Passaporte da vacina: como baladas de Blumenau se adaptam a novos protocolos
Regramento divulgado no fim da semana passada já está sendo implantado
Divulgado no fim da tarde da última quinta-feira, 13, o novo regramento para a realização de eventos em Blumenau já está sendo aderido pelas casas noturnas e bares da cidade. A ideia é reduzir a circulação do coronavírus em ambientes onde ele facilmente se dispersa.
O protocolo Evento Seguro se aplica para eventos, festas, baladas, bailes, shows e festivais. Os estabelecimentos precisam exigir o passaporte da vacina (seja físico ou digital) ou comprovação de um exame negativo para Covid-19 das últimas 48 horas.
De acordo com a diretora de Vigilância em Saúde, Jeckeline Maria Sartor, muitos estabelecimentos logo procuraram a vigilância para se adequarem e muitos já entregaram o plano de contingência na sexta-feira, garantindo o funcionamento regular no fim de semana.
“Ao todo, 28 estabelecimentos nos procuraram diretamente. Outros nove fizemos uma busca ativa durante o fim de semana e já agendamos visitas para orientá-los. Uns outros oito ainda não voltaram a funcionar, mas já demos auto de intimação para só abrirem quando estiverem regularizados”, detalha.
Desde antes do regramento estadual quanto aos eventos em Santa Catarina, a Vigilância Sanitária acompanha os estabelecimentos que promovem festas ou atividades de balada. Incluindo os que não estão registrados como casas noturnas, mas atuam com pista de dança.
“Como as casas noturnas foram as últimas a retornar, muitos outros estabelecimentos surgiram com baladinhas e festinhas que não existiam antigamente. Na prática, não são regularizados, mas acompanhamos todos eles”, explica a diretora.
O regramento não se aplica a restaurantes com música ao vivo. Neste caso, os critérios envolvem distanciamento do público e evitar contato direto sem máscara. Entretanto, bares que realizarem atividades de balada devem seguir o decreto.
Proprietários já buscavam controle
Develon da Rocha, presidente do Convention Bureau Blumenau e proprietário da Sol Feiras e Eventos, deixou claro que independente do regramento considera irresponsável realizar qualquer evento sem este controle do vírus.
O empresário ressaltou que pretende tornar a regra mais rígida em seus eventos e exigir um teste negativo para Covid-19 das últimas 24 horas, ao invés das 48 impostas pelo governo. Caso a pessoa não possua o comprovante, uma equipe estará disponível para realizar o teste perante pagamento.
“A pessoa tem o direito de não se vacinar, mas os eventos precisam de cuidados maiores. O mínimo que podemos fazer é dar segurança para quem vai ao evento. Em relação a isso Blumenau está sendo uma cidade referência e fazendo um bom trabalho”, opina.
Responsável pela Factory e pelo Ahoy, Marcelo Kaiser concorda que o decreto era necessário. Inclusive o esquema vacinal já estava sendo cobrado nos estabelecimentos dias antes. Entretanto, lamenta o enfoque apenas no setor de eventos, um dos mais afetados pela pandemia.
“Apoio a decisão, mas acho que deveria ser mais justo e respeitável, sem jogar toda responsabilidade para nós. Vários outros setores geram aglomeração de pessoas. E ainda tem a falha de ser apenas em Blumenau. A pessoa pode ir para outra cidade aglomerar”, justifica.
Entretanto, Develon ressalta que a prioridade do setor deve ser evitar um novo lockdown. Para ele, é por conta dessa preocupação que a grande maioria dos organizadores de eventos abraçaram a iniciativa de manter o funcionamento de forma segura.
“É difícil controlar máscara num evento com bebida, mas podemos buscar saídas com ambientes maiores ou externos. O que não pode é fechar tudo, precisamos encontrar uma saída”, reforça.
Por conta do aumento de casos de Covid-19 nas últimas semanas, muitas baladas já sentiram o movimento cair. De acordo com Kaiser, o impacto foi maior ainda após o anúncio do novo decreto. O mesmo ocorreu no Stannis Pub.
“Muitos clientes estão mandando mensagens para saber como vai funcionar. O movimento já caiu bastante, mas hoje [terça-feira] vamos começar a cobrar o passaporte de vacina e ver como os clientes vão reagir. Mas como nosso prefeito pediu, vamos seguir”, comenta a gerente, Liane Beckhauser.
Decreto facilita fiscalização
Enquanto o público precisa comprovar a imunização ou a testagem, o estabelecimento precisa elaborar um plano de contingência que deve passar pela vigilância sanitária municipal. Nele são descritas todas as normas e divulgações quanto ao protocolo.
“Tudo fica detalhado no documento. Onde ficarão as orientações ao público, como o local será higienizado, como será a divulgação nas mídias. Estando tudo de acordo com a vigilância, facilita nossa fiscalização”, conta Jeckeline.
Com tudo protocolado, as equipes de fiscalização poderão ir até os estabelecimentos em qualquer horário e verificar se os clientes conseguem comprovar a vacinação ou o teste. Caso eles não estejam em posse dos comprovantes, o local perde a autorização de funcionamento.
Entretanto, a diretora ressalta que a receptividade dos proprietários está sendo muito positiva. Muitos já cobravam um protocolo do tipo ao poder público, para garantir a segurança dos clientes sem prejudicar o funcionamento.
“Se não colaborarmos e trabalharmos juntos o setor pode ser novamente suspenso pelo governo estadual. Não queremos que isso aconteça. Precisamos que todos se unam para combater esse mal que já afetou tantas pessoas, seja com perda de entes queridos ou de trabalho”, conclui.