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Proibida de atender na rua, baiana é convidada por cafeteria de Blumenau para vender acarajé

Doralice da Silva, de 67 anos, teve de encerrar as vendas que fazia no Centro após fiscalização municipal exigir alvarás

Sensibilizados com a história de Doralice da Silva, os idealizadores da Cafeteria Especial ofereceram o espaço externo do local para que a idosa possa montar a barraca dela e oferecer os quitutes baianos. Dona Dora, como é conhecida a baiana, vendia acarajé e tapioca na Praça Doutor Blumenau há cerca de 16 anos. Porém, há uma semana foi proibida pela fiscalização municipal de continuar o trabalho.

O evento programado para este sábado, 19, no grande Garcia foi viabilizado após uma publicação do vereador Bruno Cunha (PSB) nas redes sociais. Na semana passada ele foi à prefeitura com Doralice na tentativa de reverter a situação.

Lá, ouviu a explicação de que além de ela não possuir a autorização necessária para atuar como vendedora ambulante em época de Oktoberfest, o alimento servido pela baiana não se enquadra na lei que trata do tema. A legislação permite apenas algodão doce, churros, cachorro-quente e pipoca.

“Como percebemos que é impossível ela voltar neste momento, pedimos ajuda dos estabelecimentos privados. O Giorgio (sócio-proprietário) da Cafeteria Especial viu a postagem e fez a ponte”, conta Bruno.

Dona Dora estará no local das 10h às 20h oferecendo acarajé e tapioca. Os sabores dos recheios das tapiocas ainda não sabe precisar, pois o dinheiro ficou escasso sem as vendas que ocorreriam nos últimos dias:

“Peguei parte do 13º salário para pagar algumas contas e parcelei outras. Fiquei sem dinheiro por causa das compras para Oktoberfest, investi tudo o que tinha. Vou tentar comprar morango porque as pessoas gostam muito, mas estou dura, dura. Mas de coco, queijo e goiabada com certeza vai ter”, antecipa a baiana.

Para ter noção da quantidade de massa que deve fazer, ela está divulgando o número da conta bancária para depósito. Quem pretende ir à cafeteria no sábado pode enviar com antecedência os R$ 15 que serão cobrados por acarajé. As tapiocas, que serão pagas no local, custarão R$ 8.

“Realmente o pessoal da cafeteria é muito especial, me deram o espaço e vou abraçar a oportunidade”, diz, agradecida, Doralice.

Delfino Pellegrini Andrade, um dos donos do estabelecimento, explica que ajudar a vendedora tem a ver com o propósito da cafeteira de promover a inclusão e diversidade. Ele, inclusive, não descarta a possibilidade do evento ocorrer em outros sábados novamente.

Doralice afirma que quer recuperar o ponto no Centro, onde montava a tenda. No entanto ainda não sabe como isso será possível, já que uma mudança na lei precisaria ocorrer para que ela pudesse continuar da forma como é hoje. Nesta terça-feira, 15, Bruno protocolou um requerimento questionando os critérios técnicos das normas aprovadas na legislatura passada. Mesmo em meio a tanta indefinição, a idosa diz ter esperanças.

“Ela é uma pessoa fantástica, um ser humano que só quer vender os produtos típicos da sua terra”, opinou Andrade.

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