A relação da antiga Prefeitura de Blumenau, atual Fundação Cultural, com três nomes da arquitetura catarinense
Capa: as três versões (no mesmo terreno) de um dos edifícios públicos mais importantes de Blumenau, ao longo de sua história. O primeiro, usado como Câmara e Cadeia, o segundo e o terceiro, como primeira Prefeitura de Blumenau, Palácio da Justiça, que abrigava o Arquivo Municipal, o Fórum, a Delegacia Regional de Polícia, Cartórios de Crime, Civil e Comercial, de Órgãos e Ausentes, Tabelionatos, Cartório Eleitoral e Arquivo Histórico Municipal; Fundação Cultural de Blumenau, os quais foram adaptados por três arquitetos renomados distintos. O primeiro, projetado por Heinrich Krohberger; o segundo, com o projeto de Simon Gramlich, foi revitalizado; e o terceiro, com o projeto de Hans Broos, recuperado após o grande incêndio de 8 de novembro de 1958.
Um edifício histórico, localizado na primeira centralidade do Vale do Itajaí – Colônia Blumenau, foi “modelado” dentro de diversos recortes históricos de tempo por profissionais renomados da arquitetura local, a partir de nossa profissão.
O patrimônio histórico arquitetônico que conhecemos na atualidade, revitalizado através do projeto assinado pelo arquiteto alemão Simon Gramlich, em 1939, nada tem a ver com o primeiro edifício construído no local, em forma, técnica construtiva, estilo, área e volumetria, cujo projeto e construção estiveram a cargo do renomado mestre de obras alemão, Heinrich Krohberger, 1875.
Durante inúmeras pesquisas no local e no entorno do patrimônio histórico arquitetônico de Blumenau, nunca encontramos o nome de Simon Gramlich (a fachada tem características de muitas de suas obras do período da década de 1930) relacionado a esse patrimônio, mas sim, Krohberger.
Observamos que o texto descritivo do tombamento desse patrimônio na Fundação Catarinense de Cultura – FCC, não faz alusão a Simon Gramlich, mas somente a Krohberger.
Por quê?
Descrição: Projetada pelo arquiteto alemão Heinrich Krohberger, a edificação foi construída em 1875 para servir como Foro e Centro Administrativo da Colônia Blumenau, que desde 1850 tinha como sede a casa de Hermann Blumenau. Construída inicialmente em dois andares, por muito destacou-se entre as edificações existentes. Funcionou como prefeitura até 1981.
O prédio passou por várias modificações, das quais se destacam: em 1918, o acréscimo de duas novas alas, onde funcionaria o Fórum, além de nova cobertura e alguns ornamentos na fachada principal; em 1938, acréscimo de um novo pavimento sobre a edificação, passando a unir os dois corpos, sendo também criado um vão central com três aberturas em arco, assim como uma nova ala lateral à direita (vinte anos depois destruída em um incêndio); entre 1999 e 2001, ampliação da área, destacando-se a criação de uma galeria de artes e de um auditório com palco.
A imponente edificação fica na entrada da cidade, na confluência do Ribeirão Garcia com o rio Itajaí-Açu. Na fachada principal há um vão central de entrada com três aberturas em arco, que de certa forma divide a parte mais antiga da construção, à esquerda, da parte que foi destruída pelo incêndio em 1958 e reconstruída no início dos anos 2000. Na fachada da parte antiga, preservada, podemos ver as estreitas janelinhas do porão, num primeiro nível; acima, no piso onde fica a recepção, aberturas maiores; depois as três janelas em arco, no segundo piso, e o frontão de linhas simples.
Estas aberturas foram replicadas no lado reconstruído, sendo as bandeiras das janelas em arco do segundo piso bem semelhantes às do lado antigo; o frontão também foi construído de forma a ficar bastante parecido com o do lado esquerdo. As linhas retas da edificação são quebradas por uma torre sextavada que, na extrema direita da edificação, vai do nível da rua até a cobertura.
Fonte: UDESC/FCC.
Somente tomamos conhecimento da intervenção ocorrida no local através do projeto de Simon Gramlich, quando recebemos a imagem de um antigo jornal de Florianópolis, enviado em janeiro de 2024, pelo professor Pisetta, do Alto Vale do Itajaí, que apresenta uma entrevista com o arquiteto Simon Gramlich. Ao observarmos a fachada principal, detalhes e espacialização, encontramos similaridades entre a obra do centro histórico de Blumenau e outras, do arquiteto alemão.
A linguagem e volumetria do edifício histórico foi inaugurada em 1940, no mandato do ex-prefeito José Ferreira da Silva (1938 – 1941) – projeto de 1939, de Simon Gramlich. Nada tem a ver com o projeto do renomado construtor alemão e sobrinho de José Deeke, Heinrich Krohberger.
