Reviravoltas marcam busca de moradora do Vale do Itajaí pela identidade do pai biológico
Aos 42 anos de idade, Graziela conhece irmãs após exame de DNA apontar família paterna desconhecida
A junção entre a fé e a ciência levaram a brusquense Graziela Tomasi Bertolini a descobrir quem era o seu verdadeiro pai. A terapeuta de 42 anos tinha como figura paterna outro homem, com quem nunca teve contato pessoalmente.
A história de Graziela tem várias reviravoltas, sido contada por ela no Instagram. Em junho, após uma vida de incertezas quanto à origem do lado paterno da família, ela finalmente descobriu quem era seu pai.
“O que me motivou a fazer essa busca pela minha história foi o caminho profissional que decidi seguir. Sou terapeuta há nove anos e, antes de trabalhar com as pessoas e suas histórias, também olhei para minha história, não mais com um olhar de raiva do abandono paterno”, diz.
As primeiras lembranças da terapeuta com o homem que diziam ser seu pai são da infância. Uma vez, na escadaria da igreja Matriz, no Centro de Brusque, ela se encontrou com o suposto pai. A mãe de Graziela informou a ela quem era o homem, que não quis contato.
O tempo passou e, aos 16 anos, Graziela foi em busca dele. Ela tinha curiosidade de saber quem o homem era, pelo menos vê-lo. Então, escondida da mãe, foi até o trabalho dele. Graziela viu ele de longe, mas não quis contato. A intenção era somente olhar para o rosto dele.
Falecimento de mãe e pai
Em 2004, a mãe de Graziela, Maria de Lourdes Tomasi, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). No período de internação da mãe, o telefone da casa de Graziela tocou. Do outro lado da linha, uma voz dizia que o homem atribuído como pai dela havia falecido em decorrência de um infarto.
Passaram-se três dias, e Maria de Lourdes não resistiu às complicações pós-AVC e faleceu. Graziela perdeu o pai e a mãe na mesma semana. Tudo aconteceu no período da Páscoa daquele ano.

A ocasião da morte do homem fez Graziela conhecer uma irmã, a jornalista Guédria Baron Motta. A terapeuta não sabia da existência da irmã, mas Guédria tinha conhecimento da vida de Graziela. As duas, então, se aproximaram.
“A minha mãe me contava histórias. Me contou que, quando eu era bebê, o meu pai teve uma outra filha, que se chamava Graziela. Eu sabia que ela existia e que era minha irmã”, explica Guédria.
A irmã afirma que a história de Graziela repercutiu na cidade naquela época, pois ela havia perdido, praticamente no mesmo dia, o pai que nunca teve contato e a mãe que a criou. Isso despertou em Guédria o interesse de telefonar para a irmã e revelar o parentesco.
Teste de DNA negativo
Enquanto montava a árvore genealógica do marido Carlos Rafael Bertolini, que buscava cidadania italiana, Graziela também optou por registrar os nomes dos antepassados da própria família. Ela decidiu querer constar o nome do pai na sua certidão.
Na mesma época, em 2023, ela buscou então a realização de um teste de DNA, para verificar a origem do pai. No entanto, para surpresa dela, o homem que sempre imaginou como figura paterna, na verdade, não era o pai dela. Aos 40 anos, Graziela descobriu que nunca soube realmente quem era seu pai.
A irmã Guédria, por outro lado, era mesmo a filha do homem. Ou seja, as duas não eram irmãs biológicas. Graziela, interessada em descobrir quem de fato era seu pai, buscou outras alternativas, com apoio de Guédria.
“Quando veio o resultado do teste de DNA, eu fiquei triste, não só pelo fato de a Graziela não ser minha irmã biológica, mas por ser uma pessoa sem pai. De novo, estava em um limbo de não saber quem era o pai dela”, comenta Guédria.

Por indicação de um psicólogo, a terapeuta decidiu realizar um outro teste genético, diferente, que aponta o grau de parentesco entre pessoas que realizaram o mesmo teste.
Ela fez o exame junto com uma prima, em novembro de 2023, para saber se o lado da família materna estava correto, pois havia cogitado, até mesmo, ter sido trocada na maternidade. Felizmente, o teste apontou que havia grau de parentesco entre as duas.
O desafio, então, era descobrir quem era seu verdadeiro pai, o homem que nunca conheceu em quatro décadas de vida. O trabalho foi árduo. Após muita investigação, chegou um momento em que as buscas travaram. Neste momento, a ciência deu espaço para a fé.
