Uma cidade que não tem passaporte é uma cidade sem vontade de ousar, de olhar para fora e para frente e que se acostumou a aceitar somente aquilo que os outros dizem conhecer.

Blumenau não pensa mais em preservar suas casas históricas, não incentiva a construção de imóveis em estilo enxaimel, não incentiva a manutenção do seu DNA de cidade germânica e está sempre acreditando que vai aparecer um salvador da pátria para resolver nossos problemas.

Alguém ainda acredita que o turista virá para Blumenau para passear na Rua XV de Novembro pra comprar remédio nas farmácias, trocar capinha de celular ou adquirir produto chinês em lojas de dez reais?

Até o começo da década passada éramos uma cidade com perfil industrial que gerava empregos, exportava para todo o Brasil e se orgulhava quando as pessoas de fora vinham para cá e elogiavam nossa qualidade de vida, mas hoje nossa vocação é a prestação de serviço sem qualquer segurança financeira.

Mas como é que a gente muda isso? A gente só muda isso mudando, mudando a mentalidade, mudando a vontade, mudando as nossas prioridades e mudando o pensamento de que a prefeitura tem a obrigação de fazer tudo pela cidade. Nos acostumamos a jogar o futuro da cidade e o nosso futuro nas mãos dos administradores como se não fizéssemos parte do desenvolvimento do local onde moramos, como se um prefeito fosse resolver problemas históricos de uma hora para outra sozinho.

Estamos a uma semana do fim das eleições municipais e, independente de quem seja o prefeito, temos que eleger também o caminho que queremos para a cidade e participar dessa construção sem deixar tudo na mão dos governantes.

É esse o momento que Blumenau tem para dar a volta por cima e exigir as mudanças que precisam ser feitas para que a Alemanha sem passaporte possa definitivamente voltar a voar e ser, mais uma vez, uma cidade referência naquilo que a gente faz bem. Não é demérito nenhum copiar as coisas boas que estão sendo feitas fora das nossas fronteiras, não é vergonha nenhuma ir buscar coisas diferentes para a cidade e não seremos diminuídos se algo que alguém já implantou em outra cidade possa ser implantado aqui também.

O brio de Blumenau tem que ressurgir e não podemos mais ver cidades como Chapecó, Itajaí e Criciúma crescendo e encontrando novas alternativas para seu desenvolvimento enquanto nós, abduzidos da nossa soberba, ficamos sempre achando que somos desprezados por este ou por aquele, assistindo de camarote empresas históricas saindo daqui e indo para qualquer lugar em troca de incentivos.

Chegou a hora da população tomar a frente de um novo momento e mostrar para todos o que realmente queremos para o nosso futuro. A política não é uma coisa ruim, ruim é quando você diz que não gosta da política e se omite na hora de escolher o futuro da cidade. Muito do que a gente não tem hoje é fruto justamente da falta de participação e de decisão, pois o futuro de uma cidade não está na mão do político, mas sim daquele que encara a política como uma forma de mudança e de crescimento e vai votar no dia da eleição.