O ex-prefeito Ferreira da Silva foi indicado ao cargo de executivo municipal, pelo interventor federal do Estado de Santa Catarina, indicado por Getúlio Vargas, Nereu de Oliveira Ramos (1937-1945).
O que podemos concluir?
Tiraram da paisagem uma tipologia do único barroco alemão construído na região, parte da arquitetura do edifício público mais importante da região. Aconteceu algo semelhante em Rio do Sul, com a lembrança do arquiteto da nova prefeitura na história, Hans Broos, mesmo com a obra inacabada. A primeira prefeitura de Rio do Sul apresentava uma tipologia semelhante a esta primeira de Blumenau, porém, um pouco mais simples.
Historicamente, o local já foi sede de Câmara e Cadeia, Primeira Prefeitura de Blumenau, Palácio da Justiça, que abrigava o Arquivo Municipal, o Fórum, a Delegacia Regional de Polícia, Cartórios de Crime, Civil e Comercial, de Órgãos e Ausentes, Tabelionatos, Cartório Eleitoral e Arquivo Histórico Municipal.
A Prefeitura Municipal de Blumenau esteve localizada neste local até 2 de setembro de 1982, quando foi inaugurado o edifício com fachadismo cênico, que deveria lembrar as construções feitas com a técnica construtiva enxaimel, e localizado no mesmo terreno onde estava construída em autêntico enxaimel a estação ferroviária de Blumenau, da EFSC.
Nesse período, entre as décadas de 1980 e 1990, o edifício foi recuperado de acordo com as características presentes no projeto de Gramlich, e em 2001 recebeu adequações coordenadas pelo projeto e orientações do arquiteto Hans Broos. Com isso, verificamos, surpresos, que o local recebeu contribuição profissional de Heinrich Krohberger (1875), de Simon Gramlich (1939) e de Hans Broos (2001), e foi nesse momento que conhecemos o arquiteto Broos em um Sarau na galeria de arte de Freya Schmalz Gross, que frequentávamos como arquiteta.
O Patrimônio Histórico Arquitetônico foi tombado pela Fundação Catarinense de Cultura – FCC em 29 de outubro de 1996, sob o decreto N° 1294, Processo N° 015/92.
1° Período – Heinrich Krohberger
Heinrich Krohberger chegou à Colônia Blumenau em 3 de setembro de 1858, com a idade de 21 anos, na companhia de sua irmã Christiane Johanna, que contava 18 anos de idade.
O jovem Krohberger, com 21 anos, não deveria ter tido tempo para a formação na academia – dentro da atividade da construção civil. Assim, Heinrich Krohberger foi um construtor, um mestre de obras, um agrimensor, um cartógrafo, um político e um artista.
Foi exímio mestre de obras, ofício que deve ter aprendido desde tenra idade, com seu pai e mestre de obras, Daniel. Chegou à Colônia Blumenau, portanto, com a formação de construtor.
Em 1875, 17 anos apó sua chegada à região, construiu o passo municipal, no estilo barroco alemão, período no qual, em seu país de origem, surgiram restrições e legislações na construção civil, principalmente aquela que adotava a técnica construtiva enxaimel. Uma das principais era que se permitiria a madeira na estrutura das casas, porém deveriam ser rebocadas, pelo perigo eminente de incêndio. No final do século XIX, por influência dessa novidade na Alemanha, surgiram casas rebocadas em pleno Stadtplatz da Colônia Blumenau.
O projeto de Krohberger para a primeira prefeitura seguia essas legislações, cuja volumetria remete à casa enxaimel urbana construída na região, porém rebocada e com todo o decorativismo inerente ao barroco alemão, sobre uma arquitetura do estilo neoclássico.
Teve sua área ampliada em 1918. Não temos imagens desse período.
2° Período – Simon Gramlich
Após algum tempo, por um pequeno período, trabalhou na capital gaúcha, Porto Alegre, quando, em 1927, mudou-se para a cidade de Santa Cruz do Sul, ocasião em que projetou duas grandes igrejas – a da cidade de Santa Cruz do Sul e a de Venâncio Aires, construídas praticamente juntas.
Em Venâncio Aires também projetou a Casa Storck – único projeto residencial no Estado do Rio Grande do Sul. O arquiteto não acompanhou estas obras até o final de sua execução. Por problemas não muito bem esclarecidos, surgidos entre as partes – coordenadores das obras, cúria e o arquiteto – este mudou-se para Blumenau, Estado de Santa Catarina, em 1932, onde trabalhou e produziu arquitetura até falecer. Entre seus principais projetos estava o de revitalização do edifício público mais importante de Blumenau, que foi projetado pelo renomado mestre de obras Heinrich Krohberger.
