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Sugar daddies: saiba quantos blumenauenses usam sites de relacionamento por interesses

Relacionamentos afetivos com interesses mútuos e pré-determinados não são nenhuma novidade. O que há de mais atual neste meio, porém, é a possibilidade de encontrar pretendentes deste perfil por meio de portais específicos na internet. Em Blumenau há mais de 15 mil cadastros nas duas principais plataformas nacionais do gênero, a Universo Sugar e a Meu Patrocínio.

Os dados foram encaminhados pelos dois portais para a reportagem de O Município Blumenau. Com as informações, é possível saber a quantidade de usuários por cidade e também o total em Santa Catarina.

Conforme explicam os representantes das plataformas, o volume de interessados neste tipo de relacionamento é notório. A Meu Patrocínio, por exemplo, atingiu a marca de 2 milhões de cadastros no Brasil.

Nos últimos anos tornaram-se populares os termos em inglês sugar daddy, que é o homem disposto a ser um apoiador financeiro do relacionamento, e sugar baby, para a mulher que deseja receber este apoio.

Existem também, em menor número nas plataformas, as sugar mommiess, que são mulheres dispostas a apoiar financeiramente jovens em troca do relacionamento. Em ambos os casos há a possibilidade de relacionamento entre homens ou entre mulheres.

A Meu Patrocínio elenca alguns itens que considera serem vantagens para cada um dos lados. Segundo as descrições, a sugar baby terá “viagens fantásticas, mimos e presentes”, além de “estabilidade e networking”. Já os daddies têm “encontros com mulheres jovens, lindas e decididas e um relacionamento honesto e transparente”.

Blumenauenses na Meu Patrocínio

Somente na plataforma Meu Patrocínio, são quase 16 mil usuários ativos em Blumenau. A diferença entre os daddies e as babies é drástica: são 789 homens cadastrados e 15,2 mil mulheres em busca de alguém que as dê suporte financeiro. São cerca de 19 jovens para cada homem cadastrado.

Entre os dados encaminhados para a reportagem está também o perfil médio dos usuários. O patrimônio dos daddies, por exemplo, gira em torno de R$ 7,7 milhões, com renda mensal média de R$ 80 mil.

A média de idade dos homens é de 43 anos, enquanto que das jovens é de 24. A Meu Patrocínio informou ainda que a maioria das babies são universitárias.

Blumenauenses na Universo Sugar

Com presença menor dos blumenauenses na plataforma Universo Sugar, a realidade é diferente: são mais homens interessados em patrocinar (521) do que mulheres buscando o relacionamento (412). O total de usuários do site em Blumenau, portanto, é de 933. Em Santa Catarina são, ao todo, 3.121 usuários.

A plataforma traçou um perfil mais completo dos daddies e babies. Dos homens, a maioria são divorciados, mas há também casados e solteiros. A maior parte tem mais de 55 anos, e a menor tem entre 33 e 44. A faixa de renda mais comum fica entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, sendo que, conforme afirmou em nota a plataforma, a maioria são empresários.

Entre as babies, a grande maioria também está solteira, mas existem as casadas e comprometidas. Na faixa de idade, a fatia maior fica entre 21 e 25 anos. Na nota oficial do portal, as babies têm diferentes ocupações, mas a maior parte é estudante.

Relacionamento ou prostituição?

A troca de benefícios por um relacionamento pode gerar dúvidas à respeito dos envolvidos nestas plataformas. Em muitos casos, há quem acredite que este tipo de relação pode ser comparado à prostituição. Em entrevista à revista Época, Marcelo Santoro, integrante da Comissão de Direito da Família, da Ordem de Advogados do Rio (OAB-RJ), contudo, rejeita essa suposição.

“O relacionamento sugar não se caracteriza apenas como uma troca financeira por sexo, o que seria prostituição. É uma relação em que ambas as partes fazem as regras de como será o relacionamento, assim como qualquer outro”, diz.

“O que eu gosto é de ser cortejada”

A reportagem entrou em contato com Marina (nome fictício), sugar baby de Santa Catarina, que teve o contato encaminhado pela equipe da Meu Patrocínio e preferiu não ter sua identidade revelada.

Ela explica que acessou pela primeira vez a plataforma por sugestão de amigas. “Eu havia terminado um relacionamento e instalei os aplicativos tradicionais, como Tinder e Happn. Mas eu não estava satisfeita. Achava que os homens lá cometiam muitas gafes, e então minhas amigas perguntaram se eu conhecia a Meu Patrocínio”.

Conforme explica Marina, lá ela se encontrou. “Era exatamente o que eu precisava. Eu trabalho, tenho minha casa e tenho meu carro, não preciso disso. Só não tenho como bancar uma viagem para o exterior, que eu gosto muito. E foi isso que eu procurei. O que eu gosto é de ser cortejada. Eu não estou disposta a pagar o jantar, isso me desanima em um homem”.

Na plataforma, Marina conheceu dois sugar daddies. “O primeiro não deu certo, não passou nem do primeiro cafézinho. Já o segundo durou mais tempo”. Ela explica que este segundo relacionamento lhe rendeu contatos em sua profissão, já que ela trabalha com moda, além de viagens.

Marina afirma que não é uma relação fútil, e sim sincera. “É tudo pré-determinado, os papéis estão bem estipulados. Isso acontece o tempo todo na nossa sociedade, mas a diferença é que na plataforma está tudo às claras”. Contudo, ela explica que também há distorções dentro do site. “Tem muita objetificação sim. Teve a vez que um cara me mandou uma mensagem dizendo ‘estou na sua cidade, no hotel ‘x’, apartamento ‘y”. Nem continuei a conversa, porque a ideia da plataforma não é essa”.

Contudo, Marina saiu da plataforma. O seu relacionamento encerrou porque, como afirma, a rotina do seu trabalho a impediu de estar à disposição, conforme o sugar daddy gostaria. Além disso, ela voltou para o ex-namorado.