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Vice-presidente da Unimed Blumenau diz ter sofrido discriminação em carta de renúncia

A médica radiologista Irene Wiggers anunciou nesta quarta-feira, 14, sua renúncia da vice-presidência da Unimed Blumenau e a oficializou por meio de uma carta enviada para vários médicos da cidade. No texto, ela afirma que esse último ano de mandato – assumido em 2018 – foi marcado por sentimentos de impotência, decepção e frustação.

Wiggers fez diversos apontamentos contra a atual gestão, afirmando que a Unimed vem sofrendo por disputa política e de poder pessoal entre os principais membros da diretoria. Ela ainda cita que, devido a essas atitudes, ela se sentiu “discriminada, obstruída e atingida pela misoginia” enquanto membro da diretoria.

Nossa equipe entrou em contato com a médica, que não quis abordar muito sobre o assunto. Ela afirmou que tudo que tinha para dizer foi colocado na carta, da qual aliás, não sabia que seria divulgada para fora dos cooperados.

“O que tenho pra falar é o que tem na carta, lá tem muitos muitos detalhes. Estou preocupado com a situação da Unimed, que possui 50 anos de vida e tem muito a melhorar”, afirmou.

No próprio anuncio divulgado, a médica listou uma série de decisões que julga inadequadas e que foram tomadas pela atual diretoria, como contratação de parentes de gestores, de simpatizantes a igreja de determinados gerentes, aprovação de projetos injustificados, falta de transparência nas decisões, entre outros.

Ela ainda afirmou que como não foi ouvida e não conseguiu combater tais ações, “persistir nesse ambiente tóxico” se tornou insustentável e por isso a definição pela renúncia.

Nossa equipe entrou em contato com a assessoria de imprensa da Unimed, que informou que já está preparando uma nota referente ao assunto. Porém, até a publicação da reportagem, o texto não foi divulgado. Quando a nota for enviada, a matéria será atualizada.

Confira a carta de renúncia na íntegra:

RENÚNCIA

Há 33 anos faço parte desta cooperativa Unimed, e há 12 anos participo ativamente da sua gestão, direta ou indiretamente. Foram 6 mandatos no Conselho Fiscal, um mandato na CACIJ, esse interrompido para assumir o cargo de Diretora Vice-Presidente, em março de 2018.

Agora, cheguei ao último ano do meu mandato, esse que foi marcado por mudanças externas significativas no mercado da saúde e fatos internos diversos que acentuaram para mim os sentimentos de impotência, decepção e frustração.

Isso porque afetaram o alcance dos propósitos que assumi com os cooperados que confiaram a mim a sua representação junto à cooperativa.

No meu ponto de vista, a entidade tem sido tratada como objeto de disputa política e de poder pessoal por seus principais dirigentes e gestores, antes e acima da instituição e de seus cooperados. Faltam os princípios da boa governança, permitindo, por exemplo, que o autoritarismo predomine e impeça que os pensamentos da gestão inovadora ocupem os espaços corretos para o desenvolvimento e atualização de nossa entidade.

Os princípios cooperativistas de equidade, gestão democrática, preocupação com a comunidade, neutralidade política, religiosa, de raça e gênero, incluindo aqui o tema tão atual da inclusão da diversidade, estão demasiadamente longe do que observo nas práticas da cooperativa.

Essa abordagem prevalecente hoje em nossa Unimed, me faz sentir discriminada, obstruída e atingida pela misoginia no exercício das minhas funções como membro da diretoria executiva.

Nestes mais de 3 anos, assisti e protestei contra várias situações inadequadas em relação aos princípios de compliance e às boas práticas de gestão. Cito como exemplos: a contratação de filha de dirigente/gestor para laborar na cooperativa; aprovação de projetos e/ou estruturas sem estudo de viabilidade, inacabados ou com resultados que não se justificam; má gestão de colaboradores, com contratações de simpatizantes da igreja vinculada a uma gerente da cooperativa, e perda de colaboradores capacitados por promessas não cumpridas; a imposição de simples desejos ou vontades por parte de nosso presidente e de nosso superintendente; falta de transparência na tomada de decisões, especialmente com os cooperados, ou favorecimentos; obstrução de informações. Todos os fatores típicos de quem administra a cooperativa como se fosse sua, e assim impedindo que o diálogo, a racionalidade e o bom senso sejam os balizadores da conduta de todos.

Deixar de combater essas situações e atitudes inadequadas não está de acordo com a minha consciência, e isto custou-me escolher entre a solidão ou o silêncio. Não poderia ficar em silêncio.

Não vou me curvar, nem concordar com o autoritarismo, a misoginia, a tomada de decisões em desacordo com os princípios que deveriam reger a boa gestão da nossa cooperativa.

Persistir nesse ambiente tóxico está insustentável, pois seria minha servidão voluntária a objetivos para os quais não fui eleita. É inadmissível trair meus ideais, bem como os desejos de muitos cooperados que confiaram a mim a sua representação.

Assim, por não conseguir me fazer ouvida, e a fim de levar os cooperados a refletirem sobre a administração, o funcionamento e os objetivos da nossa cooperativa, comunico ao Conselho de Administração minha renúncia em caráter irrevogável e irretratável ao cargo de Diretora Vice-Presidente da Unimed Blumenau.

Ressalto, ainda, que renuncio à Vice-Presidência da Cooperativa não por
covardia ou medo, mas sim para protestar contra tudo o que tenho combatido ao
longo dos anos que exerci funções nesta cooperativa.

Por fim, desejo que no futuro breve, a nossa Unimed seja verdadeiramente dos
cooperados e para os cooperados.

Atualização 15/07 – 19h45: A Unimed Blumenau emitiu uma nota se posicionando quanto à carta da vice-presidente. Leia na íntegra:

A Unimed Blumenau informa que nesta quarta-feira, 14 de julho, recebeu o pedido de renúncia da diretora vice-presidente da Unimed Blumenau, Irene Wiggers, através da leitura de carta-renúncia durante a reunião do Conselho de Administração dacooperativa. Embora lamente, acata a decisão tomada.

Contudo, em respeito ao nosso corpo de cooperados, aos colaboradores e à comunidade, e diante de afirmações contidas na carta-renúncia, esclarecemos:

1. A Unimed Blumenau é uma cooperativa médica de referência no Sistema Unimed em todo o Brasil, com 50 anos de atuação, aproximadamente 800 cooperados, mais de 120 mil beneficiários assistidos, 598 colaboradores, a mais ampla e especializada redeprestadora de serviços de saúde do Vale do Itajaí, uma gestão responsável e uma cultura organizacional pautada pela ética e pela transparência. Além disso, a Unimed Blumenau adota processos de governança corporativa, gestão de riscos, compliance e controles internos. Vinculados ao Planejamento Estratégico 2021, todos os procedimentos da cooperativa acompanham as transformações no ambiente dos negócios, principalmente em áreas como tecnologia, regulamentação, riscos e integridade de todos os públicos.

2. Entre os princípios de governança da Unimed Blumenau destacam-se a pluralidade, a inclusão, a diversidade, a responsabilidade social, a sustentabilidade, a liberdade política e de crença religiosa, repudiando todo tipo de discriminação ou preconceito.

3. O quadro de colaboradores da Unimed Blumenau é 70% composto por mulheres, incluindo a participação em todos os níveis de gestão da cooperativa, evidência inequívoca da valorização da força de trabalho feminina.

4. Os critérios de seleção na Unimed Blumenau são definidos por competência e nenhuma pessoa deixou ou deixará de trabalhar na cooperativa por suas crenças. O quadro de colaboradores abriga simpatizantes e praticantes de todas as religiões, respeitando a pluralidade religiosa que norteia a governança.

5. A Unimed Blumenau foi reconhecida pelo segundo ano consecutivo no ranking global Great Place to Work, como uma das melhores empresas de Santa Catarina para trabalhar. Isso significa que o ambiente de trabalho da cooperativa é certificado pelos próprios colaboradores como saudável e equilibrado.

7. As decisões administrativas tomadas pela Unimed Blumenau passam, em primeiro lugar, por rigoroso crivo de um corpo gerencial com alta qualificação técnica e depois são avaliadas em conjunto pelos integrantes da Diretoria Executiva, prevalecendo os dados e cenários apontados tecnicamente.

É importante esclarecer que os médicos cooperados, independente do grau de parentesco com os dirigentes, têm os mesmos direitos e deveres dos demais associados. Preenchendo todos os requisitos técnicos para o exercício de funções internas na cooperativa, poderá desempenhá-las. Seu impedimento configuraria ato discriminatório a um cooperado ou cooperada com direitos e obrigações iguais a todos, exceto nos casos expostos em normativos internos da cooperativa.

8. A Unimed Blumenau passa por auditorias externas periódicas para atestar a qualidade dos processos e da gestão. No mais recente ciclo realizado em dezembro de 2020, foi aprovada em todos os quesitos avaliados e garantiu a manutenção das normas RN 277:2011 e ISO 9.001:2015. O selo ouro obtido na acreditação RN 277 garante a excelência na gestão e no atendimento prestado aos beneficiários, sendo a mais alta distinção que uma operadora de plano de saúde pode receber no Brasil. Já a IS0 9.001, um reconhecimento internacional, atesta a qualidade dos processos de trabalho da cooperativa.

9. Por fim, cabe reforçar os valores que norteiam a atuação da Unimed Blumenau e de seus cooperados e colaboradores: 

Cooperação: Atuar em parcerias, com objetivo comum.

Ética: Agir com transparência, respeitando leis, contratos e sobretudo as pessoas.

Responsabilidade socioambiental: Contribuir com bem-estar social, respeitando o meio ambiente.

Inovação: Busca de boas ideias e soluções.

Foco no cliente: Respeito e excelência nas interações com clientes internos e externos.

Competência: Aperfeiçoar constantemente habilidades técnicas e comportamentais.

A Unimed Blumenau fica à disposição para esclarecimentos.

 

Atenciosamente,

Dr. Alexandre José Ferreira

Diretor-presidente

 

Dr. Roberto Amorim Moreira

Diretor-superintendente


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