Polícia e Defesa Civil investigam desmoronamento que soterrou trabalhadores

Engenheira afirma que talude que vitimou três trabalhadores apresentava risco iminente

Defesa Civil e Polícia Civil investigam o que causou o desmoronamento na obra de um hotel às margens da Via Expressa, nesta quarta-feira, 27. Dois homens morreram e um terceiro está internado na UTI do Hospital Santo Antônio, após permanecer nove horas sob pedras e terra.

O delegado responsável pela investigação, Juraci Darolt, já determinou a instauração de um inquérito policial. Segundo ele, todos os presentes, incluindo testemunhas, serão ouvidos para entender o ocorrido e saber se as normas de segurança estavam sendo cumpridas. Além disso, ele também aguarda o resultado do exame da perícia para confirmar se havia irregularidades nas obras. O inquérito deve ser concluído em cerca de um mês.

“Se houver algum indício de que já se soubesse de alguma irregularidade e que os responsáveis não tomaram providências, eles logicamente serão responsabilizados”, justifica.

Segundo o secretário de Defesa do Cidadão, Carlos Menestrina, o órgão vai reavaliar a situação das três casas interditadas após o deslizamento e conferir o tipo de intervenção feita no terreno. Menestrina também espera se reunir nesta quinta com o engenheiro responsável pelo canteiro de obras.

“Estamos verificando a documentação para ver se eles não excederam algum limite do que estava previsto”, adiantou.

Conforme o secretário, a licença da obra não permitia que a empresa fizesse cortes no talude sem a devida contenção. Imagens publicadas por O Município Blumenau mostram que o barranco foi bastante alterado. Em agosto de 2017, o cenário no local era completamente diferente: o barranco tinha inclinação menor e era coberto por vegetação.

Para especialista, risco era iminente

“Aquele talude não apresenta uma inclinação ideal para que haja uma estabilidade natural do terreno”, avaliou a engenheira civil e mestre em Desastres Naturais, Cintia Fagundes, ao analisar imagens do local a pedido da reportagem.

Segundo Cintia, em geral, a inclinação de 45 graus é a mais indicada para garantir segurança numa situação como aquela, embora isso possa variar de acordo com a condição específica e o tipo de solo.

Para a especialista, trabalhos como o que estava sendo executado precisam ser acompanhados por engenheiros e pelos técnicos de segurança de trabalho.

“É um risco iminente trabalhar em um talude como o que existia ali, sem algum tipo de contenção e escoramento”, avaliou.

Empresa divulga outra nota

Na manhã desta quinta-feira, 28, uma nota oficial foi enviada pela empresa responsável. A Beluga Estruturadora de Negócios já havia se pronunciado na quarta em solidariedade às vítimas e famílias. No ofício, eles também garantiram que a construção estava regular.

Em nota mais recente, por meio do Empreendimento Hoteleiro Via Expressa Blumenau, a empresa agradece o trabalho dos bombeiros, da Defesa Civil e do Samu, além de todos os voluntários “que atuaram no resgate das vítimas do fortuito e lamentável acidente ocorrido”.

Além disso, eles reafirmam o compromisso da empresa em esclarecer todas as causas do acidente e colocam seu corpo técnico à disposição das autoridades. Também reafirmam que possuem documentos comprovando a regularidade do empreendimento.

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