Das Kino - Um olhar crítico sobre o cinema

Jéssica Frazão é doutoranda na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e escreve sobre cinema, artes e produção audiovisual.

Você passa mais tempo escolhendo um filme do que assistindo?

Muita gente comenta que passa mais tempo procurando o que assistir do que efetivamente assistindo. Se você se sente angustiado com “tanto filme pra assistir”, se você abre o catálogo e não sabe por onde começar, sente que é impossível dar conta de tantos lançamentos e novidades por semana, provavelmente você faz parte desse time.

Com tantas plataformas de streaming existentes hoje em dia, com tanta opção de filmes para assistir gratuitamente em festivais de cinema online, junto da necessidade de permanecermos mais tempo dentro de casa por conta da pandemia, como escolher o que assistir?

É impossível dar conta de tudo. Nem se a nossa vida dependesse disso, conseguiríamos assistir a tudo que foi produzido em 125 anos de cinema. Então, é preciso optar e aí mora a dificuldade. Eu gostaria de te ajudar a pensar caminhos possíveis. Mas, antes de passar as dicas de como eu faço, é importante se atentar sobre como foram feitas suas escolhas até agora.

Suas preferências são, geralmente, baseadas em lançamentos? Tem a ver com nomeações, como o Oscar? É porque alguém te indicou? É porque todos os seus amigos estão comentando? É porque a crítica falou bem? Ou quem sabe, a escolha do gênero depende do seu humor?

Esse exercício avaliativo é interessante porque nos ajuda a compreender melhor sobre como foi sendo construído nosso gosto cinematográfico e, junto com ele, a necessidade de ampliação do nosso olhar. Eu gosto de fazer uma analogia com o nosso paladar. Não queremos ser adultos com paladar infantil, pessoas extremamente seletivas, pouco abertas a novos sabores e com extrema dificuldade para consumir alguns alimentos. Com os filmes é a mesma coisa. Se amplia o olhar experimentando novas cinematografias, estilos, gêneros e possibilidades imagéticas.

Minha dica de escolha de filmes é baseada na alternância. Eu tento achar um equilíbrio para as minhas experiências. Se hoje eu vi um filme brasileiro, amanhã devo escolher um filme francês, ou turco, ou argentino, ou japonês. Se hoje vi um filme hollywoodiano, já que optei por assistir a um indicado para o Oscar, amanhã certamente vou optar por alguma obra feita por mulheres, por pessoas negras, ou por indígenas, ou algum filme do Primeiro Cinema.

Se ando vendo muitos filmes clássicos ou “difíceis”, posso tranquilamente assistir também alguma coisa mais leve, engraçada, divertida. Se ando vendo muitas ficções, posteriormente vou optar por documentários, ou algum filme que brinca com a linguagem. Não existe regra. O que eu tento fazer é estar atenta e buscar por filmes que dificilmente assistiria se não fosse essa vontade de conhecer.

Se você não sabe como encontrar filmes assim, tenho algumas sugestões:

1. Vá na parte da ‘busca’ nos streamings e escreva por “filmes coreanos”, filmes africanos”, filmes árabes”, “filmes clássicos” ou qualquer temática e cinematografia que você possa se interessar;

2. Busque por filmes também no Youtube, a exemplo do canal CPC-Umes Filmes, que toda semana organiza a sessão de algum filme soviético ou russo;

3. Busque por listas interessantes, como essa dos 100 melhores filmes brasileiros segundo a ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), essa dos 250 melhores segundo o IMDB, ou a minha própria com indicações do que assistir na Netflix que fogem do óbvio. Dessa forma, você saberá melhor o que escolher sem se sentir controlado o tempo todo pelos algoritmos.


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