Os imigrantes foram atraídos por propagandas enganosas para o Brasil para substituir a mão de obra escrava nas fazendas de café. O Sul do país era despovoado e atrasado economicamente – também corria risco de ser invadido pelos espanhóis. Muito da propaganda divulgada na Europa não se cumpria. Chegavam notícias na Europa da situação dos imigrantes no Brasil. O Governo alemão organizou a “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães” – Charge que chegavam na Alemanha, ilustrando uma possível realidade vivida pelos imigrantes nas fazendas de café.

Quando Hermann Bruno Otto Blumenau chegou ao Brasil em 1846 – como representante “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães” – Colonisation Vereins Hamburg – 1845/1846 – com sede em Hamburg, tinha outros planos, além daquele pelo qual o trouxe à América – que era investigar as denúncias de maus tratos aos seus conterrâneos que viviam nas fazendas de café no lugar dos escravos  – os Kaffeepfklücker. Hermann Blumenau possuía planos para seus negócios privados e pretendia desenvolvê-los em terras brasileiras.

Hermann Blumenau, como o chamaremos daqui para frente, nasceu em Hasselfelde – Ducado de Bruswick, no dia 26 de dezembro de 1819.

Nesta época – início do século XIX, boa parte do território em que hoje está localizada a Alemanha pertencia aos franceses – conquistado pelo exército de Napoleão Bonaparte. Nesse período, o Sacro Império Germânico havia sido abolido. Em seu lugar foi criada a Confederação do Reno, que logo após foi dissolvida pelo Congresso de Viena e constituída em novas bases com o novo nome – Confederação Germânica – em 1815.

Na Prússia – os Junkers (nobres) eram contrários a essa tentativa de unificação da Alemanha a partir da Confederação – formada por 39 estados soberanos, sem força política – inspiração austríaca. A Prússia (povo que enviou muitos imigrantes para povoar o vale do Itajaí – pautada no ideário de Quasnay) assumia princípios absolutistas, com uma visão liberal baseada no desenvolvimento econômico acentuado, e o sul do território da atual Alemanha adotava em suas constituições o ideário conservador francês – resquícios do exército vencedor no território em questão.

Nesse cenário socioeconômico e político no território onde está situada a atual Alemanha, na primeira metade do século XIX, nasceu o fundador da colônia agrícola Blumenau – Hermann Blumenau – filho de Karl Friedrich Blumenau – Chefe dos Guardas Florestais e Minas do Ducado e de Cristiane Sofie Kegel.

Hermann Blumenau ingressou na escola de Hasselfelde com a idade de 6 anos e permaneceu até quando tinha a idade de 10 anos – completados em 1829, quando ingressou em um Pensionato de Shoppeenstadt, na cidade de Grosswinnisgstedt. O diretor do pensionato era o Pastor Götting.

Johann Bartholomaeus Trommsdorff – renomado químico da Europa e avô materno do naturalista Dr. Johann Friedrich Theodor Mülle – Fritz Müller.

Aos 12 anos Hermann Blumenau adoeceu e por conta disso, ficou com a audição comprometida e com sequelas para sempre – tinha dificuldades para ouvir. Em abril de 1832, ainda no Pensionato de Shoppenstadt, fez a Confirmação na Igreja Luterana. Algumas semanas depois, mudou-se para a capital do ducado para estudar na Escola Cathatinenseum.

Em janeiro do ano seguinte –  em 1842, Hermann Blumenau, então com 23 anos, foi convidado para trabalhar em Erfurt, na fábrica de produtos químicos da família Tromsdorff, por Christian Wilhelm Hermann Tromsdorff, filho de Johann Bartholomaeus Trommsdorff e de Martha Elisabetha Johanna Hover – avós maternos do naturalista Dr. Johann Friedrich Theodor Müller – conhecido Fritz Müller, que nesta época estudava em Berlim.

Em 1842, na cidade natal de Fritz Müller, Hermann Blumenau conheceu Alexander Von Humbolt, e também, conheceu o naturalista. Tinham em comum, o gosto pela profissão e tornaram-se amigos, além do que, Blumenau trabalhava na firma da família da mãe de Fritz Müller. Isso não foi muito divulgado pela história formal de Blumenau.

Neste tempo, Hermann Blumenau começou a observar as questões naturais e despertou-lhe a curiosidade de conhecer a América, influenciado pelas novas amizades, em Erfurt – Humboldt e Müller. Foi um período em que muitos alemães migraram para a América do Norte e, em menor quantidade, para o Brasil.

No final do ano de 1843, Hermann Blumenau viajou para Londres à trabalho onde conheceu o Cônsul Geral do Brasil na Prússia – Johann Jacob Sturz. Sturtz foi um abolicionista.

Johann Jacob Sturz – 1878.

A conversa foi longa e profícua com o diplomata brasileiro na Prússia. Neste encontro, Hermann Blumenau ouviu atentamente, muitas histórias sobre o Brasil, desde narrativas sobre a natureza e muito da propaganda de que o governo brasileiro vinha fazendo na Europa, para atrair imigrantes para desenvolver e povoar, o quanto antes, o inabitado Sul do Brasil – há muito tempo, região cobiçada pela Espanha e também, trabalhar nas fazendas de café, que estavam enfrentando problemas com a mão de obra escrava, até então responsável pelo funcionamento das propriedades dos cafeicultores do sudeste brasileiro. 

Enquanto isso, na Europa aconteciam algumas transformações sociais, econômicas e políticas.

Fritz Müller comentou seu plano com Hermann Blumenau – que pretendia formar-se médico e exercer a profissão em um navio – juntando o útil ao agradável – através de seu trabalho a bordo e conhecer outros países, principalmente o Brasil – onde vislumbrava oportunidade de pesquisas inéditas.

Após conversar com o diplomata brasileiro em Londres – Hermann Blumenau demitiu-se da fábrica de produtos químicos do tio de Fritz Müller e fez sua matrícula, na Universidade de Erlangen, na cidade de Nürenberg – Lembrando do plano de Müller – que após formado, poderia trabalhar em um navio.

Blumenau pesquisou muito sobre a imigração e a colonização no Brasil. Procurou conversar com brasileiros, pesquisou a história do Brasil e a movimentação migratória que aconteceu de sua região (Alemanha ainda não existia como país) para o Brasil. 

Em 1846, formou-se Química, mesmo não tendo terminado o ginásio. 

Na década de 40 do século XIX chegavam notícias do Brasil na Alemanha. As notícias mencionaram a propaganda e promessas do Estado brasileiro, na Europa – Alemanha – aliciando pessoas que se mudassem para o Brasil para trabalhar nas fazendas de café e povoar o sul do país. Corriam notícias na Alemanha que parte destas promessas efetuadas dos interessados na migração não era cumprida e muitos ficavam em situações bem difíceis em solo brasileiro.

Imigrantes alemães trabalhando na fazenda de café. Fonte: Diário de Rio Claro SP.

Haviam ecos na região da atual Alemanha sobre a situação não muito boa dos imigrantes alemães nas fazendas de café, localizadas no Sudeste brasileiro, em alguns casos semelhante à situação de escravidão e dependência permanente através de uma dívida contraída, antes mesmo destes aportarem no Brasil.

Os contratos não eram respeitados e muitas vezes modificados ainda durante a viagem. As notícias eram “maquiadas” por “intermediários”, antes de chegar aos familiares, mas, alguma coisa acabava chegando.

