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Gasto de R$ 30,9 milhões em instrumentos para escolas complica ainda mais governador Moisés

O mais novo absurdo do governo do estado vem de uma famigerada licitação da Secretaria de Educação que vai comprar R$ 30,9 milhões em instrumentos musicais para as escolas estaduais que apresentarem projetos pedagógicos musicais para o ano de 2021.

Nessa compra há a aquisição de guitarras elétricas, baterias, violão, teclados eletrônicos, baixo, violino, violoncelo e viola, clarinete, flauta doce, saxofone, tuba, xilofone, lira e também equipamentos de apoio como afinadores e suportes para os instrumentos.

Essa compra seria até um ato importante se não estivéssemos no meio de uma pandemia e se o governo do estado não tivesse apresentado na Assembleia do Estado o orçamento anual para 2021 com um déficit de R$ 1,6 bilhões.

Carlos Moisés deixa transparecer que seguirá sua jornada de afrontamento à opinião pública e que tem toda a convicção que irá escapar dos dois processos de impeachment que estão em curso contra ele e a vice governadora Daniela Reinehr.

Vou lembrar ao governador que no processo de impeachment que está em fase de análise no TJSC, ele já sai com 5 votos dos deputados estaduais em favor do afastamento e que Júlio Garcia tem alguma influência entre os desembargadores, mesmo a análise sendo técnica, para conseguir mais um voto e afastar Moisés e Daniela de vez do comando de Santa Catarina.

Júlio também tem muito a explicar

Não é de hoje que há uma disputa política em Santa Catarina entre o governador Carlos Moisés (PSL) e o presidente da Assembleia do estado, deputado Júlio Garcia (PSD).

Ambos, nos últimos meses, são os principais responsáveis pela produção de fatos que fazem com que o catarinense fique abismado com tamanha dificuldade que ambos têm para explicar atos descobertos pela polícia civil e polícia federal. Principalmente no caso da compra dos 200 respiradores, que custaram aos cofres do estado o valor de R$ 33 milhões, e também na investigação da Operação Alcatraz, que tem em Júlio Garcia seu principal articulador, segundo o próprio Ministério Público Federal.

O presidente da Alesc, Júlio Garcia, parece também estar em maus lençóis depois do aparecimento da delatora Michelle Guerra, que revelou ao Ministério Público Federal que entre os anos de 2011 e 2018 havia um esquema de “Delivery de Propina” para Júlio Garcia, Raimundo Colombo e Eduardo Pinho Moreira.

Michelle era sócia do escritório de advocacia junto com o ex-secretario de administração do estado, Nelson Castello Branco Nappi, braço direito de Júlio Garcia, onde todo o esquema era operado e servia para esquentar o dinheiro que era desviado do governo através de licitações e contratos fraudulentos, segundo as investigações.

Ela fechou uma delação premiada com o MPF e contou que as empresas beneficiadas nas fraudes dos contratos públicos contratavam o escritório, de forma fictícia, e repassavam a propina na forma de honorários. Depois dos pagamentos, ela sacava os valores no banco em espécie e os mesmos eram entregues imediatamente para Nelson Nappi Júnior, ainda dentro do carro dele, quando ele a acompanhava até o banco, ou depois no próprio escritório.

Ela informou que Nappi Junior disse algumas vezes que esse dinheiro seria repassado para o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o deputado Júlio Garcia (PSD), para emissários do ex-vice-governador Eduardo Pinho Moreira e que também seria entregue para um assessor direto do então governador Raimundo Colombo.

Depois do dinheiro separado, Michelle disse que os valores eram guardados em envelopes, sacolas, caixas de uísque e até caixas de sapato. Ela conta também que Nelson chegou diversas vezes no escritório com elevadas quantias de dinheiro vivo, além dos saques realizados, e pedia elásticos, envelopes pardos, sacolas, caixas de whisky, caixas de sapato, para fazer a divisão do dinheiro.

Segundo ela, um dia Nappi chegou ao escritório com uma maleta azul , cheia de dinheiro, contendo R$ 300 mil e que era para “as mesadas” de Colombo, Pinho Moreira e também para Júlio Garcia, que na época era conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.

O texto da denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra Júlio Garcia diz que Por toda narrativa exposta nesse tópico e os respectivos elementos comprobatórios, ficou evidente o comando de Júlio Cesar Garcia sobre os assuntos internos da Secretaria de Estado da Administração do Estado de Santa Catarina, por intermédio de Nelson Nappi, seu articulador imediato, ou mesmo dirigindo-se ao secretário titular da pasta, o que permitiu seu comando direto nas fraudes e desvios de recursos públicos”.


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