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Entenda porque houve aumento dos preços nas prateleiras dos supermercados em Blumenau

Os dados divulgados nesta quinta-feira, 10, pelo Índice de Variação Geral de Preços (IVGP)/Furb mostram aquilo que os blumenauenses já sentiram no bolso. O setor alimentício foi o que mais registrou alta nos preços no mês de agosto em Blumenau.

É o que mostra o IVGP/Furb, calculado e divulgado mensalmente pela Universidade Regional de Blumenau. O dado apresenta a variação dos preços dentro do próprio mês – ou seja, de 1 a 31 de agosto.

Os alimentos semi-industrializados (como queijo, presunto, ovos) apresentaram um aumento de 1,49%. Já os produtos de panifício (como pão e leite) subiram 1,48%, enquanto alimentos industrializados tiveram alta de 1,08%. Apenas os produtos de higiene e os alimentos in-natura tiveram baixas no mês, de 0,48% e 0,01%, respectivamente. 

A pesquisa leva em conta os valores de 511 itens, desde alimentícios, não alimentícios, serviços a produtos diversos. Esses itens são divididos em 25 subgrupos. No mês de agosto, 11 subgrupos tiveram aumento, dois apresentaram queda e outros 12 se mantiveram estáveis. O índice de variação do mês de agosto apresenta aumento de 0,46%. 

Movimentação

Recentemente, há uma grande movimentação a respeito do assunto. O Procon de Blumenau notificou a Associação Catarinense de Supermercados e Atacadistas Catarinenses sobre o aumento repentino dos preços. A Associação Brasileira de Supermercados também mostrou-se preocupada com a crescente dos valores nos supermercados de todo o país. Além disso, deputado estadual de SC decidiu entrar com uma denúncia no Ministério Público de Santa Catarina pelo aumento abusivo dos preços dos itens da cesta básica em várias regiões do Estado.  

Subiu por quê?

O economista e coordenador do IVGP/Furb Jamis Piazza aponta algumas razões para o aumento durante o período da pandemia. Segundo ele, a explicação para isso é simples, trata-se da oferta e demanda. “Se nós olharmos, antes uma boa parte das famílias fazia suas refeições fora. Nesse problema da pandemia, as famílias estão fazendo suas refeições dentro da sua própria casa, então houve uma demanda muito grande. A gente explica muito bem na parte da economia. Quando a oferta é inferior à parte da demanda, há uma tendência de aumento do preço, também no inverso, quando a demanda é inferior à parte da oferta, ocorre uma diminuição na parte desse determinado preço”. 

Piazza alerta que os mercados podem se aproveitar dessa situação e aumentar os preços, por isso é preciso ficar atento às variações de preços entre os estabelecimentos. Segundo ele, os supermercados sempre estão cheios. “Essa parte da alimentação está tendo uma demanda muito grande, se nós olharmos, é um setor que não sentiu nada nessa parte da pandemia”. 

Um outro fator que Piazza aponta na influência dos preços é a dolarização de produtos e até da matéria-prima, já que o real tem passado neste ano por um fase de desvalorização em relação ao dólar, utilizada na importação e exportação de produtos. “Muitas vezes a pessoa acha o seguinte ‘ah, o dólar é só pra gente de alto poder aquisitivo’, mas nós temos que saber que muitos itens do nosso dia a dia têm a matéria prima ou têm o insumo totalmente dolarizado e isso influencia muito na parte do nosso mercado”, explica. As variações climáticas também podem ser um fator de aumento, pois a quantidade de chuva ou sol pode influenciar em perdas na produção dos alimentos. 

Cesta básica  

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) em 17 capitais do país, mostrou que no mês de agosto houve um aumento no preço em 13 cidades. 

Florianópolis aparece em segundo lugar na lista de valores da cesta, custando R$ 530,42. O supervisor técnico do Dieese/SC José Álvaro de Lima Cardoso chama atenção para um dado, em um ano o valor da cesta básica na capital catarinense variou 14,66%. “É muito significativo”. Ele também explica o aumento dos preços pela redução da oferta do produto em relação a demanda. “Se falta tomate, por exemplo, o preço do tomate aumenta…Se tem menos oferta, o vendedor bota o preço mais alto, aí ele aumenta a sua margem de preço. E claro, a um preço mais alto, menos pessoas estarão dispostas a comprar”.   

Um fator mais específico da pandemia que Cardoso aponta é a queda na renda do brasileiro durante a pandemia, e que apesar disso logicamente levar a uma queda no consumo, não é o que ocorreu. Ele explica que isso é devido a comida ser algo essencial. “Então, o pessoal que está dependendo da renda emergencial, de 600 reais, gasta tudo com comida, não há dúvida, não tem nada mais prioritário”. Ele ainda faz o apontamento de que o valor do auxílio emergencial, dado pelo governo federal, é praticamente o custo de uma cesta básica. 

O economista Jamis Piazza também faz um apontamento neste sentido. “Essas pessoas que não tinham renda nenhuma, com esse dinheiro no bolso, eles vão comprar produtos de alimentação do seu dia a dia, para sua subsistência própria”, diz e complementa que com esse maior poder aquisitivo, as famílias consomem mais e os mercados podem tentar se aproveitar dessa condição. 

Blumenau não possui nenhum pesquisa específica da cesta básica, mas recentemente o Procon tem estado mais atento aos supermercados e realizou um levantamento do valores de produtos no mês de agosto. Os seguintes produtos foram pesquisados: 2kg de açúcar refinado, 2kg de arroz parborlizado tipo 1, 1kg de farinha de mandioca, 1kg de farinha de trigo, 1kg de farinha de milho, 1kg de feijão preto tipo 1, 1kg 1kg de sal refinado, uma unidade de café 500g, uma unidade de massa de sêmola 500g, uma unidade  de óleo de soja pet 900ml, uma unidade de sardinha enlatada 83g, uma unidade de biscoito pacote 350g e uma unidade de leite em pó pacote 400g.


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