Atento aos “ecos” que chegavam do Brasil, relacionado à situação dos alemães emigrados, o governo alemão criou a “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães” – Colonisation Vereins Hamburg – 1845/1846 – com sede em Hamburg.

Oportunisticamente, com intenções de conhecer o Brasil pessoalmente e sem gastos, Hermann Blumenau candidatou-se a uma vaga de Agente Fiscal  da “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães”.

Como representante oficial e munido de cartas de apresentações, visitou colônias de imigração alemã nas províncias do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande, além da capital do Brasil – Rio de Janeiro.

Em abril de 1846 – com 27 anos, embarca à trabalho – como representante do governo alemão para o Brasil. Despediu-se de seus pais e embarcou no veleiro Johannes, no porto de Hamburg.

“Entre 1846 e 1850, Hermann Blumenau permaneceu no Brasil, onde buscou estabelecer relações com autoridades brasileiras que o ajudassem a realizar seus planos, mantendo-se em contato com políticos e empresários na Europa. Seu interesse maior era se envolver com um empreendimento de imigração e colonização alemã no país. Neste capítulo tratarei dos planos e estratégias de Hermann Blumenau em relação à imigração e colonização, retomando sua atuação tanto nos negócios do transporte de imigrantes quanto no projeto para criar um núcleo colonial no Sul do Império brasileiro.” NICOCELI, P 28

Viajou por mais de dois meses e chegou ao Rio Grande no dia 19 de junho de 1846. Visitou alguns locais, fazendas e fez pesquisas para seu projeto pessoal, narrando sua viagem, através de algumas correspondências, aos seus pais – na Alemanha. Estas cartas são documentos históricos materiais que ilustram suas reais intenções – em visita ao Brasil.

Fonte: Wikipédia

Mais tarde, ficou sabido que Hermann Blumenau foi o autor da publicação intitulada “Emigração e Colonização Alemã”, que Johann Eduard Wappäus publicou na Alemanha em 1846 como professor de geografia, sem citar o nome do verdadeiro autor. Blumenau usou relatórios e avaliações do diplomata que conheceu em Londres, Johann Jakob Sturz (1800-1877).

Johann Peter Wagner / Pedro Wagner – Pioneiro da Colônia Blumenau.

No Brasil, além de sua missão – a de verificar a situação de seus conterrâneos e apresentar informações à sociedade a qual representava, Hermann Blumenau também fez contatos e pesquisas, visando montar o seu negócio no Brasil.

Nesta mesma época, a família de imigrantes alemães Wagner decidiu mudar-se de São Pedro de Alcântara para o Vale do Itajaí. Na ocasião, solicitou ao governo da Província de Santa Catarina, a “companhia de pedestres”, uma espécie de “segurança oficial” contra a ameaça dos nativos – índios que viviam na região. 

Quando chegaram à região do Vale do Itajaí tomaram cuidado para oficializar a posse de terras a partir da concessão oficial. Em São Pedro de Alcântara, muitos ficaram desamparados, mediante o surgimento do verdadeiro proprietário, após terem assumido instalações e feito plantações em propriedades destinadas ao imigrante. As terras não eram devolutas. Os Wagner tomavam cuidados e queriam segurança, quanto à nova propriedade. 

Quando Hermann Blumenau escolhia o lugar para negociar terras, a famílias Wagner e outras famílias de imigrantes de São Pedro de Alcântara chegavam à região, a política de posse de terras no Brasil estava mudando (1850). 

Após a independência do Brasil de Portugal, em 1822 – a Lei de Terras (n°601 de 18 de setembro de 1850, foi a primeira a especificar o direito do proprietário – até então regido pela Lei de Sesmarias, que apresentava algumas irregularidades fundiárias formais e inexistia a prática de “compra e venda” de terras. 

A lei foi implantada, coincidentemente, no mesmo período da chegada dos primeiros imigrantes da Colônia Blumenau em Nossa Senhora do Desterro. A Lei de Terras, regulamentada no dia 30 de janeiro de 1854, pelo Decreto Imperial nº 1318, estabelecia a compra como a única forma de acesso à terra e abolia, em definitivo, o regime de sesmarias.

A partir de 1850, portanto, só poderia haver ocupação de terras por meio de compra e venda ou de autorização da coroa. Todos os que já estavam na terra receberam o título de proprietários, porém, tinham que residir e produzir na terra, ou ainda, àqueles que reivindicavam o título. Muitos foram os que correram aos órgãos como igrejas e reivindicaram as propriedades.

Esta resumida explanação é para compreender o contexto das transações fundiárias na época que Hermann Blumenau chegou ao Brasil.

Curato de Itajaí.

Lembramos, ainda, que a Igreja Católica Romana, também desempenhava o papel de Estado nas localidades e isto explica, por exemplo, a fundação da cidade de Itajaí ocorrida quando o imigrante português Agostinho Alves Ramos se mudou para a Foz do Grande Rio Itajaí e requereu ao Bispo do Rio de Janeiro a permissão para a fundação de um Curato que aconteceu em 31 de março de 1824. Curato é um termo religioso, derivado de cura, ou padre, que era usado para designar aldeias e povoados com as condições necessárias para se tornar uma paróquia. Esta controlava a distribuição de terra àqueles que chegaram ao local antes de Hermann Blumenau – como por exemplo a família Wagner –  que já residia no território da futura Colônia Blumenau. 

Caminho até a Foz do Rio Itahahi – percorrido pelos Wagner pelo mar. Mapa de 1828 – S. Sidney – Fonte: Pelos caminhos-antigos

As terras dos Wagner pertenciam à jurisdição do administrador – estavam ligadas ao recém-criado núcleo de Belchior, cuja fundação fazia parte do projeto do governo provincial que visava distribuir terras na região aos novos imigrantes. 

Distribuir e não vender, como aconteceu na Colônia Blumenau, fundada após esta data. A demarcação das propriedades cobria toda área da foz do Rio Itajaí Mirim até o ribeirão Conceição (Vila de Gaspar), começando no Estaleiro das Naus, passando por Pocinho, Volta de Gaspar, Pedra de Amolar, Volta de Belchior, Arraial do Belchior, até Fortaleza. 

Lembramos também, que moravam nas matas desta região, algumas tribos de povos nativos, que foram desconsiderados dentro da nova posse de terras vigente.

Os Wagner receberam instruções, quando estivessem subindo o Rio Itajaí Açu para encontrar suas terras, que quando ultrapasse a casa do último morador, se encontravam então, em suas próprias terras. Neste tempo, não imaginavam que imediatamente acima às suas terras, seria fundada a Colônia Blumenau e seria onde estaria o seu Stadtplatz, ou a centralidade desta.

As novas colônias não possuíam diretores e sua administração estava ligada ao Juiz de Direito localizado em Santíssimo Sacramento de Itajaí. Como residentes destas colônias, eram aceitos todos os moradores locais e os estrangeiros sem impedimentos. Os chegantes recebiam terra de 350 a 730 metros de frente por 915 metros de profundidade. Nos primeiros tempos, a terra era cedida gratuitamente, isenta de impostos por 10 anos. Era proibido aos estrangeiros possuírem escravos, pois o Imperador brasileiro pretendia fazer a experiência agrícola com propriedades pequenas autossuficientes, possíveis de serem trabalhadas pela própria família. Neste ponto, surgiu uma lenda:  a lenda do “embranquecimento”. Não confere – diante da própria libertação dos escravos promovida pela Princesa Isabel – decisão que, historicamente, a fez perder a coroa.

