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“No Brasil e em Santa Catarina o maior derrotado é o PSDB”

No Brasil e em Santa Catarina o maior derrotado é o PSDB

Em uma eleição em que o fator decisivo não foi a aprovação dos candidatos, mas o índice de rejeição, o maior perdedor foi o PSDB. Um partido que surgiu e cresceu junto com o processo de redemocratização, com um discurso de novidade e que, lutavam então contra o fisiologismo do então PMDB.

Na sua fundação, o PSDB contava com nomes de peso como Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e Mário Covas. Nomes que, mesmo que não concordemos com seus posicionamentos políticos recentes, fazem parte da luta pela redemocratização do país. Nasceu com a aspiração de ser a terceira via no Brasil.

Uma conciliação do liberalismo de mercado na economia, com políticas sociais de combate à miséria, à desigualdade social e a responsabilidade do Estado pela segurança, saúde, educação e a Previdência.

Acontece que com a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder, o PSDB, muito mais por cálculo político, passou a condenar o seu passado e criticar as políticas sociais do governo petista, muitas delas, gestadas no governo do próprio PSDB. O posicionamento de centro-esquerda do PT forçou os tucanos a se realinharem no espectro político nacional, empurrando a sigla à centro-direita.

Em 2014 foi o auge do PSDB de centro-direita, liderado por Aécio Neves. O PSDB chegou ao segundo turno e protagonizou junto com o PT a eleição mais disputada desde a redemocratização. A diferença entre os dois candidatos foi de 3,5 milhões, cerca de 3,8% dos votos. O placar apertado e o clima da disputa levaram os tucanos a uma espécie de vale-tudo durante o governo Dilma.

Não aceitaram o resultado, questionaram as urnas eletrônicas e passaram a votar de forma sistemática contra o governo em muitas votações nas quais os temas eram princípios básicos da doutrina do PSDB. Erro que foi admitido pelo presidente nacional da legenda, Tarso Jereissati.

O PSDB de Santa Catarina surfou no antipetismo. Sua principal liderança, o senador Paulo Bauer, não conseguiu se eleger governador do Estado, mas, com o resultado expressivo de Aécio Neves no Estado, foi alçado ao posto de liderança nacional, conquistando o cargo de líder do PSDB no senado.

Naquele momento, parecia que o PSDB no Brasil e em Santa Catarina finalmente conseguiria reencontrar o caminho do poder, nos braços da população brasileira, alimentando e alimentados pelo crescente descontentamento com o sistema político.

Porém, os anos fora do poder fizeram o PSDB patrocinar o impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, acusada de corrupção, rigor que os tucanos e Bauer não tiveram quando Aécio Neves foi flagrado em ligação telefônica pedindo R$ 2 milhões para o empresário Joesley Batista.

A busca pelo poder fez com que os tucanos não suportassem esperar a eleição deste ano para chegar ao Planalto. Decidiram participar e afiançar o governo Michel Temer e todas as suas maldades.

Chegamos a 2018 com o PSDB enterrado. Seu candidato nacional, apesar dos 14 anos na oposição ao PT, não alcançou 5% dos votos. Em Santa Catarina, os tucanos viram a extrema-direita e um candidato que glorifica a ditadura e a tortura ser o mais votado, a maioria, ex-eleitores de Aécio Neves.

Sua principal liderança, Paulo Bauer não conseguiu se eleger senador. Napoleão Bernardes, uma jovem liderança, ficará fora do jogo eleitoral por quatro anos. Mário Covas deve estar se revirando no túmulo.