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Polêmica da ponte do Centro terá uma nova temporada

O prefeito Mário Hildebrandt vai anunciar às 9h desta quarta-feira, 3, mudanças nos planos de construção da ponte Norte-Sul, entre a Ponta Aguda e a rua Itajaí. Com o processo de licitação na fase final, mas rodeado de questionamentos de órgãos fiscalizadores e opositores, a administração deve pôr a proposta de lado e apostar em outros investimentos para melhorar a mobilidade na região central.

O governo municipal guardou a decisão a sete chaves. Uma reunião às 8h desta quarta no gabinete do prefeito deve antecipar o assunto a vereadores. Em resposta a um contato da reportagem, Hildebrandt foi enigmático:

“Os desafios estão aí para todos verem. E não foram criados por mim”.

As primeiras discussões públicas sobre qual o local ideal para uma nova ponte sobre o rio Itajaí-Açu no Centro de Blumenau já têm quase duas décadas. Reviravoltas, debates acalorados e batalhas judiciais marcaram a novela, que agora deve ganhar nova temporada.

Relembre os episódios anteriores e entenda por que outra guinada vem aí.

1ª temporada

No governo Décio Lima (PT), após intensa discussão sobre diferentes alternativas, decidiu-se pela construção de uma travessia entre as ruas Rodolfo Freygang e Chile, ligando a Beira-Rio à Ponta Aguda.

Apesar do aparente consenso, o projeto pouco avançou até 2011, quando a administração de João Paulo Kleinübing (DEM) promoveu um concurso nacional de arquitetura e anunciou uma ponte para aquele local, além de uma passarela ligando a Prainha à região do Biergarten.

A obra seria custeada com um empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Divulgação

2ª temporada

Em 2012, durante as eleições municipais, o então candidato Napoleão Bernardes resgatou o debate sobre a localização ideal da ponte, e propôs reavaliar o projeto de uma travessia entre o Centro Histórico e a região da Prainha, substituindo a passarela. Vitorioso nas urnas, Napoleão pôs na gaveta o projeto da rua Chile.

Surgia então a proposta que mais tarde viria a ser oficialmente batizada de Ponte Norte-Sul, conectando a região do Garcia à rua Das Missões e, por consequência, às Itoupavas.

Tão logo pôs a ideia na rua, a prefeitura sofreu forte resistência de arquitetos, moradores do bairro Ponta Aguda e de quem defendia o projeto vencedor do concurso. Em outubro de 2017, a licitação da ponte foi bloqueada por uma liminar da Justiça Federal. Depois, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou problemas.

Somente no início de 2019 a prefeitura conseguiu livrar a ponte dos tribunais, ao menos momentaneamente. A licitação caminhou e 15 empresas apresentaram propostas financeiras no dia 20 de fevereiro. De lá para cá, técnicos do município analisaram as planilhas de custos das empreiteiras.

3ª temporada

Autora da melhor proposta financeira, a Salver Engenharia ofereceu um valor 40% menor do que o parâmetro apresentado pelo município. Como ela havia desistido de outra obra no Centro de Blumenau semanas antes, nos bastidores surgiram desconfianças sobre a capacidade da empresa de executar o serviço no preço anunciado.

Além disso, novas dificuldades se anunciam em órgãos fiscalizadores. O Ministério Público de Santa Catarina abriu procedimento preparatório para investigar a licitação. Entre os questionamentos está o fato de que as propostas financeiras abertas neste ano foram apresentadas em outubro de 2017 (elas ficaram arquivadas devido à liminar na Justiça Federal). Ou seja, estão defasadas.

Ainda há o mérito do processo na Justiça Federal a ser julgado e, conforme Hildebrandt deu a entender em entrevistas recentes a emissoras de rádio, o clima é de insegurança jurídica para se iniciar a construção.

Esse é o contexto dos “desafios” que “não foram criados por mim”, nas palavras do prefeito. Nesta quarta, Blumenau saberá a direção que o prefeito pretende tomar diante do impasse.