Quando Johann Peter Wagner / Pedro Wagner e demais imigrantes – entre estes, seus familiares, na região – desembarcaram às margens do Rio Itajaí Açu, encontraram brasileiros que já residiam no local há mais tempo e produziam açúcar. Eram eles, integrantes da Famílias Furtado e Mafra. 

Depois de instalados nas suas terras e com a vinda dos demais membros da família, Johann Peter Wagner / Pedro Wagner e os homens construíram uma capela que batizaram de Nossa Senhora da Conceição. 

Em abril de 1847, Hermann Blumenau embarcou para Nossa Senhora do Desterro, capital da província de Santa Catarina, de onde visitou a Colônia de São Pedro de Alcântara, segundo núcleo de imigrantes alemães na província (primeiro é Mafra), fundada em 1829. Neste momento, Blumenau ouviu pela primeira vez falar da região do Vale do Itajaí, onde já viviam algumas famílias que estavam em São Pedro de Alcântara. O funcionário da Sociedade para a Proteção dos Imigrantes Alemães, no Sul do Brasil, na companhia do balseiro, Ângelo Dias, visitou a família Wagner. Esta respondeu a suas muitas perguntas, como: As terras são propícias ao plantio? Os alemães se adaptam bem? Há contato com o restante do mundo? As crianças se desenvolvem? Como se mora? Como se vive? Nada relacionado se foram bem tratados em solo brasileiro, que teria relação à sua missão.

A Família Wagner serviu, na ocasião, frutos da época colhidos na terra. E no decorrer das trocas – Blumenau anotou as informações. Seguiram Itajaí acima e retornaram após dois dias, partindo depois, com a promessa de retornar.

Após a partida de Hermann Blumenau, os Wagner e outros da comunidade subiram o Rio Itajaí Açú a fim de observar o local pelo qual Hermann Blumenau teve interesse, a ponto de ter demonstrado desejo de assentar imigrantes alemães e fundar uma colônia agrícola.

É interessante observar o teor de algumas passagens de correspondência narrativa dos locais, feitas por Hermann Blumenau aos pais, na Alemanha – através de correspondências e perceber seu real foco durante a sua primeira visita à região Sul do Brasil como representante da sociedade.

“No dia seguinte, mandamos chamar um outro alemão, bem conhecedor da região – uma espécie de tropeiro – para conversar com ele sobre uma incursão ao interior, que eu pretendia fazer, indaguei sobre tudo que me interessava, tirando informações valiosas. Depois andamos pelos arredores, onde cheguei a conhecer muita coisa que me era novidade e que observei com grande interesse. A vegetação, particularmente, era para mim estranha novidade, as palmeiras, os arbustos de mamona, cactáceas da grossura de uma perna e com 12 a 6 pés da altura, ficus índica, uma outra qualidade de cactus aproveitada para sebes, enfim não sendo muito fértil a região, muita novidade apresentava para mim.

Bem do lado, onde atracava o vapor, encontrava-se uma charqueada, onde é preparada a carne-seca salgada, e onde estavam sendo secados os couros e procedido o aproveitamento da gordura. Tais charqueadas se estendem ao longo do rio, no percurso de duas horas, sendo que as maiores aproveitam, diariamente, 300, 400 e até 600 cabeças de gado. A vista e o cheiro dessas charqueadas são horríveis – sangue, ossos, carne apodrecida e peles, estômagos e intestinos em decomposição em toda parte, pesteando o ar. Os chifres, ligados ainda a uma parte dos ossos da testa são aproveitados para cercados, dentro dos quais são mantidos porcos e outros animais que, parcialmente, se alimentam de sobras de carne. Onde quer que se pise, para onde quer que se vá, sempre o mesmo aspecto de sangue, estômagos apodrecidos e mau cheiro. Fiquei deveras contente quando de lá saímos, por mais interessante que o assunto fosse. Os proprietários dessas charqueadas, os “charqueadores”, são geralmente gente bruta, principalmente enriquecidos nos últimos tempos. Se a paz for restabelecida no país vizinho, para o que as expectativas atualmente são boas, o lucro torna-se-á menor, mas sempre ainda bastante compensador.

Mais tarde visitei ainda um negociante alemão, que me acolheu muito bem, tendo me oferecido pouso e um cavalo, dispondo-se a fazer uma excursão comigo. Andei depois por ali assim, tendo visto pela primeira vez, um lindo pomar de laranjeiras, que apresentava um esplêndido aspecto, as árvores de ramagem escura e copa arredondadas, onde apontavam as maravilhosas frutas que estavam justamente amadurecendo. É um belo espetáculo observar-se os pomos dourados, um perto do outro, às centenas! Os pés já produzem no seu quinto ano e consta que, já no décimo ano, dão 4 a 6 mil frutas anualmente (Propaganda para os conterrâneos!). No interior me afirmaram que há laranjeiras de 8 polegadas de diâmetro de renderiam seus 4 a milhares de frutas por ano e teriam apenas 8 anos.

O proprietário também não estava em casa, mas sim a patroa e uma irmã dela, ambas chinas, ou índias, com olhos um tanto oblíquos, pele amarelada e cabelos pretos muito compridos. Como fosse domingo, elas estavam bem arrumadas, com vestidinhos bonitos e modernos, os cabelos penteados e bem trançados. Interessante era o contraste destes requisitos da civilização com a absoluta ausência de bons modos. Uma delas puxou as pernas, com a maior naturalidade, para cima do banco, encostando o queixo nos joelhos, enquanto a outra, penteando uma criança, falava com o meu companheiro ao mesmo tempo que, com o pente, palitava os dentes. Lá tomei pela primeira vez o chá mate (erva mate) a folha de um arbusto em forma de árvore, a qual é torrada e socada. Sobre certa porção desta erva, se põe água fervendo (e açúcar quem quiser), sugando-se o líquido através de um canutilho de folha de Flandes, ou ouro, que termina em uma pequena bola perfurada, que se coloca dentro do chá. De início é fácil queimar-se a boca, como a mim aconteceu, mas depois saboreia-se com gosto esse chá e também sem açúcar, o qual, segundo se diz, é muito mais saudável. É preparado sempre na casca de uma pequena abobora garrafa, do tamanho de uma mão fechada, às vezes enfeitadas com lindas decorações de prata. Suga-se enquanto tiver chá. Depois, vem uma negra, pega a cuia, e despeja nela novamente água fervente e assim a cuia continua a rodar não se devendo limpar, de maneira nenhuma, a bombilha, mesmo tendo saído, talvez, da boca de um vizinho bastante sujo, porque isto seria interpretado como ofensa. Quando o mate perde o gosto, é jogado fora e coloca-se nova porção de erva.

