Saiba por que Dom Angélico será sepultado na cripta da Catedral São Paulo Apóstolo de Blumenau
Bispo emérito de Blumenau amava a todos de forma igualitária e tinha espírito solidário com os mais vulneráveis
Uma figura importante para o município, Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau, faleceu nesta terça-feira, 15, aos 92 anos. Ele faleceu na residência do Padre Antônio Leite Barbosa Júnior, às 18h23. O corpo do bispo emérito será sepultado na cripta da Catedral São Paulo Apóstolo de Blumenau.
Sepultamento na cripta
De acordo com o padre Raul Kestring, responsável pela comunicação da Diocese de Blumenau, todo bispo tem o direito de ser sepultado na cripta da igreja onde se aposentou. A cripta onde será sepultado Dom Angélico foi construída no presbitério da Catedral São Paulo Apóstolo de Blumenau.
“Tem esse local preparado de acordo com a vontade do bispo. Tem muitos bispos que preferem ser sepultados em outro local, mas Dom Angélico expressou em carta por escrito que ele gostaria de ser sepultado em Blumenau. E sendo em Blumenau, então a Catedral lhe reserva aquele lugar de direito como o bispo e também como o primeiro bispo da Diocese de Blumenau”, explica.
Segundo o padre Raul, a cripta foi preparada há cerca de dois anos. O local onde será sepultado o corpo de Dom Angélico fica próximo ao altar. Ele acredita que muitas pessoas deverão comparecer ao local para prestar a sua última homenagem a Dom Angélico.

Despedida de Dom Angélico
O velório terá início na quarta-feira, 16, às 8h, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, localizada na Vila Zat, Região da Brasilândia, em São Paulo.
A Santa Missa de corpo presente será celebrada às 15h, presidida por Dom Odilo Pedro Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo. Após a celebração, o corpo seguirá para Blumenau.
A chegada à Catedral São Paulo Apóstolo de Blumenau está prevista para as 10h da quinta-feira, 17. Dom Rafael Biernaski, bispo de Blumenau, celebrará a Santa Missa de exéquias às 14h. Logo após a cerimônia acontecerá o sepultamento de Dom Angélico na cripta da própria Catedral.
É esperado um grande público para se despedir de Dom Angélico. “Ele deixou boas lembranças em todos os lugares por onde passou, em todas as comunidades pastorais, movimentos e não só aqui de Blumenau, mas também de outros lugares aqui de Santa Catarina e até de fora do estado. Ele é uma figura muito proeminente do nosso episcopado catarinense e do nosso episcopado brasileiro também”, enfatiza padre Raul.

Quem era Dom Angélico
Dom Angélico nasceu em Saltinho (SC) em 19 de janeiro de 1933. Em 19 de abril de 2000, foi nomeado pelo Papa João Paulo II, 1º bispo diocesano de Blumenau, tomando posse em 24 de junho do mesmo ano. Ele foi eleito presidente do Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); à 5ª Conferência dos Bispos da América Latina e Caribe, em Aparecida. Foi membro da Comissão dos Bispos Eméritos da CNBB. Em 18 de fevereiro de 2009, o Papa Bento XVI aceitou seu pedido de renúncia do governo pastoral da diocese.
Amigo de longa data do bispo emérito, padre Raul recorda com carinho de Dom Angélico. Ele foi o primeiro bispo da Diocese de Blumenau e padre Raul teve a oportunidade de atuar ao lado dele. “Ele foi o bispo da Diocese de Blumenau e o bispo para os padres é considerado como um pai”, enfatiza.
“Dom Angélico, para mim, representou muito adequadamente esta figura. Me acompanhou em momentos de lutas, em momentos de trabalhos nas paróquias e até em momentos em que eu precisei de um apoio mais pessoal. Sempre encontrei nele este verdadeiro pai”, fala padre Raul.
Padre Raul descreve Dom Angélico como uma pessoa muito receptiva, que queria o bem de todos, especialmente as pessoas mais vulneráveis.
Conforme o direito canônico, ao atingir 75 anos, o bispo é convidado a apresentar ao Papa a renúncia da sua Diocese em vista da idade. Foi o que Dom Angélico fez ao atingir a idade. “Ele foi obediente, generoso e desapegado diante do Papa, pedindo esta renúncia aos 75 anos”, conta.
Padre Raul destaca que, devido à sua generosidade, Dom Angélico amava a todos de forma igualitária. “Ele amava a todos, realmente posso dizer isso com muita franqueza, não excluía ninguém. Mas diante disso ele também atraiu incompreensões, justamente de pessoas que às vezes confundem gestos assim de atenção às pessoas menos favorecidas com política. Mas nele se sobressaia muito este espírito de fé, vendo nas pessoas realmente a figura de Jesus”, explica.

Ajuda ao próximo
Segundo padre Raul, uma das maiores características de Dom Angélico era o espírito solidário, além de não ver diferenças entre as pessoas e tratar todos como iguais. Ele recorda que em 2008, quando o município foi atingido pelas enchentes devido às fortes chuvas, Dom Angélico se esforçou ao máximo para ajudar as pessoas impactadas pela tragédia.
“Ele se desdobrou, ativou todas as forças evangelizadoras da Diocese em vista de prestar aquele socorro imediato que as pessoas realmente necessitavam. Eu guardo boas recordações de gestos e das visitas que ele fez às pessoas que passavam por dificuldades naquela época”, comenta.
Dom Angélico trabalhou na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), exerceu diversos cargos em Blumenau e no Regional Sul 4, onde também foi presidente durante um período e acompanhou de perto toda a ação pastoral em comunhão com os bispos do estado.
Padre Raul destaca imensa gratidão pessoal ao trabalho desenvolvido por Dom Angélico na região e na Diocese de Blumenau. Ele recorda que o bispo emérito era jornalista aposentado e que ele lhe incentivou no gosto pela comunicação. Juntos eles iniciaram o jornal da Diocese de Blumenau, que funcionou ativamente durante 20 anos. Padre Raul recorda que Dom Angélico tomou posse em junho de 2000 e em novembro do mesmo ano saiu o primeiro exemplar do jornal da Diocese de Blumenau.
“O relacionamento que eu tive com Dom Angélico foi um relacionamento filial e eu sinto que naquele tempo, com esse relacionamento, eu me aperfeiçoei bastante como pessoa, como padre e como prestador de serviço ao povo”, conta.
“Eu tenho muita gratidão exatamente por este acompanhamento, por este incentivo, e por este legado. Realmente é um legado que ele nos deixou que nós devemos cultivar e preservar”, acrescenta.
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