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Projeto Bugio e Celesc modificam rede elétrica para proteger bugios em Blumenau

Um acordo entre a Celesc e o Projeto Bugio deve evitar a morte de mais bugios ruivos em Blumenau. A proposta foi feita pelo Ministério Público, após um pedido formulado pela Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena) a partir dos levantamentos feitos pelo projeto.

As intervenções na rede elétrica incluem a proteção dos cabos e também a construção de pontes de passagem, para que os bugios não utilizem os postes para se deslocar entre uma floresta e outra. Armadilhas fotográficas também serão instaladas para monitorar o comportamento dos animais.

De acordo com o médico veterinário Julio Cesar de Souza Júnior, responsável pelo Projeto Bugio, 30% das ocorrências atendidas pelo grupo envolvem choques elétricos. Em 2019 foram 69 bugios. Mais da metade dos animais acabam morrendo.

Como a espécie só vive dentro da mata atlântica, a fragmentação das florestas faz com que os animais precisem se deslocar em áreas urbanas. A maior parte dos bugios vive na região norte da cidade, porém, a área também está se desenvolvendo rapidamente.

“Blumenau tem uma peculiaridade, por ser uma cidade com cobertura florestal significativa. Em torno de 60% da cidade tem floresta. Então a rede acaba ficando muito próxima dos fragmento florestais, às vezes ate passando por dentro ou beirando eles”, explicou o veterinário em entrevista a Jorge Theiss, na Rádio Nereu Ramos.

A construção de pontes de passagem evitará que os animais usem os postes como meio de locomoção ou se exponham ao risco de atropelamento e a ataques de cães.

“A letalidade é muito alta, em torno de 60% dos animais que recebem um choque morrem, ou ficam com alguma sequela. Precisamos amputar um braço, perna ou cauda, o que impede que ele seja solto novamente”, relatou.

As instalações, que deve ser implantadas em 12 pontos nas próximas 13 semanas, serão acompanhadas pelo Projeto Bugio e pela Promotoria Regional do Meio Ambiente de Blumenau. Futuramente, elas poderão servir para a criação de um programa institucional na Celesc.

De acordo com a Promotoria Regional, cerca de 200 animais de diversas espécies morrem todos os anos por conta do contato com a rede pública de distribuição de energia elétrica na região. Alternativas vêm sendo discutidas desde 2015.

Alice Kienen

Espécie em extinção

O bugio ruivo está em extinção não apenas em nível nacional, mas também estadual. Apesar de a região apresentar uma mata vasta para que o animal possa conviver, eles ainda convivem com diversos riscos no dia a dia.

De acordo com Souza, o principal motivo para morte dos bugios é o ataque por cães, seguido pelos choques elétricos. Atropelamentos também estão no topo da lista dos atendimentos.

Entretanto, a maior preocupação neste ano foi a contaminação pela febre amarela. Nesta segunda-feira, 17, o segundo caso de bugio ruivo morto pelo vírus no estado foi confirmado em Joinville. O primeiro caso havia sido registrado em Garuva.

“Com a diminuição das temperaturas e da população de mosquito o vírus fica silencioso e difícil de observar, mas com a chegada da primavera a possibilidade de encontrar muitos bichos mortos é muito alta”, prevê o professor, que lembra que o animal é apenas um hospedeiro do vírus e não pode transmiti-lo para humanos.