A propriedade é muito bonita, um quarto de légua quadrada, totalmente cercada de laranjas e outras frutas. Mandei pedir informações pelo valor aproximado da mesma, obtendo a resposta que, ao preço de 12.000 dólares (18.000 Thalers) estaria certamente à venda. Seria uma propriedade para um agricultor abastado (Interesse nos negócios de terras). Fica à seis horas de viagem da cidade e do porto de Pelotas, margeada de boa estrada. Lá encontrei, por primeiro, as variedades de laranjas (ou da nossa “Apfelsine”, de casca alaranjada), das quais existem diversas espécies de tamanhos e gostos diferentes, assim como acontece com nossas maçãs. Tem aqui, uma laranja lima, de casca amarelo-claro, cor de limão, doce, mas um tanto insonsa, a lima de umbigo e a bergamota (da qual se obtém o óleo de bergamota) que também é doce, mas nada de gosto especial. As limas são inferiores às laranjas no gosto, mas tem a vantagem da produção durante todo o ano, enquanto a laranja é apenas de seis meses. Depois há o limão, do qual também existem várias qualidades, alguns bem maiores e bastante mais ácidos do que o nosso limão, e por fim as qualidades azedas (cidras) que na Alemanha, chamamos de “Pommeranza” ou laranja azeda. Havia ainda outras árvores frutíferas, como figos, pêssegos, pinheiros, (que dão uma qualidade de nozes) como ainda cana de açúcar, batatas, etc. (Vegetais que vi ali pela primeira vez). Além disso havia uma porção de arbustos floridos, mesmo sendo inverno na época, principalmente uma espécie de acácia de flor grande purpúrea quase escarlate. Foi uma pousada agradável, aumentada ainda pela gentileza simples e agradável, mas de grande dignidade, daquela gente.

Fomos recebidos com a mais gentil cordialidade, e fizemos passeios de reconhecimento pela região e pela fazenda, tendo eu recebido muitas informações sobre produtos agrícolas, agricultura, valor das propriedades, etc., sobre o que escreverei em outra ocasião. Depois de um sólido almoço, com muita e boa carne, mas sem pão que era substituído por farinha de mandioca, entramos na mata e dirigimo-nos a diversos ribeirões onde, segundo consta, teriam sido encontrados minérios (de ferro), os quais eu queria examinar. Não encontramos nada do gênero, mas vi diversas flores lindas e árvores e outras coisas interessantes, de maneira que o tempo passou depressa demais. Os cursos d’água naquela região contem todos eles ouro, e, em vários pontos tanto que um homem pode ganhar de um a três ducados diários.

Foi lá que vi, também pela primeira vez, abelhas nativas que fazem os ninhos nas selvas, onde são apanhadas. Não tem ferrão, são menores que as nossas abelhas e, nem de longe, tão agressivas. Fazem os ninhos em partes ocas de troncos de árvores: as células são grandes, como avelãs e a cera é escura e um tanto mole, sendo o mel fino, mas saboroso. Para obter-se o enxame, derruba-se a respectiva árvore, serrando-se depois o tronco dos dois lados da cavidade, rachando-se em seguida o bloco para tirar o mel e a cera. Depois, junta-se e amarra-se novamente as duas partes, e tapa-se tudo com barro, deixando-se apenas uma pequena abertura. Nestes blocos pendurados, as abelhas voltam aos ninhos antigos, onde produzem novamente. O processo é muito primitivo. A apicultura metódica, na forma que se faz com abelhas europeias, deveria dar bons resultados.

No dia seguinte, visitei uma fábrica de sebo nas proximidades, por cujo proprietário, um francês, fui muito bem recebido e que me mostrou as instalações, tendo conversado com ele sobre tudo que se pode ali empreender, ainda. O homem havia iniciado, fazia cinco anos, com pouco recursos e, através de muito trabalho e empenho, possui agora, uma grande fábrica com 25 escravos. Ele deu-me esperanças para um empreendimento químico, convidando-me, também, para fazer o necessário estágio no seu estabelecimento, para o caso de eu resolver voltar a Pelotas para estabelecer-me ali.

Aqui, no Rio de Janeiro, a hospitalidade anda danadamente escassa; Todas as minhas recomendações serviram-me de quase nada. Tendo de gastar, assim, muito dinheiro, pretendo afastar-me, o mais depressa possível. Em convites para a mesa, sem se fala, o que mesmo não é possível, porque quase todas as famílias (estrangeiras) moram longe, por vezes duas horas de distância do centro, e só aqui chegam para cuidar dos negócios, voltando logo depois. O Sr. H. Fröhlich, para cujos filhos eu trazia cartas, sem procurei, porque ele, segundo consta, parece ser um homem bastante original. Simples jornaleiro antigamente em Brehmen, estaria ele aqui hoje muito rico, pelos próprios esforços, mas de maneiras bruscas e insultuosas, muitas vezes, tendo eu sido advertido de não procurá-lo, para poupar-me de aborrecimentos. A filha (no endereço ainda “Fräulein” é agora Madame Emília, recebeu-me muito bem em companhia de seu marido e de um primo, morando eles também uma meia hora de viagem distante da cidade. As cartas de recomendação, desta maneira, com exceção de alguns bons conselhos, que de fato me valeram, nada de positivo resolveram para mim. Travei, entretanto, outros conhecimentos com pessoas que se empenharam bastante por mim, apoiando-me no desempenho de meus objetivos. Encontrei aqui, aliás, uma família com a qual pretendo estreitar relações, onde fui muito bem recebido, se ter sido recomendado. O chefe desta família é um comerciante hamburguês, Sr. Bahre, homem muito inteligente, se bem que excêntrico, que veio para cá com os mesmos objetivos que eu, isto é colonização. A amabilidade calma da esposa é o equilíbrio para as adversidades criadas pelo caráter do marido. Esta família pretende estabelecer-se em Pelotas ou Montevideo e, possivelmente, eu os acompanharei, tanto mais quanto o Sr. Bahre me fez propostas para um empreendimento em comum, caso não sejam realizáveis os nossos objetivos de colonização.

Na província do Rio Grande, a hospitalidade é muito grande, podendo-se viajar durante meses sem fazer gastos, além de alguns talers em milho para os cavalos. É tido como ofensa oferecer-se pagamento em uma propriedade onde se comeu, bebeu e pernoitou. Quem é dedicado às crianças, pode contar com o mais sincero acolhimento, mesmo para uma permanência mais prolongada. Se eu, portanto, me decidir a fazer viagens de sondagem ao Rio Grande, às despesas serão mínimas. O que se conta aí de animais selvagens e cobras também não é tão assustador. Quem quiser ver uma onça, ou um tigre, vivos nas selvas, deverá mesmo caça-los, pois evitam timidamente o homem, atacando mesmo só quando muito famintos, ou então quando feridos.

É interessante que não é atacado o branco, quando este se encontra em companhia de um negro, que então será cobiçado. Com as cobras o caso, igualmente, não é tão grave como supõe. Consta que há muitas, segundo alguns dizem, mas as mordidas são relativamente raras, porque as cobras são medrosas e fogem, se tiverem alguma oportunidade. (Seguem considerações sobre o assunto, como também da calamidade dos mosquitos, etc. Anotação na cópia da carta da qual foi feita esta tradução.) No Rio Grande estas calamidades são menores, e no inverno, em que estamos pouco se percebe das mesmas. Mas mesmo que fossem um pouco mais graves, a terra e o clima pelo menos no Rio Grande, ao qual sempre se voltam os meus pensamentos, são tão excelentes que se pode suportar também algumas adversidades.

Além disso, há minérios e carvão, ouro, comércio e bons salários. Poderia existir terra melhor para os alemães? Só talvez, um pouco mais de fé e boa vontade da parte do governo. Em Montevideo, o clima é mais frio, mas saudável da mesma maneira. Com a paz restabelecida, consta que muitos alemães pretendem transferir-se para lá, onde há mais justiça que aqui. O trigo da ali muito bem, que antigamente se cultivou com muito sucesso no Rio Grande, onde, desde uns 20 anos passado, é atacado pela “ferrugem”, não dando mais lucro, foi substituído pelo plantio de outros cereais além do milho, batatas, mandiocas, etc.

