A blumenauense que criou loja virtual para vender produtos do grupo coreano BTS

Iniciativa tem algumas das artes mais conhecidas pelos fãs brasileiros

Uma paixão por músicas coreanas fez com que uma jovem artista transformasse o hobby de desenhar em uma loja virtual referência para fãs que gostam de comprar produtos fanmade (feito por outras fãs) de seus ídolos. Com foco no grupo BTS, Beatriz Peretti, de 27 anos, criou a Love Maze, e a loja já acumula quase 30 mil seguidores no Instagram e compradores por todos os estados no Brasil. 

Natural de Blumenau, Beatriz lançou, recentemente, uma coleção toda baseada em um novo álbum do integrante Kim Namjoon. A coleção possui uma bolsa, um caderno, artes autorais e um chaveiro, que logo na pré-venda, já se esgotaram e seguiram com uma alta procura. 

É incrível saber que minha arte está presente na vida de tantas pessoas, me sinto honrada por conseguir esse lugar, é algo que nunca imaginei para minha vida”, conta Bea, como é carinhosamente chamada. 

Do sonho até a realidade: a criação da Love Maze

Desde pequena, Beatriz era conhecida entre seus colegas, professores, familiares e amigos como a pessoa que gostava e sabia desenhar. Conforme ela, isso foi muito incentivado pela mãe, que é professora e sempre incentivava a criatividade dando folhas para desenhar e colorir, comprava livros e fazia passeios de ir ao cinema. 

Com o contato constante com a arte, desde sempre e de diversas maneiras, Bea conta que desenvolveu um bom lado artístico e senso estético sobre as coisas. Agora, ela adora museus, filmes, música e até desenvolveu uma paixão por moda.

E toda essa paixão refletiu quando ela conheceu o BTS, em 2019. Ela conta que não lembra como conheceu o grupo, mas que a paixão foi praticamente instantânea, já que ela tinha curiosidade por coisas diferentes e os 7 meninos do grupo eram muito carismáticos, espontâneos, engraçados e talentosos. 

Como uma coisa leva a outra, e uma artista se expressa representando suas paixões por meio da arte, Beatriz logo começou a publicar artes relacionadas ao grupo de K-Pop, no antigo Twitter, agora X. Na época, comecinho de 2020, ela estava desempregada, pensando em trabalhar na área de design.

“Logo a pandemia chegou, e como eu realmente não tinha nada para fazer naquele momento, eu me dediquei a minha arte. Me fazia bem e eu realmente tinha muita vontade de desenhar o BTS. Desenhava eles todos os dias, testei todo tipo de material diferente (grafite, aquarela, lápis de cor, marcadores, nankin) e sempre postava. Com o passar dos meses, minhas artes foram ganhando mais atenção e ganhei mais seguidores”, conta.

Foi a partir desse aumentou de seguidores, que Bea também começou a receber encomendas e pedidos para criar uma lojinha para venda dos desenhos que fazia. Como estava desempregada e percebeu que tinha bastante apoio, no início de 2021, ela decidiu abrir uma lojinha na Shopee para vender artes e outros produtinhos. Ela conta que foi nesse momento em que sua vida mudou completamente – antes, com as encomendas, ela ganhava cerca de R$ 300, enquanto no primeiro mês da lojinha ela já havia ganhado mais de R$ 1 mil.

“Acho que é o caminho natural de todo artista que resolve abrir sua loja. Prints e adesivos são baratos e fáceis de produzir, e são ótimos para mostrar nossa arte “como ela é”, não precisamos modificar muito. Mas também são produtos baratos pra vender e é difícil conseguir valores altos com isso, fora a vontade de ver nossa arte em algo diferente. No início, isso foi bom para a marca, para deixar de ser vista apenas como uma artista que vende uns produtinhos para uma “loja de verdade”. Em 2021 lancei bloquinhos de anotação, estojo, mousepad, ecobag e me estabeleci como uma loja fanmade do BTS”, explica.

Porque “Love Maze”?

A criação da lojinha deu tão certo para Beatriz, que ela desistiu de tentar se encaixar em algum emprego padrão e seguiu perseguindo o sonho de ser uma artista empreendedora. Atualmente, essa é a única fonte de renda da artista, que faz tudo sozinha, então consegue se dedicar completamente para a criação e venda de seus produtos. 

“Esse é um conselho que muito artista dá: ache algo que você ama e desenho isso incansavelmente. E foi o que eu fiz, e está dando muito certo”, conta.

