Mulher denuncia lesões após procedimento estético em clínica de Brusque

Procedimento foi realizado no fim de agosto e vítima sofre com as consequências até agora

A aplicação de enzimas realizadas em uma clínica de Brusque não terminou bem para a professora Wellen Godoy, 31 anos. No fim de agosto deste ano, ela procurou a clínica Estetic Corpus, por indicação de uma conhecida, com o objetivo de fazer o procedimento para auxiliar em seu emagrecimento.

Ela fechou o pacote com 10 sessões de aplicações de Liposoma de girassol com L-carmetina, mas só conseguiu fazer duas, pois, segundo ela, teve graves lesões resultantes da aplicação das enzimas em seu abdômen.

Quase três meses após o procedimento, Wellen diz que ainda sofre com as consequências. Seu abdômen está com um abcesso de pus, além de duas bolas na cavidade abdominal. Do procedimento para cá, a professora afirma que precisou ir às pressas para o hospital diversas vezes. “Eu poderia ter morrido”, diz.

Wellen conta que esta foi a primeira vez que se submeteu a um procedimento estético deste tipo. De acordo com ela, a primeira sessão foi bastante dolorida, porém a profissional que fez as aplicações a informou que era normal. “Como eu nunca tinha feito, acreditei que ia passar como ela falou e voltei na semana seguinte para fazer a segunda aplicação”.

Arquivo Pessoal

A professora lembra que na segunda sessão foi utilizada uma manta térmica que a queimou. “Doeu muito novamente e uma hora eu não aguentei, a manta estava me queimando. Ela abriu rápido a manta e já tinha bolhas na minha barriga. Ela disse que era normal”.

Após a segunda sessão, Wellen foi para casa e começou a passar mal. Ela foi para o hospital e lá, o médico que a atendeu informou que o modo com que as enzimas foram aplicadas foi incorreto. “Ele disse que o modo com que ela aplicou em mim é que estava fazendo mal. É um procedimento invasivo, não é qualquer profissional que pode fazer. O médico ainda questionou se em algum momento ela levantou minha ficha de anamnese, o que não ocorreu”.

Wellen afirma que voltou do hospital com quatro bolas inflamadas em seu abdômen e que as lesões não passaram. “Com o passar dos dias eu sentia como se as bolas tivessem vindo pra cima da minha pele. Fiquei desesperada, ficou muito vermelho”.

Logo depois, ela relata que o abcesso no abdômen estourou e ela teve que ir às pressas para o hospital mais uma vez. “No hospital limparam e se formou uma ferida enorme na minha barriga, uma bola que sai muito pus”.

A experiência deixou a professora traumatizada. “Meu psicológico está muito abalado. Recorri ao procedimento para me sentir melhor, mais bonita e olha o que aconteceu com o meu corpo. Fica o alerta para todas as mulheres pesquisarem bem sobre as clínicas que vão fazer seus procedimentos”.

Procedimento invasivo

Após todos os problemas causados pelas aplicações de enzima, Wellen afirma que procurou a clínica para contar o que aconteceu e pedir seu dinheiro de volta.

De acordo com Wellen, a proprietária do estabelecimento, entretanto, se negou a fazer a devolução. “Eu não queria confusão, mas ela precisava saber o que aconteceu e acho que o mais justo seria a devolução do dinheiro. Conversamos e ela ainda quis que eu continuasse na clínica dela, e ainda falou que eu que tenho que cuidar da minha saúde, ou seja, em nenhum momento se responsabilizou pelo que aconteceu”.

Wellen registrou um boletim de ocorrência sobre o caso. No documento, ela relata que a profissional que fez as aplicações não é habilitada para realizar o procedimento.

Hoje, Wellen trata as lesões decorrentes do procedimento, ainda bastante inflamadas, com outra profissional. A esteticista Mailim Setti Eckert explica que o produto utilizado no procedimento realizado em Wellen não pode ser vendido sem prescrição médica e também não pode ser feito por profissionais que não têm formação.

De acordo com ela, as esteticistas têm permissão para trabalhar com injetáveis, mas não com produtos considerados invasivos. “Existe uma diferença entre injetável e invasivo. Ela fez um procedimento invasivo que foi aplicado em uma camada superficial, por isso o tecido necrosou. O produto foi aplicado na camada errada”.

“Estamos tomando as providências cabíveis, primeiramente com o intuito dela ser responsabilizada criminalmente pelo exercício ilegal da profissão, e buscando o ressarcimento dos danos causados à Wellen: material, estético e moral”, destaca a advogada Ana Claudia Thomaz.

O que diz a clínica

A reportagem de O Município procurou a clínica onde a professora fez o procedimento. Em nota, a clínica afirma que esta não é a versão correta da história e que Wellen “está faltando com a verdade”. Também afirma que em nenhum momento deixou de se prontificar para auxiliar.

A clínica informou ainda que “já está tomando as providências pela exposição indevida e constrangimento que ela [Wellen] está causando e que não irá declarar mais nada neste momento sobre o caso”.


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