Caso eu não consiga nada no Rio Grande, irei, provavelmente com o meu projeto de colonização a Montevideo, para onde já tenho propostas da parte de um espanhol rico, mas cujas bases ainda não estudei bastante. De qualquer maneira, contanto que a minha vista permaneça boa, poderei eu arrumar aqui o meu futuro, podendo afirmar desde já, que jamais arrepender-me-ei de ter vindo para cá, contanto que eu possa preservar a saúde. (Segunda a cópia de onde foi feita esta tradução, à carta seguiam conselhos para os sobrinhos Gaetner e Kegel, caso quisessem emigrar para o Brasil).

Estes são trechos da primeira carta do representante da “Sociedade de Proteção aos emigrados Alemães”, que veio ao Brasil para checar as denúncias de maus tratos e não comprimento de acordo e contratos sofridos pelos imigrantes alemães, que chegavam à Europa – Hermann Blumenau. Esta terminada de ser escrita no dia 5 de agosto de 1846.
A carta ilustra o trabalho privado e pesquisas efetuadas por Hermann Blumenau. Nesse tempo ouviu alguns conterrâneos seus no Sul do Brasil, pesquisou possibilidades de negócios e fez contatos. Após, seguiu para a capital do Brasil – a cidade do Rio de Janeiro. Permaneceu na cidade do Rio de Janeiro, por aproximadamente 8 meses, igualmente efetuando estudos e contatos.
Neste tempo, articulou e procurou conhecer toda a tramitação para efetivação da imigração e colonização de terras, bem como suas vantagens e desvantagens. Estudou o clima e a geografia de algumas províncias do Brasil.
Em Desterro, Blumenau recebeu um requerimento datado de 26 de março de 1848 – elaborado pelo Presidente da Província, Marechal Antero. Blumenau tornou-se o procurador da concessão, com a qual receberia terras às margens do Rio Itajaí Açu.
Receberia sem envolver “compra”.

Nossa Senhora do Desterro – Atual Florianópolis – neste período.

O Marechal Antero – Presidente da Província, em um primeiro momento, recebeu muito bem a proposta de Hermann Blumenau e, pessoalmente, foi favorável, emitido um ofício externando sua opinião, aprovada facilmente na Assembleia Legislativa e acompanhada de um projeto de Lei, para ser sancionada. O Projeto tinha 9 artigos.

O 1° Artigo concedia glebas de terras, duas partes cada uma com 24 a 28 quilômetros de largura, à Sociedade Protetora dos Imigrantes Alemães. Seria um suborno? 

No Artigo 2°, a Sociedade poderia escolher as terras concedidas entre as terras devolutas, podendo dividi-las entre os imigrantes. Em posse das terras, Hermann Blumenau as comercializou, através de lotes coloniais e fez surgir o mercado fundiário, pela primeira vez na Província de Santa Catarina e no Vale do Itajaí – fazendo surgir a maior ou menor valorização fundiária e sua estruturação dentro de todo o território, de acordo com a localização.

Clicar sobre MAPA Colônia Blumenau, para visualizar o mapa em melhor resolução.

Hermann Blumenau “disponibilizava/vendia” os lotes coloniais de acordo com a importância ou ofício da família requerente – desta forma setorizando a grande área da Colônia Blumenau, com a configuração espacial de uma colônia agrícola que exportaria e transformaria o produto excedente de cada propriedade colonial “distribuidas” no território – que seria, em sua maioria, agricultor e pastor – estes ocupavam, esparsamente os terrenos mais afastados da sede da colônia. Na sede – Sradtplatz, eram fixados aqueles com outras formações, que não de agricultor, e estes gastavam um pouco mais para a aquisição de seu lote colonial. Os terrenos mais afastados da região do Stadtplatz eram “mais em conta”. Este foi o motivo que a família do Professor Joseph Teichmann, pai do escultor Erwin Carl Teichmann sair da Itoupava Norte, onde pagava aluguel e ir residir no interior de Südarm, atual Rio do Sul, no início do século XX. Lá naquela região a família tinha condições para adquirir sua terra.

1° Igreja da Comunidade luterana de Rio do Sul e provavelmente onde Erwin Teichmann foi confirmado.

Outro fato que confirma a prática de especulação fundiária de Hermann Blumenau é que daqueles que adquiriram terras junto ao Stadtplatz da Colônia Blumenau e seus descendentes, não aceitavam amigavelmente, serem chamados de “colonos” (aqueles que pagaram mais em conta pela terra, e estavam mais afastados) – o que de fato todos o eram – pois adquiriram um lote colonial de Hermann Blumenau, e também, necessitavam trabalhar na terra, pois nos primeiros tempos não existia “Supermercado”. O que os diferenciavam, é que estavam junto à centralidade e tido, como o local, onde as pessoas que tinham alguma formação além da atividade da agricultura. Esta questão chamou tanto nossa atenção, por perceber esta diferenciação até os tempos atuais, que escrevemos um texto exclusivo sobre oColono”.

Com o passar do tempo de história – percebe-se isto, quando  lideranças de nucleações afastadas da centralidade da colônia, melhoravam sua situação econômica através da  prática comercial dentro da colônia e desta para outras regiões, buscavam adquirir uma propriedade na centralidade de Blumenau – mais precisamente na Alameda Rio Branco.

A nova Residência de Leopold Franz Hoeschl – comerciante da Indaial – interior da antiga Colônia Blumenau. A casa da “cidade” foi projetada por seu genro, o Engenheiro Arquiteto Albert Weitnaeur e a família se mudou no ano de 1915. A nova residência Hoeschl estava localizada na esquina da Alameda Rio Branco com a Rua Dr. Luiz de Freitas Melro – Blumenau.
Vizinhos da Alameda, dos Hoeschel – local de belas mansões e residências, marcando o poder fundiário, ao longo da história de Blumenau. Este valor imobiliário tornou-se capital atual de trocas e decisões imobiliárias, que rege a organização espacial da cidade, sem a presença do poder público, representado por uma equipe técnica e planejamento urbano à médio e longo prazo. O mesmo motivo que fomentou a ocupação irregular do bairro rural de Itoupavazinha e também de Itoupava Central, que poderiam ter sido urbanizadas de maneira ordenada e através de um projeto urbano.

Também é importante destacar, que a família imigrante adquiria seu lote colonial e depois da aquisição, precisava derrubar a mata, construir galpões e a casa temporária, fazer plantações e nas suas horas de folga, junto com os vizinhos, em forma de mutirão, construir toda a infraestrutura básica necessária na localidade, como estradas, pontes, escola, igreja entre outros, nos primeiros tempos.

Chegando ao lote, a família efetuava a derrubada da mata, roças e rancho provisório, muitos destes, com material de palmito – a casa vernacular. Foto do Dr. Phil Wettstein.

No Artigo 5° fica proibido a entrada de escravos, não somente às terras concedidas à Sociedade, como às demais. As primeiras famílias residentes na região tinham escravos. O balseiro de Pedro Wagner era seu escravo.

A intenção de Hermann Blumenau e do Presidente da Província não teve êxito. Houve opiniões divergentes à transformação do projeto em lei e não foi sancionado. 

