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PRF abre processo disciplinar contra três agentes de Blumenau no caso do Jaguar

A Corregedoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF) abriu um processo administrativo disciplinar para investigar a conduta de três agentes que estavam de plantão no posto de Blumenau no dia 23 de fevereiro. O objetivo é averiguar por que o Jaguar dirigido por Evanio Wylyan Prestini, 31 anos, não foi interceptado na BR-470 minutos antes de invadir a pista contrária e provocar duas mortes.

O processo disciplinar, aberto no dia 22 de abril, deu início a uma segunda fase da investigação. Primeiro, uma sindicância coletou informações preliminares. Com base nelas, a corregedoria decidiu que havia motivos para a avaliação disciplinar de três patrulheiros. Os nomes deles não foram divulgados. Essa segunda etapa tem prazo de 60 dias para ser concluída, prorrogáveis por outros 60.

A denúncia

Cerca de 40 minutos antes da tragédia, que aconteceu em Gaspar, um motorista que trafegava pela BR-470 ligou para a Polícia Rodoviária Federal denunciando o Jaguar em zigue-zague no sentido litoral. Silvio Bambinetti, o denunciante, fez duas ligações, uma delas filmada pela esposa dele.

Bambinetti foi ouvido pela sindicância da Corregedoria da PRF na noite do dia 25 de fevereiro. Desde então, o órgão manteve o conteúdo das investigações sob sigilo.

Explicações

No dia do acidente, 23 de fevereiro, a PRF divulgou uma nota sobre o ocorrido. O texto lamentava a tragédia e levantava algumas hipóteses para o Jaguar ter passado pelo posto de Blumenau sem ser interceptado.

A primeira delas é que os patrulheiros imaginaram que o veículo, filmado em zigue-zague entre Ascurra e Indaial, entraria em Blumenau e não passaria pela região da Mafisa.

A segunda hipótese culpava a ligação telefônica ruim. Segundo a nota, a placa informada por Bambinetti foi consultada e não coincidia com um Jaguar. Isso levou à terceira hipótese, de que a ligação poderia ser um trote.

Depois da divulgação da nota, a reportagem de O Município Blumenau tentou diversas vezes contato com a PRF para esclarecer questões que ficaram sem resposta. O objetivo era entender se havia um padrão para o atendimento de denúncias e se as hipóteses levantadas pela própria corporação não indicavam condutas irregulares.

A assessoria de comunicação da PRF em Brasília apenas explicou que o telefonema de Bambinetti passou por uma central da corporação, em Florianópolis, antes de cair em Blumenau.

Na central telefônica da Capital há identificador de chamadas, mas na unidade blumenauense, não. Ou seja, para conseguir retornar a ligação (que, segundo a PRF, estaria ruim) ao denunciante, os policiais teriam de solicitar o número à central. Nada disso foi feito.

A assessoria também negou que denúncias sejam ignoradas quando há suspeita de trote.

Nesta segunda-feira, 29, o setor de comunicação da PRF em Florianópolis confirmou que eram três agentes de plantão naquela madrugada.