A semana do governador Carlos Moisés (PSL) não foi das melhores quando se analisa o enredo político, principalmente dentro da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). E o pronunciamento do deputado Kennedy Nunes (PSD) deflagra a vontade da maioria dos deputados estaduais de ver o governador fora do Palácio da Agronômica o mais rápido possível.

Além de o Supremo Tribunal Federal manter praticamente todo o rito do curso do processo de Impeachment que analisa se o aumento do salário dos procuradores do estado é devido ou não, a Assembleia aceita um segundo pedido de impeachment contra ele, agora sobre a compra dos 200 respiradores por R$ 33 milhões e também sobre a montagem frustrada do hospital de campanha de Itajaí, que acabou não saindo do papel, mas se tivesse saído, iria custar para o estado o valor de R$ 77 milhões.

O parecer do Superior Tribunal de Justiça, que está analisando as provas coletadas na investigação sobre a compra dos respiradores, também entendeu que o governador Carlos Moisés teve relevante participação nos fatos apurados, inclusive autorizando o pagamento antecipado dos valores para a empresa de Fábio Guasti, dono da Veigamed.

Talvez a única coisa que dê um alento para o governador Moisés, a sua vice Daniela Reinehr e o secretário de administração do estado, Jorge Tasca, é que suas defesas foram entregues dentro do prazo na Alesc, que agora terá cinco sessões para confeccionar um relatório que vai dizer se os três citados têm ou não responsabilidade pela equiparação dos vencimentos dos procuradores do estado com os procuradores da Assembleia.

Vale lembrar que há ainda na Alesc o pedido de impeachment do deputado estadual Ivan Naatz (PL), que já está em análise na Procuradoria do Legislativo, e que o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) ainda pode encaminhar um quarto pedido de impeachment por conta do relatório final da CPI dos respiradores, que concluiu que o governador sabia de todo o processo de compra dos 200 aparelhos, que sequer foram entregues pela empresa Veigamed.

Outra notícia ruim recebida pelo governador é que o deputado estadual Luiz Fernando Vampiro, que compõe a Comissão Especial que analisa as defesas no processo de impeachment que está em curso, disse para as principais lideranças do MDB catarinense que a bancada dos nove deputados do partido está fechada e que vai decidir dentro da Assembleia qual caminho que irá tomar sobre o afastamento ou não da cúpula do governo, mas já se sabe que a maioria dos parlamentares não quer ter na sua biografia o fato de ter salvado um governador que parece não ter mais condições políticas de administrar o estado.

O próprio PT, que poderia ser uma saída para Carlos Moisés tentar buscar novos aliados para a rejeição do afastamento dele, parece não se empolgar muito em querer salvar o governo 17 em troca de cargos e apoio político nas eleições de 2022.

As notícias dos corredores da Alesc dão conta que o governador só tem os cinco votos que sempre teve desde o início do seu governo, em janeiro de 2019, o que dificulta muito a barração de qualquer processo dentro do legislativo de Santa Catarina. Então só restará a Moisés, Daniela e Tasca conseguir os votos dos membros do Tribunal Especial Misto, que será composto por 5 deputados estaduais e 6 desembargadores do Tribunal de Justiça de SC, que vão realmente definir se os três envolvidos devem deixar seus cargos no governo do estado.