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Como o enigmático arquiteto Simon Gramlich interveio na estrutura da Fábrica de Chapéus Nelsa em Blumenau

Para marcar o trabalho número 10 da coluna “Registro para a História” escolhemos uma história familiar que reporta aos movimentos sociais e econômicos característicos da memória de Blumenau, envolvendo as famílias que ocupavam o grande território da Colônia Blumenau (território do Alto e Médio Vale do Itajaí) e que contribuíram para o início do processo de industrialização do estado de Santa Catarina.

Tradição e método vingaram nas práticas de gerações seguintes, a partir das práticas dos pioneiros. Isso foi possível porque após uma fatalidade  –  o incêndio no edifício fabril que, aparentemente através de sua arquitetura, teria origem em um determinado período histórico – mostrou-nos outras evidências e, consequentemente, outras e diferente informações sobre sua arquitetura e parte da história das pessoas envolvidas com esta arquitetura. Compartilhamos mais este registro para a história.

Foto da Fábrica de Chapéus Nelsa apresentando a nova imagem logo após a intervenção na fachada – década de 1950 e após o incêndio em 28 de dezembro de 2019. Fonte da 1° Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.
Arquiteto alemão Simon Gramlich

Quem imaginava que por trás do fachadismo deste “aparente” Art Decó teríamos uma história familiar tão antiga quanto parte da história de Blumenau e também, o trabalho de um dos arquitetos mais enigmáticos, nascido no estado alemão de Baden-Württemberg e autor de uma grande produção de projetos construídos, marcados pela qualidade e pela quantidade jamais vistas no Brasil. No entanto, o mesmo é quase um mero desconhecido entre os nomes destacados na arte de construir e projetar edifícios. Vamos apresentar um pouco sobre esta história – a história da Fábrica Chapéus Nelsa, que, em seus tempos finais de operação, estava localizada em um edifício que sofreu um incêndio por volta das 00h15 em 28 de dezembro de 2019. O que restou do antigo edifício está localizado no bairro Victor Konder, Rua São Paulo, em Blumenau SC. No local atualmente estavam instaladas as casas comerciais: Herval Móveis e Colchões, Top Festas, loja Maestria, Top Mobile Louças e Metais, e o consultório do Dr. Fabrício Fernandes.

Ah, o arquiteto é Simon Gramlich. Muitos reportam a ele como Simão Gramlich.

Local da última localização do Chapéus Nelsa. Situação atual. Fonte: Google Earth Modificado: WITTMANN

A nova fachada do antigo edifício da Fábrica de Chapéus Nelsa aparentemente segue as linhas do Art Decó e foi construída entre as décadas de 1940 e 1950. Ao menos, foi assim registrado na história local, até aqui. A antiga fábrica é um dos edifícios não religiosos que recebeu o trabalho do enigmático “arquiteto das catedrais” Simon Gramlich, cuja obra, só na região, ultrapassa a 500 projetos e poucos são os que o conhecem, fora da academia.

Gramlich foi um engenheiro-arquiteto nascido na cidade de Herbolzheim – no estado alemão de Baden Würtemberg – em 7 de agosto de 1887. Há poucos registros sobre sua vida privada e profissional a não ser sua vasta obra executada em muitas cidades do Sul do Brasil, composta de projetos com características linhas ecléticas da virada do século XIX para o século XX, como: Art Decó, neogótico, neoclássico e moderno – que variavam de um edifício para outro, nas proporções, tipos, como: fábricas, escolas, espaços comerciais e muitas igrejas. Encontrava muita dificuldade para encontrar mão de obra qualificada, para executar seus projetos ricos em detalhes, dentro dos muitos estilos, que dominava e criava. Em Blumenau, por exemplo, no prédio da antiga fábrica atingida pelo fogo em 28 de dezembro de 2019, Fábrica de Chapéus Nelsa, o arquiteto executou a fachada nova para um edifício pré existente com características do neoclássico que contava com a presença da mansarda tipo francesa, para o estilo Art Decó, através do decorativismo. Gramlich possui muitos projetos executados em toda a região do Vale do Itajaí e como já mencionado, no Sul do Brasil.