Essa obra era uma de suas preferidas, pois a citou em uma entrevista ao jornal A Gazeta de Florianópolis, e não é mencionada no material histórico produzido na cidade de Blumenau e região.
O jornal a Gazeta de Florianópolis, já mencionado, foi que nos alertou sobre mais essa obra de Gramlich. Ao observar melhor suas características, não tivemos dúvidas sobre a autoria do projeto de revitalização do edifício público, pois tem semelhanças com algumas outras obras projetadas pelo arquiteto, na região.
A revitalização da primeira Câmera e Cadeia – Prefeitura de Blumenau, aconteceu durante a gestão da administração de José Ferreira da Silva, homem de confiança do interventor federal em Santa Catarina, Nereu de Oliveira Ramos.
Ferreira da Silva tomou posse em 1930 e terminou seu mandato em 1941. A obra na Prefeitura Municipal se iniciou em 1939 e foi inaugurada em 1940, como Palácio da Justiça, título que também não é mencionado no tempo presente.
Em 8 de novembro de 1958, o edifício foi avariado por um incêndio. A ala direita foi quase totalmente destruída.
O incêndio da Prefeitura Municipal
Theobaldo da Costa Jamundá
Eu via a Prefeitura de Blumenau incendiada, antes mesmo que qualquer jornal noticiasse. — Voltando de Brusque para Indaial ainda no agradável da festa, um dos eventos, comemorativos do centenário dos brusquenses, frente à brutalidade do que via, gritei para dentro de mim mesmo: meu Deus!
— O esqueleto da armação do telhado que os soldados-do-fogo defenderam embora agredido com violência mantinha-se na forma da carpintaria.
— Arrumando pensamentos convivente num pesadelo, acudiu-me pancada forte no pensamento indo na referência para o sofrimento dos amigos guardiães dos bens culturais. — Exatamente, na ala onde estava o Arquivo! — Quantas vezes repeti a constatação nem lembro. Fiquei repisando como batendo num pilão, qual o tamanho da amargura mental dos meus amigos conviventes conscientes com a perda documental da História Catarinense com marca da vida blumenauense.
Dopado na lamentação, continuei minha caminhada, assim como espancado. — E mais frio senti naquela madrugada do dia oito de novembro de1958. Entretanto não fui tão insultado e agredido pelo incêndio, como o foram a escritora Christiana Deeke Barreto, que era a arquivista enamorada dos bens merecedores de seu zelo; o frei Ernesto Emmendoerfer, O.F.M., um inimitável e percuciente caçador de peças e marcas das colonizações da Bacia do Itajaí, que além de ter preparado o livro do “CENTENÁRIO DE BLUMENAU”, estava, franciscanamente, organizando uma consciência grupal para a preservação de bens culturais, e além de tudo, era o presidente da Sociedade Amigos de Blumenau; e o professor Orlando Ferreira de Melo, que à época era o secretário da sociedade mencionada, e aplicava inteligência e talento com dedicação modelar.
— O professor Orlando com a escritora Christiana Deeke Barreto eram da vanguarda de preservação dos bens culturais e queriam quanto antes, a instalação do arquivo público em local adequado.
Mesmo no atordoamento localizei os caprichos dos imponderáveis, (Autocráticos caprichos dos imponderáveis) — E reconto mais uma vez só para recontar: poucos dias antes do incêndio desfalcador do acervo cultural (uma das mais graves agressões ao patrimônio da Memória Catarinense) devolvi à diretora do Arquivo as peças que estavam em meu poder por empréstimo. — E foram: I. Todos os papéis que compuseram a proposta do dr. Hermann Blumenau, na qualidade de agente da Companhia Protetora de Emigrados Alemães no Sul do Brasil estabelecido na cidade livre e hanseática de Hamburgo. 2. Relatório do agrimensor Augusto Wunderwald dando conta ao dr. Blumenau da exploração dos rios: Testo, Cedros e Benedito, realizada no período de janeiro a março de 1863. 3. Exemplar do Álbum comemorativo do cinqüentenário municipal de Blumenau em 1900 (Convém avaliar que Santos Lostada na apresentação daquele, tece comentários sobre os papéis preservados pelo colonizador, concluindo por registrar que: “GRANDE PARTE DESSAS PLANTAS E DOCUMENTOS HISTÓRICOS, COM QUE DESVELADAMENTE ENRIQUECEU O ARQUIVO DA RESPECTIVA MUNICIPALIDADE, LEVARAM SUMIÇO IMPERDOÁVEL.”
— E foram devorados com outros manuseados por mim em outras visitas pelo fogo da noite de oito de novembro de 1958.