“Eu pedi para Deus tocar o coração de alguém próximo à família do meu pai, para realizar o teste genético também”, conta Graziela. A reza surtiu efeitos. Quando verificou o sistema que concentra os testes genéticos, apareceu uma pessoa que tinha compatibilidade com a terapeuta.
Tratava-se da jornalista Talita Garcia, que realizou o teste genético despretensiosamente. Os níveis de proximidade do exame revelaram que a relação de parentesco entre Graziela e Talita poderia ser de irmãs, o que foi confirmado posteriormente.
Além de Talita, Graziela também conheceu outras duas irmãs, Thaís e Tati. Em junho de 2025, finalmente a terapeuta descobriu quem era o seu verdadeiro pai. Ela, porém, não pôde conhecê-lo.
O pai de Graziela, Talita, Thaís e Tati faleceu em 2000, há 25 anos. Apesar de não ter contato pessoalmente, a terapeuta fica feliz por descobrir sua real história.
“Eu me sinto alegre. Considero que foi um milagre. Foi algo muito certeiro. Me sinto bem por saber da minha história. Fiz uma busca madura, preparada para o que estava por vir”, relata.
Apesar da tristeza por descobrir que Graziela não é irmã biológica, Guédria diz que sentiu profunda alegria quando a terapeuta conheceu, de fato, a origem da família do pai. A jornalista diz, em tom de brincadeira, que Graziela é uma “ex-irmã”, mas que sempre será a “eterna irmã do coração”.
Talita conhece a irmã
Talita começou a pesquisar as origens da família em 2013. Desde então, ela monta sua árvore genealógica por meio de um site, o Family Search.
Na última década, após pesquisas, chegou a informações de que os antepassados de sobrenome Garcia eram originários do arquipélago dos Açores, em Portugal. No entanto, ela quis ir além dos resultados que já havia obtido.
“Em 2024, apareceu para mim, no Instagram, propagandas sobre este teste genético específico, que busca as origens por meio do DNA. Me pareceu uma oportunidade de ampliar o conhecimento da família, o que despertou muito interesse”, conta.
A jornalista comprou o teste no final daquele ano. No entanto, não fez a coleta em um primeiro momento. Ela esperou alguns meses, até que, no fim de março de 2025, decidiu realizar o exame. O resultado ficou pronto em maio.
O teste de Graziela já havia sido feito em 2023, mas, nos meses que seguiram, a plataforma de exames apontava somente para pessoas com um baixo nível de compatibilidade de DNA com a terapeuta, sem a proximidade que ela buscava.
Passado mais de um ano, Talita realizou o exame que apresentou alta compatibilidade com o de Graziela, indicando um parentesco de primeiro grau.
“Três dias depois que saiu o meu resultado, a Graziela me ligou. Ela me explicou porque fez o teste e eu relatei porque havia feito também. Depois, uma irmã minha quis fazer. O resultado dela, da mesma forma, apontou um alto número de DNA compartilhado com a Graziela”.
A reação de Talita e das irmãs foi de surpresa, já que a jornalista não tinha pretensão de procurar um parente específico. Para ela, todos os parentes próximos já eram conhecidos. A jornalista afirma que toda a família lidou bem com a situação. As irmãs se conheceram e todas receberam Graziela como irmã.
“A revelação não muda a imagem do nosso pai. Ele sempre foi um pai carinhoso, presente e amigo. Tenho certeza que, se ele ao menos suspeitasse que tinha uma outra filha, teria procurado por ela, ainda criança, para que a gente pudesse conviver, brincar, crescer juntas e para que ele pudesse participar da sua vida exercendo o seu papel de pai”, finaliza.
Leia também:
1. Catarinense Série B: BEC empata com Fluminense em Joinville e garante vaga nas semifinais
2. Após agredir irmã, homem é contido por vizinhos no Velha Grande, em Blumenau
3. Metropolitano vence o Camboriú e se classifica ao mata-mata da Série B do Catarinense
4. Motociclista cai em valeta da rodovia após acidente com dois carros em Gaspar
5. Briga de casal iniciada por causa de um story leva à prisão de homem em Blumenau
Veja agora mesmo!
Casarão da família Karsten tem detalhes que revelam origem da empresa e história do têxtil na região:

