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Moradores de Blumenau participam pouco da CPI

Por Isabella Cremer e Jamille Cardoso

A importância que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo tem para Blumenau não encontra respaldo na participação popular. A população não se fez presente, de forma presencial, nas reuniões da Câmara de Vereadores para acompanhar o trabalho dos vereadores.

Desde que as reuniões da comissão começaram a ser realizadas, no dia 28 de julho de 2021, a única “participação” popular pode ser verificada nas transmissões dos encontros através das redes sociais. Cada reunião é transmitida ao vivo pelo YouTube e pelo Facebook da Câmara de Vereadores.

Quem acessa o canal da Câmara de Vereadores de Blumenau no YouTube pode ter um “termômetro” do interesse da população da cidade sobre o que está sendo debatido na CPI. No total, estão disponíveis 12 vídeos com as reuniões da comissão.

O número de visualizações destes vídeos, até o dia 30 de novembro de 2021, variava entre oito visualizações, score mínimo, até o máximo de 609 visualizações. A reunião com o menor índice de visualizações foi realizada no dia 4 de novembro, quando a comissão se reuniu para votar o despacho de dois documentos. O encontro com maior interesse foi realizado no dia 15 de setembro e contou com a participação do representante da Blumob, Maurício Queiroz.

Vereadores da CPI percebem o baixo envolvimento da população

O número de visualizações das transmissões é pequeno, com exceção da reunião do dia 15 de setembro. Os comentários feitos pelo público no YouTube e no Facebook são raros. Ainda assim, os vereadores que fazem parte da CPI afirmam que recebem feedbacks sobre o andamento das investigações via redes sociais, especialmente por mensagens enviadas através do Facebook ou do WhatsApp.

O relator da CPI do Transporte Público, o vereador Alexandre Matias (PSDB), conta que tem recebido diversos contatos e comentários através das mídias sociais, especialmente quando são feitas postagens a respeito da CPI.

“Os mais contundentes eu entro em contato separadamente, até para colocar um ponto de vista. Isso porque a população tem uma informação muito superficial a respeito do transporte coletivo. Às vezes elas tem algumas opiniões que fogem da realidade justamente por elas não terem os conhecimento que nós aqui temos, então também é importante nós trazermos à luz as informações do porque tal decisão foi tomada em função das situações que aconteceram”, explica Matias.

O vereador Carlos Wagner (Alemão), do PSL, presidente da CPI, também recebe feedbacks sobre seu trabalho. Ele afirma que recebe tanto comentários positivos, que o incentivam a continuar com as investigações, quanto negativos, com pessoas dizendo que tudo “dará em pizza” e que não deveriam gastar dinheiro público com essa CPI.

“Tem um lado que diz assim ‘por que gastar dinheiro?’. Primeiro que a gente tem que botar na cabeça que nós não estamos gastando, nós estamos investindo em tirar uma despesa maior. Segundo, os funcionários são da casa, eles estão aqui para servir o povo, e são bem pagos”, argumenta.

Para Alemão, um dos principais pontos que devem ser trabalhados pela CPI é o de fiscalizar o subsídio que está sendo pago pela Prefeitura para manter o serviço na cidade. “Esse gasto que nós estamos tendo agora é a economia que teremos daqui pra frente. Esperamos que seja”, complementa.

Na avaliação do terceiro vereador que faz parte da CPI, Marcelo Lanzarin (Podemos), a população de Blumenau costuma ter pouco envolvimento com o trabalho de comissões, como a que investiga o transporte público oferecido na cidade.

“O que a gente percebe é que poucas pessoas efetivamente participam. Mas isso não é uma realidade específica desta CPI. Infelizmente poucas pessoas participam do desenvolvimento e da coletividade, principalmente porque muitos acreditam que aquilo não os atinge de certa forma, o que é uma visão equivocada”, opina Lanzarin.

Na visão do vereador do Podemos, não é apenas o usuário do transporte coletivo que é afetado pela CPI, mas todos os cidadãos do município. João Carlos Souza é um dos moradores de Blumenau que percebeu esse impacto e que se manifestou com este comentário em uma das transmissões da CPI feita pelo Facebook: “Trafego pela cidade e percebo muita falta de ônibus e muitos e muitos carros, falta o retorno de todos os horários e linhas para que diminua (sic) os engarrafamentos…”.

A baixa participação, a falta de comprometimento e de preocupação das pessoas com a política municipal preocupam o vereador Alemão. “A Câmara de Vereadores tem o poder de fiscalizar, não de ser um balcão de negócios do Sebrae”, critica. Na visão do vereador do PSL, a população deveria estar atenta aos trabalhos realizados na Câmara de Vereadores para diferenciarem os vereadores que “realmente trabalham” e aqueles que “batem cartão” nas reuniões.

Para Lanzarin, as pessoas que participam através de comentários nas redes sociais, “eventualmente”, trazem alguma informação. “Mas, no âmbito geral, a gente percebe que as pessoas não se importam muito com isso”, acredita.