“Temos realmente que pensar qual é o tamanho da Furb”, diz reitora eleita

Marcia Sardá Espíndola foi eleita com 51,47% dos votos

Aos 46 anos, Marcia Sardá Espíndola foi eleita reitora da Fundação Universidade de Blumenau (Furb). A arquiteta é a primeira mulher a liderar a instituição, que tem 54 anos de história. Servidora na Furb há 29 anos, Espíndola já foi Chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Diretora do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT).

Ela acredita que foi escolhida com 51,47% dos votos por apresentar uma gestão de perfil agregador. A professora também se mostra aberta em analisar propostas que possam trazer novos recursos para a universidade, como uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Animada, mas consciente do desafio em inverter o gráfico que aponta constante queda no número de alunos, Espíndola falou sobre o futuro cargo:

Como você enxerga o fato de ser a primeira mulher a comandar a Furb?
Marcia Sardá Espíndola: Eu acho que vai ser uma grande responsabilidade por toda essa expectativa que existe em torno disso, mas entendo que é um momento importante da universidade. Já que trabalhamos tanto na formação dos jovens pela inclusão, pelo direto a todos…Estava na hora da universidade dar esse exemplo. 

Há alguma diferença específica que você acha que terá em relação às gestões anteriores por ser mulher?
Eu já fui gestora do Centro Tecnológico, que é um Centro bastante masculino. Acho que uma característica que a mulher tem é de ser mais agregadora. Isso que eu sinto da minha gestão e foi um dos motivos que elencaram pra eu ser candidata à reitoria. Achavam que neste momento a Furb precisava de uma gestão mais agregadora. De saber ouvir, mas também de saber decidir sobre vários aspectos, com o pulso firme quando for necessário.

Às vezes o reitor acaba beneficiando mais o Centro de origem. É disso que você fala quando se refere em ser “agregadora”?
Isso. As quatro chapas inicialmente já tinham falado da necessidade de união quando terminasse o processo eleitoral. Nós precisamos nos unir porque os próximos anos serão difíceis. E não adianta só falar, tem que ter um perfil que consiga realmente agregar e é nisso que aposto.

Por que “tempos difíceis”?
O número de alunos diminuiu bastante. Aliado a isso temos a concorrência. Então temos realmente que pensar qual é o tamanho dessa universidade, como é que vamos trabalhar, diversificar as arrecadações. Esse é o desafio.

Pois é, muitos alunos falam dos preços das mensalidade, que crescem muito a cada semestre, etc… Tem como melhorar os benefícios socioeconômicos da Furb? Há alguma perspectiva sobre isso?
Esses benefícios existem e também foram ampliados agora na categoria dos servidores públicos. Nós somos uma universidade pública municipal, mas financiada pela mensalidade. Para sermos pública, de fato, tínhamos que ter meios de financiar mais as mensalidades. Isso é um grande desafio. Hoje 70% da arrecadação da universidade vem das mensalidades.

Nós queremos diversificar a arrecadação, através da pós-graduação que a Furb explora muito pouco, da prestação de serviço… Se você criar outros meios de arrecadação, você pode sim repensar a precificação dos cursos. Agora, de imediato, precisamos primeiro ter esse alinhamento para depois vir essas propostas.

E pensar também no financiamento público. Ao invés de investir em novos prédios, novas estruturas aqui, que a Furb entre nessa pauta de discussão do estado, do governo federal.

Nas últimas semanas tem se falado muito sobre usar os espaços ociosos da Furb para uma parceria com a UFSC. Como você enxerga esse assunto e como pretende trabalhar essa questão?
Nós vamos conversar com a UFSC, com Udesc, com quem queira investir aqui em Blumenau. Conversar também com os políticos eleitos. Queremos conversar com todos para vermos possibilidades para a nossa Furb.

Qual o caminho para atrair novos alunos?
Eu acho que temos que ouvir mais a região, as demandas. Trabalhar o marketing, que seja um planejamento estratégico, que a gente realmente possa mostrar o potencial dessa universidade que temos e o quanto podemos fazer.

E quais os principais problemas que enxerga hoje na Furb e o que vai fazer para mudar?
A burocratização dela. Por ser pública, isso não é novidade. Mas nós podemos agilizar esses processos. Criar realmente uma gestão que trabalha a curto, médio e longo prazo. Que as pessoas saibam pelo o que estão trabalhando. Um modelo de gestão mais claro. A universidade está muito lenta. Vamos buscar que os processos conversem mais entre eles.

 

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