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“A arborização urbana traz muito mais benefícios que prejuízos”

“Vendavais e arborização urbana”

Causa-me certa apreensão sempre que vejo nas notícias sobre o clima as imagens dos prejuízos causados por queda de árvores, um carro, por exemplo, quase cortado ao meio pela árvore caída.

Disse o jornalista Joelmir Beting (1936 – 2012) certa vez que, “todos os dias, milhares de aviões pousam e decolam e ninguém fala nada, mas, basta cair um teco-teco e esse fato vira notícia”. Num único dia podem ocorrer 230 mil decolagens e pousos seguros, mas, basta cair um pequeno monomotor e a notícia se espalha pelo mundo.

O mesmo acontece com as árvores, principalmente as urbanas. Elas estão lá, crescendo e vivendo, década após década, aos milhares, pelas nossas cidades (e deveriam ser mais milhares ainda!), promovendo toda a sorte de benefícios para a melhoria da qualidade de vida de quem mora no meio urbano.

Todos sabem que as árvores produzem sombra, abafam ruídos, amenizam o clima, purificam o ar, diminuem drasticamente a quantidade dos “germes” nocivos no ar que respiramos, melhoram os aspectos paisagísticos, tornam o visual urbano mais agradável e ameno, amortizam os ventos fortes (sim! Amortizam!) e muito, muito mais.

Nas praças e parques arborizados, para não falar de parques naturais com floresta nativa, até poucos anos atrás, falava-se em “sensação” de bem-estar que as árvores propiciavam aos que ali passavam algum tempo.

Sabemos agora que não é apenas sensação, é fato bioquimicamente e fisiologicamente comprovado que passear em áreas arborizadas contribui para melhoria de inúmeros aspectos de nossa saúde, como comprovaram estudos feitos no Japão há pouco mais de uma década.

A arborização, portanto, nos beneficia muitíssimo mais do que nos prejudica. Sou testemunha disso. Nos primeiros anos, no lugar onde moro há 26 anos, ocorreram alguns destelhamentos de cumeeira, provocados por fortes ventos. À medida que as árvores cresciam perto, mas não próximas demais da casa, a barreira de vento que elas formaram fez cessar por completo o destelhamento, que nunca mais aconteceu.

Em 26 anos, os benefícios foram diários e ininterruptos e em apenas duas ocasiões tivemos algum prejuízo com queda de árvores. Colocando na balança, o positivo suplantou enormemente o negativo.

Aviões caem, mas, ninguém deixa de voar por causa disso, pois, todos sabem que o transporte aéreo é o meio mais seguro de se viajar. Graças aos cuidados rigorosos que se tem em relação à segurança dos voos.

Assim como na aviação, no dia que nossas prefeituras seguirem uma política de arborização pública séria e competente, notícias de quedas de árvores serão assunto raro. Fiação alta, acima das árvores, ou subterrânea, por exemplo, eliminaria mais da metade dos problemas que temos com as árvores urbanas.

A queda de árvores jamais será evitada, assim como jamais teremos zero de quedas de aeronaves. O que não pode é se criar uma onda de medo que resulta em muita pressão, por parte de pessoas, para eliminação de árvores perto das suas casas ou ruas.

Precisamos desenvolver a cultura de que arborização urbana traz muitíssimos mais benefícios que prejuízos. Se soubermos cuidar bem das árvores, não há muito o que temer, assim como não há muito o que temer quando se embarca num avião, apesar do farto noticiário que enfatiza os desastres e não os benefícios do transporte aéreo.

Muitas pessoas, com medo, ou, por se incomodar com folhas caídas, não querem saber de árvore por perto, mas não vejo essas pessoas quererem eliminar os carros das ruas, por exemplo.

Tenho consciência do risco que corro pelo tempo que passo, por prazer ou por profissão, sob árvores. Um dia, uma delas, ou um galho, pode cair sobre mim e eu posso até morrer por isso. Mas, jamais propugnaria a eliminação das árvores, pois sei que elas me fazem muito mais bem do que mal.

Perigo maior eu corro ao transitar pelas ruas, a pé ou dirigindo, pois, sabemos que carros causam muitíssimo mais danos e mortes que queda de árvores. Então, se a questão for o perigo de vida, teríamos que pedir a eliminação dos veículos e não a eliminação das árvores.

Alguns dos quase 40 participantes da Excursão da Acaprena à região da Serra Catarinense, num tempo em que a Serra do Rio do Rasto não era pavimentada e o turismo inexistia na região. O penúltimo de pé à direita é Egon José Schramm, mais tarde, reitor da Furb. À sua direita a esposa Marilene Schramm e a jovem Lúcia Sevegnani, ambas, mais tarde, também professoras da Furb. Foto Lauro E. Bacca, em 12/07/1980.