Quanto a fábrica de Chapéus Nelsa, foi durante esta pesquisa que identificamos a abrangência da interferência da proposta do arquiteto, através de seu projeto na fábrica de chapéus. Constatamos que Gramlich projetou somente a fachada da nova fábrica – sobre o edifício pré existente fotografado e publicado em um jornal do Rio de Janeiro. Para confirmar nossa percepção e criar elementos materiais para comprovar esta versão, fomos até o local da fábrica, no mesmo dia do incêndio, em 28 de dezembro de 2019 e verificamos que partes do antigo edifício, construído no início da década de 1930, estava lá. O antigo edifício não foi demolido para se construir o “novo” projetado por Gramlich, como se pressupunha e era divulgado em publicações. O edifício da fábrica foi “repaginado”, com aspectos e elementos do Art Decó.

Esta edificação antiga estava no interior e era tida como parte do projeto do arquiteto alemão. Constatamos, indo local estudando o escombros pós incêndio, é de que foi feita uma reforma, na qual foram colocados adornos e elementos decorativos, através de uma nova fachada para aparentar o “novo” e o atual estilo da época – o Art Decó.

Incêndio – Madrugada de 28 de dezembro de 2019 – início a 00h15

A Fábrica

A fábrica de chapéus foi fundada em 1925 por Rudolf Clasen e Hermann Weege sob a denominação de Clasen e Weege. A primeira sede da fábrica de chapéus foi instalada na comunidade Altona – atual bairro de Itoupava Seca, próximo ao casarão da Salinger e das oficinas da ferrovia  EFSC. Na época contrataram o profissional, chapeleiro polonês, profissão praticamente extinta, Rudolf Leder, que trabalhava em Limeira SP.

De acordo com a pesquisa de Gabriela Poltronieri Lenzi desenvolvida em Salamanca – “Memórias de Pessoas e Chapéus Em Blumenau, Brasil, e Florença, Itália” – a ideia para a fundação da fábrica de chapéus partiu de um representante da fábrica alemã IG FarbenHerr Staritz em uma de suas visitas a Blumenau, em 1925, quando sugeriu sua ideia a Rudolf Clasen e Hermann Weege.

No mesmo ano, Rudolf Clasen e Hermann Weege montaram a fábrica. Clasen forneceu o espaço físico localizado em Altona e Weege, o capital. Passado um tempo, a firma teve outro sócio, que não permaneceu por muito tempo e era conhecido como Olinger. Foi então, que contrataram Rudolf Leder.

“O chapeleiro polonês Rudolfo Leder trabalhava em São Paulo quando foi contratado pela Clasen & Weege, indústria fundada em 1925. O profissional chegou a Blumenau com a família para atuar na produção dos chapéus “Nelsa”, que tinha esse nome devido ao “N” do nome da filha de Olinger (Ninete)” Memória Digital

Em 1931, Friedrich Karl Kurt Lischke, que trabalhava em Florianópolis, na firma de Carl Hoepcke, se casou com a filha de Hermann Weege (PommerOder), Cecília Weege. Com isso, entrou na sociedade de chapéus junto com o chapeleiro Rudolf Leder, passando a fábrica a se chamar Leder & Lischke. Friedrich Karl Kurt Lischke, como genro de Hermann Weege, assumiu a sociedade da fábrica de chapéus com o chapeleiro Rudolf Leder.

De acordo com o livro “Colônia Blumenau no Sul do Brasil” – Tomo I, página 144, Friedrich Karl Kurt Lischke nasceu em Berlin – Alemanha, em 1898 emigrou para o Brasil e em dezembro de 1923 foi contratado pela firma de Carl Hoepcke de Florianópolis. Lischke era engenheiro mecânico e se casou com Cecília Weege de Pomerode, em 1929, quando a fábrica de chapéus tinha 4 anos de existência. Quando ingressou na sociedade da  fábrica, era casado há 3 anos.

A Frau Leder, esposa do sócio Rudolf e que tinha o nome de Elsa, auxiliava na costura dos acabamentos dos chapéus ao lado das funcionárias contratadas – que não passavam de cinco. Os acabamentos dos chapéus se resumiam em: aplicação de forro de seda no seu interior, junto com um acabamento de couro e um laço e uma fita de seda no lado externo.

Neste mesmo ano de 1931, a fábrica de chapéus se mudou para um prédio novo com mansarda, tipologia característica do imigrante alemão no mesmo local, onde é tido como o local da fábrica de chapéus nos dias atuais, localizado na rua São Paulo, bairro Victor Konder.

