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A história e os desafios do motorista de aplicativo surdo que trabalha em Blumenau

Carlos cresceu sem ouvir, mas adora se comunicar com os passageiros

Quem entra no carro de Carlos Roberto Silva já puxando conversa, logo é surpreendido por um cartaz avisando que o motorista de aplicativo é deficiente auditivo. Ainda assim, o recado deixa claro: “o silêncio não é uma barreira para que a gente se comunique”.

Atualmente com 50 anos, Carlos ficou surdo antes mesmo de completar dois, após sofrer uma meningite e passar 15 dias internado. Segundo a família, os médicos não souberam explicar a causa da surdez, mas a partir daí ele passou a viver com a deficiência auditiva.

Alice Kienen/O Município Blumenau

Natural de Blumenau, ele tirou a primeira habilitação aos 20 anos. Motorista há três décadas, ele se inscreveu nos aplicativos de viagem em 2020. O processo, segundo ele, não foi muito diferente dos outros parceiros da Uber ou do 99.

Carlos precisou apenas passar pela avaliação do EAR, que inclui a observação de que ele Exerce Atividade Remunerada na carteira de habilitação. As viagens, segundo ele, também são tranquilas.

“É bem simples, eu vou pelo GPS. Se preciso me comunicar com um passageiro, entrego um bloco de anotações. Sempre dá certo”, conta. O uso de celulares para escrever mensagens e repassar para o motorista também facilita a troca de informações.

Alice Kienen/O Município Blumenau

Para o motorista, o nível de atenção redobrado dos condutores com deficiência auditiva acaba fazendo com que eles se envolvam em menos acidentes.

A maior dificuldade no trabalho foi com um clichê na vida dos motoristas: um cliente embriagado. Carlos conta que um passageiro bêbado não parava de falar. Mesmo após ele mostrar a placa avisando sobre a surdez, ele continuou.

Porém, o momento mais gratificante é quando os passageiros pedem para aprender Libras para poderem se comunicar.

Veja uma mensagem de Carlos:


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