A escolha de “Love Maze” como marca, veio a partir de uma música do grupo BTS, que tem o mesmo nome. Primeiro, a música estava fazendo apenas parte da sua identificação no Twitter, mas com o tempo virou o nome da marca também. Com o passar do tempo, Bea acabou achando o nome pouco profundo, e por isso buscou ajuda profissional de uma Social Midia para fazer uma mudança de marca – um rebranding. 

Bea com os pacotes para enviar e suas artes/Arquivo Pessoal

Agora, a Love Maze, para Bea, significa “eu finalmente sentir que estou sendo fiel a minha identidade e seguindo o caminho que gostaria”.  Além disso, também busca trazer ligação com cores mais rosas, o lado mais fofo e feminino da lojinha, mas também sempre estar buscando novos caminhos e desafios.

“Meu intuito com a Love Maze não é apenas criar qualquer produto do BTS, algo que você encontra facilmente na Shopee com o design oficial. Quero pegar todo o trabalho do BTS, juntar com minhas referências pessoais e sentimentos de army para criar algo completamente novo, que eu me identifique e que outras armys se identifiquem também”. 

Com quatro anos de lojinha, ela já consegue identificar o que o seu público gosta ou não, o que acaba facilitando no momento de escolher um design para criar e vender. Suas criações também são bastante variáveis, tendo coleções criadas em uma semana, e outras que estão há meses sendo pensadas.

Ela explica que o Pinterest – rede social de fotos – também é um grande aliado nesse momento de criação, além de acompanhar a criação de outras lojinhas do Brasil e as tendências da área. 

Suas artes fazem tanto sucesso dentro do grupo de fãs do grupo, que como já vendeu produtos para vários estados, ela conta que é comum ir em eventos de cultura coreana e asiática e encontrando pessoas usando coisas da marca Love Maze.

Contudo, para ela, o momento mais feliz que já viveu com a própria arte até agora, foi ter ganhado um concurso da Hybe – empresa que gerencia o grupo BTS – com um desenho do álbum Face, do membro do grupo, Park Jimin. Ela conta que se dedicou muita para aquela arte, ficando entre os 50 melhores desenhos, e que só de imaginar que o cantor poderia ter visto o desenho, era o que mais deixava ela realizada.

Agora, ela busca melhorias em pontos que acha que necessitam, mas que, ao mesmo tempo, está feliz em estar onde está. “Sabia que trabalharia com minha arte, mas não sabia que ela teria um impacto tão grande na vida das pessoas e que eu poderia criar com tanta liberdade e paixão.  Mas sei também que tudo isso só foi possível graças ao meu esforço e dedicação. Lá no comecinho eu não fazia ideia de como ter uma loja, fui atrás de todo pequeno detalhe pra fazer isso acontecer e continuo buscando melhorias”.

Dificuldades e planos para o futuro 

Apesar de ter atingido um novo patamar com a própria marca, Bea conta que trabalhar apenas com internet muitas vezes pode ser difícil. Ela conta que além de ter que cuidar dos produtos, embalar e gerenciar a Love Maze, ela também precisa manter a consistência e a presença nas redes sociais.

“Acho que a maior dificuldade, atualmente, é a presença constante que eu preciso ter nas redes sociais. Faz muita diferença postar algumas vezes por semana, postar stories todos os dias. Produzir e pensar em conteúdos pode ser cansativo, mas penas quem é visto é lembrado. Com certeza estar na internet é muito vantajoso, ver como minha arte chega em tanta gente do Brasil e até do mundo”, explica.

Entre as metas para o futuro, e que estão cada vez mais próximas de acontecerem, são os envios internacionais dos produtos. Com o interesse na marca crescendo cada vez mais, Bea deseja que os primeiros envios dessa forma iniciem logo entre 2025 e 2026, caso consiga investir em outras pequenas mudanças com o tempo. 

Agora, a artista agradece por tudo que conquistou até aqui. Trabalhar com a própria arte era um sonho, e ela tinha certeza que conseguiria trabalhar com isso durante a vida, mas não sabia que teria tanta liberdade nessa produção nem que seus desenhos e produtos atingiriam um público tão grande. 

“Quero que minha arte e meus produtos sejam o conforto das fãs, sejam algo que elas desejam da mesma forma que desejam produtos oficiais ou de lojas internacionais. Quero poder proporcionar produtos acessíveis e que representam as fãs, pois também faço parte disso. Sei que a Bea da pandemia estaria orgulhosa de onde estou, mas que a Bea criança ou adolescente que sempre admirou quem fazia artes tão legais e tanta gente gostava, estaria mais ainda”, finaliza.


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A loja toda de ressaca: Rafa Muller conta histórias da época em que trabalhou com Sargento Junkes:

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