Aparentemente este grupo de trabalhadores se encontravam na frente da fábrica antiga, antes da intervenção de Simon Gramlich, localizada na Rua São Paulo – observar fotografia do Jornal do Rio de Janeiro. Um ponto a ser observado para a pesquisa – os trajes. Observamos que há uma pessoa com sua calça remendada (3° da direita para a esquerda) Alguns usam camiseta branca, que poderia muito bem ser da Hering, até então “roupa de baixo”, ou camisa com colete, parte de indumentária trazida pelos pioneiros. Municipal de Cultura / Arquivo Histórico José Ferreira da Silva / Acervo iconográfico: Fundo Memória da Cidade – Blumenau – Indústria – F – Fábrica de Chapéus Nelsa – 5.13.F.9.16 / Fundo Memória da Cidade – Indústrias- Fabrica de Chapéus Nelsa 26.1.12.C.2 doc 09)

Um artigo publicado em um jornal do Rio de Janeiro de 1942 menciona a fábrica em um artigo ilustrado com duas fotografias de 1942, nas quais a fábrica está como foi construída na década de 1930. Concluímos então, que até a data de 1942 não houve a revitalização da fachada como conhecemos atualmente, feita por Simon Gramlich. Também, neste tempo, a fábrica já era conhecida como Fábrica de Chapéus Nelsa.

Nesta data, o genro de Hermann Weege,  Friedrich Karl Kurt Lischke, foi preso em Florianópolis, pelas forças do Nacionalismo de Vargas e Ramos.

Foto 1 da matéria do Jornal do Rio de Janeiro “A Manhã”- 1942 – a fábrica de chapéus já era conhecida como Fábrica de Chapéus Nelsa. Arquitetura característica, dotada da mansarda tipo francesa – desde janeiro de 1940. Foto: Repórter – Jornal de 1942

Nesta fotografia da matéria publicada no jornal do Rio de Janeiro (acima e abaixo), pode-se observar que a parte dos fundos da fábrica não foi modificada, após a intervenção assinada por Simon Gramlich. Fomos até o local para observar o que restou do edifício – antigo e “novo” – após o incêndio de 2019, para algumas conclusões.

Foto 2 da matéria do Jornal do Rio de Janeiro “A Manhã” – 1942, edifício antigo da década de 1930. Foto: Repórter. Fotografia feita do interior da propriedade de Cecília Weege Lischke e depois de Ellen J. Weege Volmer – repórter menciona no artigo (abaixo) que foi do interior de uma propriedade, desconhecia ele, que era dos proprietários da fábrica. Foto: Repórter – Jornal de 1942
Matéria do Jornal do Rio de Janeiro “A Manhã” – 1942 – na qual estavam as duas fotos anteriores

“IMPRESSÕES DE UMA REPORTAGEM FELIZ

Satisfeitos com tudo o que tínhamos visto, sentimos que nossa confiança nos destinos da grande Pátria Brasileira estava reforçada ainda mais, com a visita que acabáramos de fazer na Fábrica de Chapéus Nela S. A. – modelo de organização, disciplina e trabalho. Ali, no silêncio dos escritórios em meio no ruido das máquinas, um grupo de brasileiros, incansavelmente, contribuindo para o progresso de Blumenau e do Brasil, de que aquela formosa terra é uma parcela preciosa.

Cordialmente, despedimo-nos dos diretores da Fábrica de Chapéus Nelsa S. A. e continuamos nossa caminhada através da cidade, que, no sol do melo-dia, nos aparecia em todo o esplendor de sua força. Jornal ‘A Manhã’ – 1942

No entanto, a descrição por parte do jornal, da fábrica, não impediu a prisão de um daqueles que  recebeu a reportagem.

O almanaque Almanak Laemmert publicado no Rio de Janeiro que apresentava empresas: Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) – entre as datas de 1891 a 1940, confirma a nova sociedade da fábrica nesta data, onde apresenta a fábrica de chapéus como a firma Leder e Lischke.

Uma questão ser considerada é de que o Lischke do nome da firma, pode significar Cecília Weege Lischke e não Friedrich Karl Kurt Lischke, como muitos consideram. Cecília assumiu a presidência da fábrica em 1942, quando o marido Friedrich Karl Kurt Lischke foi preso em um campo de concentração, em Florianópolis. Cecília permaneceu presidente da firma até esta,  a Fábrica de Chapéus Nelsa, fechar na década de 1960.