“Foi constituída, na Assembléia, uma comissão especial, que, concordando com o modo de ver do Presidente, acrescentou um substitutivo ao projeto. Entretanto, também este substitutivo não logrou passar em segunda votação. Por essa razão, o Secretário da Assembleia, com a aprovação desta, encaminhou ao Presidente Antero um ofício comunicando ‘que a Assembleia Legislativa rejeitou o projeto de lei sobre a colonização proposta pelo Sr. Blumenau, como representante da Companhia Protetora dos Imigrantes Alemães no Sul do Brasil, estabelecida na cidade Hamburgo, e julgando a mesma Assembléia que V. Excia, pelas disposições dos decretos provinciais n° 49, de 15 de janeiro de 1836 e n° 79, de 2 de maio de 1839, está autorizado a entrar em contato com qualquer particular, ou companhia que empreenda a colonização da Província, espera que V. Excia, o fará com o sobredito Blumenau…'” José Ferreira da Silva em – História de Blumenau – página 36.

Hermann Blumenau – estava recebendo doação de terras em nome da Sociedade Protetora, a qual estava como representante no Brasil – para seu negócio privado. Mas não se concretizou.

O que fazer?

Os planos mudaram e Hermann Blumenau oportunamente fez sociedade com o comerciante de Nossa Senhora de Desterro, imigrante alemão, Ferdinand Ernst Friedrich Hackradt. Precisava de alguém no local que defendesse seus interesses, quando estivesse na Alemanha, concluindo as providências necessárias para retornar com os primeiros imigrantes para sua colônia e de maneira definitiva. A Firma foi chamada de Blumenau & Hackradt – Firma particular de agricultura e indústria – na forma de uma colônia agrícola.

O Marechal Antero, em um primeiro momento, concedeu terras nas imediações do Ribeirão Garcia – cerca de uma gleba de terra, aumentada no decorrer do tempo, atingindo a área de 150000 jeiras ou 378.000.000m2. 

Ficou acertado entre os sócios que, enquanto Blumenau estivesse na Europa para buscar os imigrantes, Hackradt permaneceria nas terras escolhidas, preparando o local, construindo ranchos, efetuando plantações e preparando o local para as primeiras acomodações dos colonos. Os vizinhos locais acompanharam toda esta movimentação com grande expectativa e também com auxílios, quando necessário.

Ferdinand Ernst Friedrich Hackradt foi para a região do local da colônia agrícola, na companhia de 5 escravos, adquiridos junto ao administrador de Itajaí (contrariando a lei vigente de que imigrantes não poderiam possuir escravos). Iniciaram a construção de ranchos, roças e engenhos no local onde atualmente está a foz do ribeirão da Velha, próximo a Prefeitura Municipal de Blumenau atual.

Hermann Blumenau retorna para a Alemanha, e ao contrário de narrar as questões não muito satisfatórias envolvendo seus conterrâneos – nas colônias alemãs no Brasil, torna-se um propagador das “boas-aventuranças” no Brasil. Propaga as “vantagens” de vir para o país. Não teve muito êxito, a princípio, pois as notícias do Brasil por lá deixaram as pessoas reticentes em migrar para o país.

Na foz do Ribeirão Garcia e na região onde residia a família Wagner e outras famílias, as pessoas se entusiasmaram, diante da perspectiva da fundação de uma colônia alemã na vizinhança. Enviaram, também, homens de Belchior para contribuir com os trabalhos, pois tinham interesse no êxito do projeto, que era assunto permanente em toda a região. 

Não durou muito tempo, o clima de amabilidade, o auxílio e a troca entre o sócio de Blumenau e os residentes da região. Houve diferenças e incompatibilidade com o método adotado pelo sócio de Hermann Blumenau. Com o passar do tempo, a empreitada quase foi abandonada. Do projeto original restou um rancho, um engenho de serra semiacabado. Sem plantações e a sociedade desfeita.

Por que isso?

Hermann Blumenau levou 2 anos para retornar à região, da Alemanha. Hackradt retornou para seus negócios em Nossa Senhora do Desterro. Comunicou ao sócio, por carta, que estavam saindo da sociedade. Nesta correspondência disse que o engenho construído na foz do Ribeirão da Velha estava ameaçado de ser carregado pela enchente e as tábuas serradas alcançaram preço muito baixo. Esta questão atesta que já existia um pequeno comércio na região, antes da chegada dos pioneiros que fundaram a Colônia Blumenau. 

Carl Franz Albert Hoepcke – ex colono da Colônia Blumenau e sobrinho do ex sócio de Hermann Blumenau.

Após um trabalho intenso de propaganda na Alemanha, Hermann Blumenau conseguiu reunir um pequeno grupo de pessoas para imigrar para o Vale do Itajaí. O embarque do grupo aconteceu no mês de junho de 1850. Depois de 84 dias de viagem, chegaram ao Rio de Janeiro. No veleiro, Blumenau trouxe mudas de roseiras e árvores frutíferas.

Para registro – Mais tarde, o sobrinho de Hackradt – Carl Franz Albert Hoepcke, que tinha vindo com uma leva de imigrantes para a Colônia Blumenau foi aconselhado pelo tio a não permanecer na colônia e este foi trabalhar com ele, em Nossa Senhora do Desterro.

A chegada do grupo do primeiro grupo de imigrantes para a Colônia Blumenau. Foz do Ribeirão da Velha no Itajaí Açu.

O grupo viajou da Alemanha para o Brasil com o Veleiro Christian Mathias Schröder. No Brasil, Hermann Blumenau veio na frente do grupo e encontrou o local da foz do ribeirão da Velha abandonado. Neste, estavam velhas cabanas com um velho escravo paralítico e uma escrava, sua companheira. Também, tinha um engenho de serra que não funcionava – e que foi adquirido posteriormente pelo Pastor Stutzer, desafeto de Hermann Blumenau. 

Não havia plantações, somente um pasto com algumas vacas. 

A família Wagner e vizinhos acompanharam a chegada ao local dos 17 imigrantes alemães de um montante de 250 que viriam para iniciar a colônia de Hermann Blumenau. 

Em um primeiro momento, a família Wagner negociou com o Gärtner, sobrinho de Blumenau, que abrira um pequeno negócio. Cedeu-lhe 11 sacos de farinha, 3 barris de melado. Tiveram relações estreitas e trocavam visitas de maneira constante, para trocas de experiências e também troca de mudas e sementes. A história formal não destaca muito estas relações e amparo das pessoas que já residiam na região.

Mapa de 1859 com a localização do último local navegável do Rio Itajaí Açu (embarcações maiores), onde foi localizada a centralidade da nova colônia, bem próximo das terras dos Wagner’s.

Com a fundação da nova colônia alemã, vieram novos profissionais e os Wagner’s e vizinhos passaram a ter mais suporte. O agrimensor Julio Richter, por exemplo, mediu as terras de Johann Peter Wagner / Pedro Wagner e as legalizou junto à Colônia Blumenau. Passou a fazer parte do Distrito da nova Colônia Blumenau e ficou delimitada com quatrocentos braças de frente com mil braças de profundidade – uma braça equivale a 1,8288m.

Nos primeiros tempos, a data de fundação de Blumenau era comemorada no dia 28 de agosto de 1852, sendo que seu 25° aniversário foi comemorado no dia 28 de agosto de 1877.

