O partido se apresentava como um movimento espontâneo formado por engenheiros, médicos, administradores e outros profissionais liberais que tinham uma agenda liberal e sonhavam com um novo jeito de fazer política no Brasil.

O partido Novo e o PSL, na época com Bolsonaro, cresceram no vácuo deixado pela mancha negra colocada pela Lava Jato nos partidos políticos tradicionais. O partido do ex-banqueiro João Amoêdo teve um excelente desempenho para um estreante, elegendo Romeu Zema, governador de Minas Gerais. Além disso, formou uma bancada com oito deputados federais e emplacou Ricardo Salles como ministro do Meio ambiente no governo de Jair Bolsonaro.

No segundo turno das eleições, João Amoêdo declarou voto em Bolsonaro e prometeu que o partido seria “independente e vigilante” e nas votações na Câmara, o partido Novo é, junto com o próprio PSL, o mais fiel ao bolsonarismo.

Mas a partir daí algumas divergências internas começaram a aparecer. Com o desprezo de Salles pela ciência e pela Amazônia, gerando uma crise internacional, o Novo emitiu uma nota dizendo que “Salles “não representava o partido”, mesmo estando filiado e tendo sido referendado pela cúpula do partido para assumir a pasta.

Mas o fato mais recente entre correligionários do partido Novo aconteceu no sábado, 20, onde o deputado federal Gilson Marques, de Pomerode, colocou na sua conta do Instagram uma resposta para a postagem de João Amoêdo que dizia o seguinte: “Como filiado do Novo, discordo do voto da bancada que foi contra a manutenção da prisão do deputado bolsonarista. É decepcionante, também, que o partido não seja oposição ao desgoverno que temos hoje. Não era esse o papel que imaginávamos para o Novo quando da sua fundação”.

Marques respondeu que “Fico feliz que você discorda da bancada do Novo. Discordar faz parte. Eu também discordo de você em muitos temas: Você defendeu lockdown que destrói sonhos e aumenta o poder. Eu, contra. Você defendeu zerar o FGTS para criar auxílio com poupança alheia. Eu contra. Você foi a favor do inquérito das fakenews. Eu contra. Você é a favor da vacinação obrigatória. Eu contra. Você é a favor da prisão ilegal de deputado. Eu contra. Nós discordamos. Pra mim isso é normal. Pra você, decepcionante. Eu tenho orgulho da nossa bancada do Novo. Um grupo que não é oposição por holofote, mas independente para criticar o que deve e responsável para trabalhar em propostas. Nosso compromisso é com o país, não a favor ou contra um político. Se o seu é outro, novamente, discordamos”.

É fato que o partido Novo, principalmente depois das eleições municipais de 2020, tem assumido uma estratégia de ser mais polêmico e de jogar na mídia propostas interessantes, mas às vezes até populistas. Aqui em Blumenau o próprio deputado Gilson Marques já criticou a maioria dos vereadores por conta das moções de louvor que muitos usam para homenagear pessoas da cidade. O vereador Tuca dos Santos (Novo) chegou a dizer que a Câmara de Blumenau não era empresa de cerimonial para distribuir tantas moções.

Enfim, com o passar do tempo e com a entrada de novos filiados, o partido Novo parece estar passando pelos mesmos problemas de todas as outras siglas, onde alguns importantes membros se rebelam e acabam discordando daqueles que, hoje, comandam o partido. Resta saber se em 2022 João Amoêdo, que se mostrou mais próximo da esquerda, será novamente o nome do Novo para as eleições presidenciais. Mas se for, muito provavelmente terá que se entender com uma ala mais bolsonarista e é aí que a coisa pode rachar de vez.

Onde estará o partido Novo nas próximas eleições? Alguém arrisca um palpite?

Nota de esclarecimento do Partido Novo de Blumenau

Diante de matéria/coluna publicada em “O Município Blumenau”, em 22/02/2021, venho, respeitosamente, esclarecer que segue:

  1. Ricardo Salles foi indicado para o Ministério do Meio Ambiente sem absolutamente nenhuma participação do NOVO. Não foi o partido quem o indicou e a “cúpula” do partido jamais referendou sua participação no governo. A realidade é que o partido sequer foi consultado, seja pelo governo ou pelo próprio Salles, sobre tal indicação. Este foi, inclusive, o fundamento de sua expulsão. Vale ressaltar, neste ponto, que, apesar de ter acatado a decisão da Comissão de Ética Partidária, entendo que a motivação que levou à expulsão de Ricardo Salles tenha sido muito equivocada.
  2. No segundo turno das eleições de 2018, João Amoêdo não declarou voto em Bolsonaro. Aliás, justamente por não ter declarado voto em Bolsonaro, mas ter apenas afirmado que não votaria do PT, é que o ex-presidente do NOVO se tornou alvo de apoiadores mais fervorosos de Jair Bolsonaro.
  3. Por fim, esclareço que os pontos de divergência entre Gilson Marques e João Amoêdo, destacados pelo deputado em resposta às críticas do ex-presidente do partido, decorrem de convicções de defesa da Liberdade. O deputado é contra o lockdown, contra a utilização do FGTS para a criação de auxílio com a poupança (forçada) alheia, contra o inquérito das fakenews e a favor da liberdade de expressão, contra a vacinação obrigatória e contra a prisão ilegal perpetrada pelo STF na última semana.

Rafael Boskovic

 

 


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