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“A reforma da Previdência é apenas mais um capítulo do processo de retirada de direitos”

Os trabalhadores de todo o Brasil irão nesta quarta, 1º de maio, reunir-se em atos em defesa de seus direitos. Este ano, a pauta predominante do Dia do Trabalhador será a reforma da Previdência. Uma reforma que, segundo o governo, combate os privilégios. Porém, na prática, acaba com o direito à aposentadoria de milhões de trabalhadores, sendo as principais vítimas os mais pobres, as mulheres e os trabalhadores rurais.

Na verdade, a reforma da Previdência proposta por Jair Bolsonaro (PSL) é apenas mais um capítulo brasileiro do gradual processo desregulamentação das relações de trabalho e de retirada de direitos que acontece no mundo inteiro.

Este cenário é fruto da crença de que o mercado é capaz de liderar o processo de desenvolvimento e solucionar os litígios envolvendo o capital e o trabalho. Uma ideologia cega que é constantemente papagaiada por economistas e ideólogos neoliberais.

O ressurgimento e implantação desse modelo de desenvolvimento em todo o mundo deu-se durante a década de 1970, com o aprofundamento do processo de globalização. Este modelo, que combina com o processo de desregulamentação do estado numa economia global, sepulta o modelo fordista de desenvolvimento.

Um modelo que não estava circunscrito à organização do trabalho das fábricas, mas sobretudo à forma com que o estado se relacionava com a economia e a sociedade.

Este novo período é chamado pelo sociólogo Chico de Oliveira de financeirização da economia, pois combina trabalho barato com o domínio do capital financeiro sobre o capital produtivo. Um processo que jogou o mundo em uma espécie de cassino globalizado onde “vence” quem é mais desregulamentado, mergulhando os países em uma verdadeira guerra fiscal, reduzindo cada vez mais a capacidade dos estados de controle e planejamento sobre o capital.

Neste cenário, os territórios estão a serviço do capital financeiro, tornando este uma das principais atividades econômicas. Um modelo que resulta em um custo social imenso com desempregos em massa, mudanças e eliminação de modos de vida tradicional e a concentração de riqueza nas mãos de poucos.

A reforma da Previdência não é e nem será a solução para a economia brasileira. Somente agravará problemas. Assim como o processo de desregulamentação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) promovido pelo governo Temer, que não melhorou a geração de empregos.

Em 2014, tínhamos no Brasil uma taxa de desemprego de 4,3%, sendo a menor da história. Hoje, com as novas regras trabalhistas, temos 12,4% dos brasileiros sem empregos. Precisamos acordar enquanto não seja tarde demais.

Em Blumenau, o ato acontecerá em frente à prefeitura de Blumenau, às 15h.