Os 17 primeiros imigrantes trazidos por Hermann Blumenau

  • Reinhold Gaertner – 26 anos de idade, solteiro, natural de Brunsvique, sobrinho de Hermann Blumenau;
  • Franz Sallenthien – 24 anos, solteiro, lavrador, também natural de Brunsvique;
  • Paul Kellner – 23 anos, solteiro, lavrador, igualmente de Brunsvique;
  • Julius Ritscher – 22 anos, solteiro, agrimensor, natural de Hannover.
  • Wilhelm Friedenreich – com 27 anos de idade, alveitar, natural da Prússia, casado com …
  • Minna Friedenreich – 24 anos de idade, possuindo o casal os seguintes filhos; 
  • Clara Friedenreich – com 2 anos de idade; 
  • Alma Friedenreich – com 9 meses.
  • Daniel Pfaffendorf – 26 anos de idade, solteiro, carpinteiro, natural da Saxônia; 
  • Friedrich Geier – 27 anos de idade, solteiro, marceneiro, natural de Holstein;
  • Friedrich Riemer – 46 anos de idade, solteiro, charuteiro, natural da Prússia.
  • Erich Hoffmann – 22 anos de idade, ferreiro, funileiro, também da Prússia;
  • Andreas Kuhlmann – 52 anos de idade, ferreiro, igualmente da Prússia, acompanhado da esposa; 
  • Johanna Kuhlmann – 44 anos de idade, e das filhas; 
  • Maria Kuhlmann – 20 anos de idade; 
  • Christine Kuhlmann – 17 anos.
  • Andreas Boettcher – 22 anos de idade, solteiro, ferreiro, natural da Prússia.

Os primeiros imigrantes eram da religião protestante luterana. Logo que aportaram, iniciaram a construção de novos ranchos, fizeram derrubadas, limpezas de terrenos e plantações. Desde que chegaram, contaram com o apoio de famílias residentes na região. Destas também era – 17 – as famílias de imigrantes alemães – viviam nas localidades de Pocinho e Belchior, distante de aproximadamente, somente 4 quilômetros, Rio Itajaí Açú abaixo, da sede da nova colônia -Stadtplatz.

As primeiras instalações e atividades na propriedade do imigrante – limpar o terrenos para o plantio, para o pasto e a construção da casa provisória.

Os antigos moradores da região – que já residiam no local – como os Wagner’s, que acompanharam a chegada dos 17 imigrantes alemães – como anteriormente comentado, auxiliaram os chegantes com dicas e adaptações locais, por já estarem há mais tempo na região – há pelo menos 4 anos. Estes já possuíam propriedades próprias com hortas, pomares, vacas, porcos e galinhas. 

Alguns nomes de famílias, residentes na Colônia São Pedro de Alcântara, tinham membros residindo na região do Vale do Itajaí. Estes foram de grande auxílio e apoio aos 17 primeiros pioneiros da Colônia Blumenau. Alguns dos nomes de membros destas famílias – no Vale do Itajaí:

Georg Schmidt, Ludwig Werner (roceiros); Johann Händschen e o belga Jacob Villain (Ferreiros); Georg (Pai de Peter Wagner) Wagner, Ludwig Wagner, Antonio Händschen, Josef Sesterheinn, Peter Lukas, Nikolau Deschamps, Joaquim Antônio Amorim, Jacinto Miranda, Marcelino Dias, Valentim Theiss, auxiliaram em tudo um pouco.

Hermann Bruno Otto Blumenau.

Hermann Blumenau além de avalizar a propaganda do governo brasileiro no território da atual Alemanha – vendia os lotes coloniais às famílias que chegavam – fazendo surgir pela primeira vez na província – o negócio fundiário. Escolhemos dois casos para ilustrar esta afirmativa.

Hermann Blumenau foi proprietário da Colônia Blumenau por 10 anos. Vendeu-a ao Império brasileiro, em 1860. Hermann Blumenau assinou o termo de cessão da Colônia Blumenau, ao Governo Imperial do Brasil e entregou as terras que possuía no Vale do Itajaí, aproximadamente 20 léguas quadradas. As terras foram avaliadas em 120 contos de réis. Desse total, o Império retirou 85 contos de dívidas e pagou 30 contos, considerando que Hermann Blumenau recebeu 5 contos adiantados. Hermann Blumenau continuou como diretor da colônia – funcionário público e recebia um bom salário mediante a realidade local da época – 4 contos de réis por ano (mais de 40 mil reais – ao mês – no valor atual). Isso até   Blumenau tornar-se município em 1880.

Para entender:

  • 1 Real (Réis) – R$ 0,123
  • 1 Mirréis (Mil Réis) – R$ 123,00
  • 1 Conto de Réis (Mil mirréis) – R$ 123.000,00

1 – Família Müller

Trata-se da mesma família Müller – com a qual Hermann Blumenau teve contato em Erfut. 

Fritz Müller, amigo de Hermann Blumenau na Alemanha, foi convencido pelo negociante a se mudar para sua colônia, no Brasil. E no Brasil, politicamente, Hermann Blumenau usou sua influência e transferiu o professor Fritz Müller para Nossa Senhora do Desterro, por incompatibilidade com suas ideias livres. E não somente isto.

Stadtplatz Colônia Blumenau.
Fritz Müller.

Os Müller – Fritz Müller, esposa, sua filha mais velha e seu irmão, partiram da Alemanha em 19 de maio de 1852.  Embarcaram em Hamburg para o Brasil, para o Vale do Itajaí – Colônia Blumenau. 

A família Müller chegou na costa brasileira em 19 de julho e na Colônia Blumenau, em 22 de agosto de 1852. 

O comerciante de terras Hermann Blumenau vendeu para os dois irmãos Müller, os lotes com valores bem mais altos, estes localizados nos confins do Garcia, do que aqueles vendidos aos demais colonos, na mesma época. 

Pode ter pesado o poder aquisitivo da família Müller na Alemanha – pois Hermann Blumenau conhecia quando trabalhava para a família materna de Fritz Müller.

Observar o quadro onde tem listados, compradores, terrenos e valores na época que a família Müller chegou na Colônia Blumenau.

Do livro – História de Blumenau de José Ferreira da Silva – 2°ed. Blumenau: Fundação Casa Dr. Blumenau – 1988. – 299p.

2 – Pastor Stutzer

Outra história que mostra o perfil de Hermann Blumenau como negociante de terras na Colônia Blumenau e que há registros – tem relação com a história do Pastor Luterano Gustav Stutzer – irmão do ex-prefeito de Blumenau Otto Stutzer.

O Ribeirão da Velha, por sua importância, foi muito considerado e respeitado pelos primeiros pioneiros na região. Foi espacializado no importante mapa da Colônia Blumenau de 1864.

Mapa da Colônia de Blumenau de 1864.

Antes de Hermann Blumenau chegar à região da Colônia Blumenau – em 1850 – residiam nessa região do bairro da Velha, a família de Silva Guimarães – desde 1844. Venderam suas terras a Hermann Blumenau – em 1879.

Pastor alemão luterano Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer – ou Gustav Stutzer

Mais tarde,  Blumenau revendeu para o pastor alemão luterano Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer – ou Gustav Stutzer   – em 1885. (Este nascido em Seesen – Harz no dia 30 de janeiro de 1839)

O Pastor Stutzer veio para a região, como outras tantas famílias – e sua propriedade tinha as mesmas características das propriedades locais – na segunda metade do século XIX e início do século XX – quase autossuficientes. Produziam: leite e seus derivados, grãos, farinhas, legumes e verduras, frutas e derivados dessa produção em produtos beneficiados nas propriedades, como compotas, geleias, doces, etc.