Friedrich Karl Kurt Lischke foi preso e sua esposa Cecília assumiu a presidência da Fábrica de Chapéus Nelsa

Na matéria publicada do Rio de Janeiro em 1942, o jornalista afirma que Friedrich Karl Kurt Lischke, junto com outros membros da diretoria da fábrica, recebeu o repórter em 1942. Então Cecília Weege Lischke só pode ter assumido a presidência da fábrica, nos últimos meses de 1942.
A configuração atual do edifício da fábrica, através da intervenção do projeto de adequação e de fachadismo de Gramlich, buscou refletir os “novos tempos” da fábrica, que além de chapéus, passou também, a produzir boinas e ombreiras de lã.

A “Nova Arquitetura”

A “nova arquitetura” a partir do “Fachadismo” se resume em três volumes distintos aparentemente integrados com o tradicional telhado com estrutura de madeira e um conjunto  dotado de volumes munidos de dois panos de telhados e cobertos com telhas tipo “rabo de castor” ou germânica/plana, com o acréscimo do elemento frontal, um tipo de “platibanda” com  forma arredondada, que encobriu as empenas destas construções, algumas construídas na década de 1930. Estes elementos, platibandas com a forma de meio círculo, munidas com o acréscimo do decorativismo da linguagem do Art Decó, formaram a fachada do edifício conhecida atualmente. Também foram acrescidos nestas fachadas elementos alongados verticais que demarcaram aberturas e detalhes nas “novas” empenas.

Os volumes do fachadismo de Simon Gramlich foram resultados do decorativismo colocados sobre volumes existentes e construídos na década de 1930. Observar alinhamento

Segue um estudo através das imagens, que comunicam. Tiramos uma imagem “atual” do Google Maps e a comparamos com a fotografia publicada no jornal do Rio de Janeiro “A Manhã”, de 1942. Pode-se observar um pouco deste telhado após a intervenção de Simon Gramlich. Permaneceu um “Dachgaube”, janelinha na mansarda, do edifício da década de 1930 – localizado atrás da platibanda redonda da fachada proposta pelo arquiteto. Também a volumetria dos fundos da edificação, permaneceu parte da antiga construção. Em sua intervenção, Gramlich usou a técnica construtiva do concreto armado, diferentemente da técnica construtiva do antigo edifício, de alvenaria autoportante de tijolos maciços. O concreto armado, foi responsável para que esta fachada permanecesse em pé após o incêndio (Não significa que não esteja comprometida estruturalmente), ao contrário do resto do edifício, o que também aponta para a conclusão final do fachadismo que encobriu a arquitetura fabril do pioneiro local e regional, em pleno nacionalismo na região.

As imagens comunicam…

Não desmoronou com o incêndio, porque ao contrário do resto e antigo edifício, esta parte foi construída com concreto armado. Outra tecnologia.
Detalhe das empenas da fábrica de 1930, presente na publicação do jornal de 1942
Empena da fábrica de 1942 “englobada” na “Nova Arquitetura”

Por trás das platibandas com forma arredondadas, feitas em concreto armado, está a marca da empena do antigo edifício fabril construído com alvenaria autoportante de tijolos maciços

Fachadismo, através da intervenção do arquiteto Simon Gramlich, em concreto armado

Quando a Fábrica de Chapéus Nelsa – encerrou suas atividades?

De acordo com a pesquisa desenvolvida pela arquiteta Silvana Maria Moretti no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSC, em 2006, a Fábrica de Chapéus Nelsa encerrou suas atividades em 1965.

Outro detalhe curioso que a história oficial não conta é que, de acordo com a pesquisa de Moretti, Cecília (Weege) Lischke, esposa de Friedrich Karl Kurt Lischke, herdeira da Fábrica de Chapéus Nelsa, assumiu a presidência da fábrica entre os anos de 1942 até 1965 (quando encerrou suas atividades) e também, da Malharia Majú, que fundou em 1953.

Analisando os dados históricos coletados e organizados de maneira cronológica, há uma comprovação que, de fato, Cecília Weege Lischke assumiu a presidência da fábrica, quando seu marido foi preso em um campo de concentração em Florianópolis – durante o período do Nacionalismo, que acontecia  na região.

