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Projeto dará suporte para que Blumenau possa ter um Distrito de Inovação

O projeto de extensão “Distrito de Inovação e Conhecimento de Blumenau”, da Universidade Regional de Blumenau (Furb), será apresentado à sociedade nesta quinta-feira, 9, em um evento gratuito no auditório do Instituto Gene, no bairro Victor Konder, às 19h. No encontro, a identidade visual e o blog do estudo também serão lançados.

A ideia é que professores e bolsistas trabalhem na elaboração de um diagnóstico dos bairros Victor Konder e Itoupava Seca, onde ficam universidades, incubadora, empresas de tecnologia, coworkings e outras instituições e estabelecimentos, para a criação de um Distrito de Inovação.

O conceito é novo, mas a essência está em querer tornar a região referência em lugar mais urbanizado, com mais ciclovias, calçadas, negócios e empresas inovadoras do Brasil.

Coordenado pelo professor de Arquitetura e Urbanismo, Christian Krambeck, o projeto envolve também os cursos de Engenharia Florestal, Ciências da Computação, Economia e Jornalismo da Furb. Em entrevista, Krambeck explica a proposta e detalha o que mudará na cidade caso ela saia do papel. Confira:

O Município Blumenau: No que consiste o projeto?
Christian Krambeck: Para entender o que é esse projeto, é fundamental entender a diferença: o projeto de extensão da universidade pretende apoiar o ecossistema de inovação para desenvolver um diagnóstico que incentive a implantação do Distrito em si.

O que é um Distrito de Inovação e Conhecimento?
O Distrito seria uma delimitação física para incentivos fiscais, apoio institucional e atração de investimentos a empresas, até intervenção física da prefeitura, como mais ciclovias, melhorias de calçadas, arborização urbana, parques, praças, enfim, melhorias gerais de reurbanização… O nosso projeto vai dar o subsídio, vai elaborar o conceito e as propostas gerais, mas a responsabilidade de implantar e fazer acontecer e desses atores da cidade como um todo. No geral, os Distritos de Inovação são conceitos para construir parques técnicos industriais, longe dos Centros da cidade. O nosso é justamente o contrário, é juntar o espaço de muita inovação, de economia criativa, de tecnologia da informação para que as pessoas possam morar no prédio e só descer para tomar um café, fazer negócio. Ir de bicicleta ou caminhando, onde já tem essa qualidade de vida, essa infraestrutura. O que está matando as cidades hoje em dia é esse excesso de deslocamento em termos de distância e tempo.

Por que os bairros Victor Konder e Itoupava Seca foram escolhidos para serem chamados de Distrito de Inovação?
Eles estão entre os bairros com melhor infraestrutura, mais bem localizados, mais centralizados, com maior densidade da cidade e muito próximos do Centro e do distrito turístico da Vila Germânica. E principalmente pelo fato de ter a universidade e o Centro de Inovação, que é um edifício que vai ser concluído até final do ano e está no Campus 2 da Furb, no bairro Itoupava Seca.

Como será esse apoio que o projeto dará?
O projeto vai fazer um diagnóstico sócio-territorial, ou seja, cruzar e analisar dados da cidade, da economia e do meio-ambiente, da mobilidade para caracterizar bem essa região.

E depois do diagnóstico?
A ideia é que esse estudo embase o ecossistema de inovação de Blumenau, que inclui prefeitura, empresas e entidades, e ajude a implantar um Distrito de Inovação nessa região.

Mas há uma garantia que isso sairá do papel?
Garantia nós não temos, é muito mais para darmos esse subsídio para as pessoas entenderem a ideia, em primeiro lugar e acharem que ela é importante para a cidade. A transformação não acontece com palavras, ela acontece com experiência das pessoas. É um pouco abstrato o que é o Distrito, mas um dos papéis do projeto é simplificar e tentar deixar essa compreensão um pouco mais clara para todos os atores. Se a ideia está mais clara, aumentam as chances do Distrito ser implantado, de acontecer de verdade. A gente tem conversado com a prefeitura, com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e a Secretaria de Planejamento, no sentido de alinhar algumas ações como troca de dados, avançar eventualmente na unificação de leis que existem hoje e que possam ser reajustadas dentro do resultado do diagnóstico (como a possibilidade de reurbanização da rua Antônio da Veiga ano que vem).

Quanto tempo levará para o diagnóstico ficar pronto?
A proposta é ele ser feito ao longo de 2018, a conclusão do diagnóstico preliminar seria no final deste ano. Nós queremos tentar renovar o projeto para 2019 para aprofundar um pouco a análise e gerar propostas mais estruturadas.

Qual a importância de um Distrito de Inovação para o blumenauense?
Bom, a ideia é estruturar em torno de três eixos. A primeira, a inovação urbana. Quando se tem a percepção de que calçadas melhores e mais homogêneas são mais seguras, que ter ciclovias, que ter arborização urbana, mais praças e parques e ter prioridade para as pessoas e a prefeitura começar a fazer as obras pensando nisso, já se tem uma melhora concreta no médio prazo. A segunda, inovação econômica. Então é incentivar startups, empresas existentes atração de investimentos e novas empresas para essa região por conta de ter não só a universidade, mas o Instituto Gene, o Senai, e ser um pólo de conhecimento. E empresas ligadas a inteligência, tecnologia da informação, a economia criativa, não indústrias sujas, pesadas, nada disso. E o terceiro eixo que é a inovação social, que é justamente as pessoas. Que daí é as pessoas terem mais capacitação, mais cultura, cursos, atividades gratuitas e outras pagas, enfim.

E quando tudo isso estaria pronto?
A ideia é que esse projeto esteja implantado em 2030. A iniciativa do ecossistema de inovação começou em 2012, a gente retoma essa discussão agora. Ano que vem vai inaugurar o Centro de Inovação.

Então é tentar incentivar a prefeitura a dar esses incentivos fiscais formalmente e unificar ações de todas as pessoas que querem inovar na cidade. Se todo mundo abraçar, teremos ações de curto prazo, mas para transformar o território urbano leva mais tempo. Nós também estamos tentando resgatar mais isso: de planejar, definir metas, construir indicadores, saber onde a gente quer chegar e medir isso a cada passo, a cada ano, até chegar em 2030 com a coisa transformada.