O Pastor Gustav permaneceu na região por somente dois anos – até 1887, pois não conseguiu pagar o preço ajustado e a propriedade retornou para Hermann Blumenau, após um longo processo judicial.

O negócio entre o fundador da Colônia Blumenau e o Pastor Gustav Stutzer é citado em publicações da Colônia Blumenau e da Revista Blumenau em Cadernos, bem como, no livro 90 Anos ACIB (ao lado). 

O fato curioso é que, nesta época, Hermann Blumenau já havia retornado para a Alemanha. O que e como, realmente aconteceu esta transação comercial com o possível vendedor, este residindo na Alemanha? 

Blumenau em Cadernos – Agosto de 1958.

Vamos completar esta lacuna histórica?

É sabido que o Pastor Gustav Stutzer e família, como as demais famílias que residiam na Colônia Blumenau, produziam em sua propriedade: leite e seus derivados, grãos, farinhas, legumes e verduras, frutas e derivados dessa produção em produtos beneficiados nas propriedades, como compotas, geleias, doces, etc.

Isto durou 2 anos, quando em 1887 desfez o negócio e mudou-se da Colônia Blumenau após aborrecimentos com Hermann Blumenau. Moraram em Ribeirão Pires – no estado de São Paulo, antes de retornar para a Alemanha.

Contam que o Pastor Gustav Stutzer e sua família (Therese e os filhos – Kaethe Richers, Ilse Gibon, Gertrud Stutzer, Therese Stutzer, Karoline Stutzer e mais um – que não tem o nome registrado) permaneceram na região por somente dois anos por não terem conseguido pagar o valor ajustado com Hermann Blumenau durante a transação do negócio e a propriedade retornou para Hermann Blumenau, após um longo processo judicial. 

Há lacunas não esclarecidas nesta história.

Na Alemanha (e no Brasil, também) – Os Stutzer escreveram alguns livros sobre sua vida na Colônia Blumenau – práticas, hábitos e costumes. 

Também escreveram alguns livros sobre a vida na Colônia Blumenau. 

O Pastor Gustav Stutzer faleceu na Alemanha, com 83 anos – em 21 de março de 1921 – na cidade histórica e universitária de Heidelberg. Deixou sua contribuição para a História, através de seus livros e também, uma relevante contribuição social. O Pastor, como já mencionado, era irmão de Otto Stutzer – personalidade da história de Blumenau colônia e ambos eram irmãos de Albert Stutzer.

Hermann Blumenau.

O fundador de Blumenau – Hermann Bruno Otto Blumenau, após desarranjos políticos e negócios locais que não saíram como suas expectativas, deixou a Colônia Blumenau e retornou para a Alemanha definitivamente em 15 de agosto de 1884. Viveu em Braunschweig – Baixa Saxônia. 

Em outubro deste mesmo ano – 1884, Hermann Blumenau é nomeado agente oficial da Colonização Brasileira em Hamburg. Faleceu no dia 30 de outubro de 1899 na cidade alemã Braunschweig. Viveu, portanto, mais 15 anos, na Alemanha. 

Fritz Müller, que foi “exilado” em Nossa Senhora do Desterro, onde ficou conhecido na Europa – no meio acadêmico, retornou a Blumenau após aposentadoria como professor/pesquisador. Em Blumenau, desenvolveu atividades políticas e de pesquisas, sem nunca parar. Deixou grande legado e contribuição, não somente para Blumenau, mas para a comunidade científica internacional.

Faleceu em Blumenau em maio de 1897 e foi sepultado no Cemitério Luterano Centro – Blumenau/SC.

Até o tempo atual, há resquícios da prática de Hermann Blumenau na cidade de Blumenau, onde os imóveis na região da centralidade da cidade são cobiçados como material de especulação imobiliária, sem um planejamento urbano mais eficaz, onde são considerados a continuidade histórica da paisagem – esta formada pelos elementos naturais, históricos e de adequações à cidade atual.

Um registro para a História.

Referências:

  • GERLACH, Gilberto S.; KADLETZ, Bruno K.; MARCHETTI, Marcondes. Colônia Blumenau no Sul do Brasil. 1. ed. São José: Clube de cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019.
  • HUMPL, Max. Crônica do vilarejo de Itoupava Seca: Altona: desde a origem até a incorporação à área urbana de Blumenau, 1.ed. Méri Frotschter Kramer e Johannes Kramer (organizadores). Escrito em 2018. Blumenau: Edifurb, 2015. 227 p. : il.
  • NICOCELI, Vanessa. Hermann Blumenau: Uma Experiência de Colonização em Santa Catarina (1846-1884). Curitiba, 2014. 205 f.Orientadora: Prof.ª Dr.ª Joseli Maria Nunes Mendonça. Dissertação (Mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná.
  • SILVA, José Ferreira da.  História de Blumenau. 2.ed. – Blumenau: Fundação “Casa Dr. Blumenau”, 1988. – 299 p.
  • VIDOR, Vilmar. Indústria e urbanização no Nordeste de Santa Catarina. Blumenau: Edifurb, 1995. 248p, il.
  • WETTSTEIN, Phil. Brasilien und die Deutsch-brasilieniche Kolonie Blumenau. Leipzig, Verlag von Friedrich Engelmann, 1907.
  • WITTMANN, Angelina C. R. A ferrovia no Vale do Itajaí: Estrada de Ferro Santa Catarina: Edifurb, 2010. – 304 p. :il.
  • WITTMANN, Angelina. Carl Franz Albert Hoepcke – Uma personalidade da História Catarinense. 11 de dezembro de 2014. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2014/12/carl-hoepcke-um-personalidade-da.html. Acesso em: 10 de junho de 2022 – 20:45h.
  • WITTMANN, Angelina. Colono no espaço da Colônia Blumenau. 14 de julho de 2015. Disponível em:https://angelinawittmann.blogspot.com/2015/07/colono-no-espaco-da-colonia-blumenau.html. Acesso em: 22 de junho de 2022 – 20:25h.
  • WITTMANN, Angelina. Fritz e Hermann – Dois Personagens da História de Santa Catarina – Com atualizações. 18 de junho de 2016. Disponível em:https://angelinawittmann.blogspot.com/2016/06/fritz-e-hermann-dois-personagens-da.html. Acesso em: 22 de junho de 2022 – 00:15h.
  • WITTMANN, Angelina. Heinrich Albert Friedrich Gustav Stutzer – Rápida passagem na Colônia Blumenau – Trabalho Social na Alemanha. 8 de fevereiro de 2019. Disponível em:https://angelinawittmann.blogspot.com/2019/02/heinrich-albert-friedrich-gustav.html . Acesso em: 22 de junho de 2022 – 18:34h.
  • WITTMANN, Angelina. Hermann Bruno Otto Blumenau – Primeiro
    Negociante de Terras no Vale do Itajaí.
     Rio Sul – RIO DO SUL – TOMO XXI N. 5/6 Novembro/Dezembro de 2019. Páginas: 32-69.
  • WITTMANN, Angelina. Hermann Bruno Otto Blumenau – De 1819 até 1846 – Sua carta. 9 de janeiro de 2014. Disponível em: https://angelinawittmann.blogspot.com/2014/01/dr-blumenau-de-1819-ate-1846-sua-carta.html. Acesso em: 22 de junho de 2022 – 10:15h.

 

Eu sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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