Wandér Weege e sua prima (de uma geração anterior) Ellen J. Weege Vollmer, sobrinha de Cecília, no dia da inauguração do Museu Hábitos e Costumes, em Blumenau

A sociedade, muitas vezes, esconde informações nas “dobraduras” da história.
Cecília Weege Lischke foi tia de Ellen J. Weege Volmer, que residia no terreno onde está localizado atualmente, o Supermercado Giasse, e dona do acervo doado para o museu de Blumenau “Uso e Costumes”.

Contribuição importante enviada pelo genealogista catarinense Marcos Schroeder
Árvore genealógica, fixada na parede do Museu Weege – antiga residencia Weege – Pomerode SC.
Acervo de Marcos A. Roeck. A outra empresa fundada por Cecília Weege Lischke estava no entorno da fábrica de chapéu. Também sua residência poderia ser no mesmo local onde residia sua filha Ellen – casa demolida para construir um supermercado em uma importante esquina de Blumenau
Chapéus Nelsa no Museu Weege em memória a Hermann Weege – Pomerode SC

Não confere a informação  (NSC Total  28 de dezembro de 2019)

“(…) O imóvel foi erguido entre o fim da década de 1930 e o início da década de 1940. (…) o autor do projeto foi o alemão Simon Gramlich, arquiteto que também desenhou as igrejas de Gaspar, Itajaí, Rio do Sul, e foi o responsável por mais de 400 edificações antes da primeira metade do século 20. (…)”

Simon Gramlich interferiu na fachada da fábrica, cujo edifício já existia no local de acordo com a publicação do jornal do Rio de Janeiro, somente a partir de década de 1950, sendo que deixou boa parte da antiga construção da década de 1930, alterando somente a fachada frontal com o acréscimo de elementos do Art Decó.

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Primeira reunião do COPE – Conselho Municipal do Patrimônio Cultural Edificado
30 de março de 2022
Em 30 de março de 2022 assumimos uma cadeira de Conselheira como representante da CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo, no COPE – Conselho Municipal do Patrimônio Cultural Edificado, onde estava em uma das pautas – a “fachada” da Fábrica dos Chapéus Nelsa, parte do Projeto do arquiteto alemão Simon Gramlich. Aparentemente, desde o incêndio, parte deste patrimônio está em pauta no COPE. Existiu projeto para adequar o uso, considerando a presença da fachada integrada à nova edificação, mas encontrou entraves durante os debates e não foi aprovado. Por duas vezes. Todo o processo de aprovação e análise se alongou muito e o resto do patrimônio não pode esperar e ficava com situação pior, quanto a sua patologia da estabilidade. O incêndio aconteceu em  28 de dezembro de 2019 e em março de 2022, ainda se decidia sobre as ruínas dos arcos da fábrica que se encontravam em pé. Demorou muito.
Ao longo deste processo, foram apresentados 2 projetos e 4 laudos sobre a segurança desta fachada, que se recuperada, demanda um orçamento alto.
De qualquer maneira, pode-se manter os arcos. Tem como manter os arcos no local e expusemos aos interessados, que se conseguirem fazê-lo, estarão demonstrando comprometimento com a cidade, sensibilidade com sua história e estarão possuindo algo inédito e cheio de lastro histórico. Dispensando qualquer custo com publicidade, pois sua própria ação, será uma publicidade que encherá os olhos.
Após debates, ficou deliberado que o proprietário poderá retirar os arcos (que se encontram escorados – construídos com técnica construtiva autoportante com tijolos maciços) seguindo a orientação dos laudos técnicos, que afirmam, estes estão de pé, por conta das escoras colocadas para segurá-los. Esperamos  que repensem e se puderem (investimento), mantenham esta fachada. É sabido e foi debatido que demanda um pequeno capital.
Nosso voto foi contrário à demolição, ciente de que se pode manter, mas também ciente que pode ser algo difícil de se concretizar, em função do alto custo para mantê-lo.
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O Proprietário decidiu Retirar os arcos do local e perdeu uma oportunidade.
1° de março de 2022
Vídeo feito por Dieter Altenburg

Se o proprietário optasse em deixar os arcos em seu empreendimento, teríamos grande alegria e prazer em comunicar sobre ele e publicar como um registro para a História. Agora, resta-nos somente colocar um ponto final.    

 Histórias da Colônia Blumenau!

 

Referências

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twiter)

 

 

 

 

 

 

 

 


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