, relata. 

Ela comenta que através das pequenas vendas dela, ela está tentando realizar esses sonhos. “Eu sou cadeirante e mesmo assim agradeço a Deus pela vida que eu tenho, pelos amigos, pelas pessoas que me cercam. E pela chance que eu tenho de sair e conseguir resolver minhas coisas, enquanto tem muita gente que tem de tudo e não sabe agradecer e vive reclamando da vida”, comenta Deise. 

Ela relata que por muito tempo também era assim, e não gostava muito da vida que levava, foi quando ela conheceu a professora de Reike, Leonir Terezinha Beumer, que lhe ensinou muitas coisas. 

Desde que começou atender as pessoas, Deise já curou cerca de 50 pessoas. “Eu era uma pessoa reclamava muito até conhecer a técnica. No Reike nós aprendemos como o universo devolve as coisas para nós, então você acaba colhendo o que você planta com a própria palavra.”, comenta. 

Ela ainda acrescenta que é sempre importante batalhar pela própria vida e sonhos, e como é importante continuar tentando. “Eu com todas as minhas imperfeições, quero continuar tentando! Nunca devemos parar mesmo com todas as dificuldades. Não devemos deixar elas nos barrarem e foi isso o que eu aprendi com a vida.”

 


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