Transporte fluvial não está nos planos para o futuro de Blumenau

Não há como mensurar a importância do rio Itajaí-Açu para Blumenau e região. A sua grandeza é destacável de diversas formas, seja sendo a principal fonte de água para os moradores ou pela magnitude para a fauna da cidade, sendo o habitat de milhares de espécies existentes em seu leito ou nos seus arredores.

Mas o rio Itajaí-Açu poderia ser aproveitado também como rota alternativa para o transporte dos moradores de Blumenau? Mesmo com as dificuldades na mobilidade urbana que a cidade enfrenta nos dias atuais, a resposta é não. Ao menos para a atual gestão administrativa do município.

De acordo com o secretário de Planejamento Urbano de Blumenau, Éder Antônio Boron, não há condições estruturais para a cidade investir em transporte fluvial. “De área navegável temos somente o trecho entre a Ponte Santa Catarina até a região central da Prainha. Ou seja, não teria uma ligação entre bairros que favorecesse o deslocamento pelo rio”, afirma.

Ainda segundo o secretário, nas outras áreas da cidade, o rio Itajaí-Açu não tem profundidade suficiente para suportar o tráfego fluvial. Além de ter muitos trechos rochosos e pedras. “A característica hídrica da nossa bacia não comporta o transporte fluvial”, reafirma.

De meio de transporte fundamental para a desativação pela “concorrência”

O transporte fluvial em Blumenau ficou apenas na lembrança. Esse meio de transporte foi o primeiro e principal modal na cidade. Ele funcionou no município desde o início da colonização e até 1949, quando foi extinto.

Nesta fase do desenvolvimento da cidade, os barcos eram responsáveis tanto pelo transporte de cargas quanto de passageiros. As embarcações atracavam no Porto de Blumenau, na Praça Hercílio Luz – atrás de onde atualmente funciona o restaurante Thapyoka. Aliás, por ali passaram diversos barcos famosos na história da cidade.

O historiador Adalberto Day relembra alguns deles em seu blog. “O primeiro vapor a atracar em Blumenau/SC, foi o São Lourenço. O Vapor Blumenau, que navegou pela primeira vez no dia 30 de maio de 1895 (desativado em definitivo em 29 outubro de 1959). (…) Blumenau também teve outros vapores, com relevantes serviços prestados à cidade: o Progresso, comprado em 1878, mas circulou a partir de 1879; o Richard Paul, 1910, e o Barco Gustavo, de 1913. A partir de 1949 começou a desativação”.

A historiadora e diretora de patrimônio histórico de Blumenau, Sueli Petry, conta que o último barco que realizou transporte na cidade foi o Vapor Blumenau. Segundo ela, após o transporte fluvial ser “desativado” na cidade, em 1949, ele ainda atuou em poucas viagens até 1954. Esse mesmo barco, em 1961, foi colocado num pedestal na prainha, onde permanece até hoje.

Os motivos para a “desistência” da utilização do transporte fluvial em Blumenau, segundo Petry, foram as outras diversas alternativas que começaram a existir na época, como a estrada de ferro que ligava Blumenau a Itajaí, a rodovia Jorge Lacerda asfaltada e os ônibus que partiam da rodoviária do município.

Tentativas de resgates mal-sucedidas

Apesar de não servir mais como meio de transporte de cargas ou de pessoas, a ideia de barcos funcionando no Rio Itajaí-Açu foi retomada algumas vezes na cidade, principalmente pela iniciativa privada.

Em 1972, começou a operar na cidade o Vapor Blumenau 2, um barco restaurante. Ele funcionou por alguns anos. Sem atingir o sucesso almejado, o Vapor Blumenau 2 foi desativado nos anos 1990. A embarcação chegou a afundar em Blumenau em 1998. Depois, foi retirado da cidade e acabou indo à deriva em Ilhota.

Nos anos 2000 o tema ressurgiu, com a tentativa de emplacar um barco-passeio partindo do antigo Porto de Blumenau. O “Manezinho Schiff”, ou “barco Prefeito Décio Nery de Lima”, chegou à cidade por meio da iniciativa privada.

Na época, os empreendedores até projetaram a construção de um píer. Mas nada evoluiu e o barco foi embora, chegando a ficar um tempo em Balneário Camboriú e, depois, em Florianópolis. A iniciativa privada chegou a cogitar o transporte fluvial no rio com catamarãs, que necessitariam de uma profundidade menor para navegar, mas os projetos não avançaram e, como comentado anteriormente, a administração pública atual não tem planejamento para investimentos nesta área.

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