A lamentação sedimentada com maior certeza dimensionada numa sedimentação de 27 anos, é uma perda na mais pura definição do que se entende por perder.
— Só quem viu com olhos de querer ver bem, sabe o prejuízo que foi se perder os textos informativos reunidos em volume pelo mestre escola Max Humpl com a colaboração eficiente de Theodor Lüders e ilustração de Maria Wohlmuth: tais informações existiam sob o título A CRÔNICA DE ITOUPAVA-SECA. — Foi mais que um desfalque a sua perda. — O incêndio apagou, com violência e de modo irrecuperável dados históricos da História de Blumenau.
Devolvidos os papéis mencionados amadureci o propósito de devolver também uns contratos administrativos do prefeito Curt Hering com gente que conservou estradas no então distrito de Indaial. Estes os colhi pesquisando e com eles um exemplar do “ÁLBUM DO CINQÜENTENÁRIO — 1850-1900— BLUMENAU” (Faltando folhas, é verdade, porém uma raridade) — Ia recolhê-los à guarda da escritora e arquivista Christiana Deeke Barreto quando o incêndio aconteceu.
E não faltou o requinte no capricho dos imponderáveis: a minha condição de interessado em tudo que estava relacionado no Arquivo de Blumenau e também de membro da Sociedade Amigos de Blumenau identificava-me como severamente prejudicado, naturalmente. — O requinte foi quando ouvi, pessoalmente, do juiz de Direito de Blumenau, dr. Marcílio Medeiros, que o livro do DR. JOSEPH GOEBBELS, “Diário” fora queimado com sua mesa de trabalho e muitos documentos dos cartórios.
— Assim participei também prejudicado: o livro em dois volumes encadernados me fora dado pelo advogado amigo Oslyin Costa (um dos volumes estava comigo) eram exemplares da edição em espanhol datada de 1952. — Jamais consegui adquirir o volume que o incêndio da Prefeitura de Blumenau consumiu.
Bato na mesma tecla do ter visto muitos papéis que já eram raridades como, por exemplo, livros manuscritos de registros burocráticos nos quais eram encontradas potencialidades memorialísticas ricas de informações, entre alguns, um deles anotado por Fernand Hackradt na Colônia de Blumenau. —Recordo ter visto documento datado de 1793, com valor oficial, informando sobre a demarcação de terras na área geográfica da Bacia do Itajaí; também levantamentos topográficos, que o engenheiro Emil Odebrecht usou para a orientação da distribuição dos lotes rurais e a formação dos lugares sempre definidos como comunidades luteranas e comunidades católicas, avizinhadas porém separadas. — As revistas, as plantas topográficas, as plantas de imóveis, os almanaques e os calendários existiam em quantidades apreciáveis sendo que mais de um exemplar do “KALENDER FUR DIE DEUSTSCHENIN BRASILIEN” editado por von Dr. W. Rotermund (Com textos impressos em gótico e artística composição gráfica) em São Leopoldo, RS. — Contei mais de um exemplar e o mais antigo era de 1898; com os calendários muitos folhetos informativos e amarelados jornais. Todos e tudo num amontoamento aguardando a hora e a vez de passar para a “CASA DR. BLUMENAU”. — E só não o foram porque o incêndio antecipou-se e transformou tudo que ali estava em cinzas. — Exatamente, o incêndio transformou tudo de modo igual em cinzas. Estava na ala incendiada a Inspetoria de Terras e Colonização, e o seu titular era o engenheiro Gil Fausto, figura de contagiante simpatia e dono de sensibilidade maior para dar colaboração.
— Com ele obtive informações documentais sobre os lotes destinados à administração pública em Indaial. —Com ele colhi esclarecedoras dúvidas.
Aquela Inspetoria arquivava os livros que foram auxiliares mudos do Dr. Hercílio Luz (aquele mesmo federalista insurgente do Combate do Morro do Aipim). — Ela, como repartição pública era herdeira residual, autora primeira da orientação para a ocupação do solo, na Bacia do Itajaí.
E quem pretendesse saber sobre o sucesso da propriedade rural estruturada em lotes ribeirinhos; como também sobre a constante da existência do triângulo social: escola, igreja e cemitério, caracterizador de lugar, no povoamento teuto-brasileiro dali, seria obrigado a recorrer às suas potencialidades.
— Por isso tudo foi cruel e crua a certeza, quando no dia nove de novembro de 1958, fui informado com detalhe que a Inspetoria de Terras e Colonização havia sido alcançada pelo incêndio. Como se deve entender usei a faculdade racional de anotador (insatisfeito anotador anotando sempre) e agora cato anotações para dizer: que a arquivista escritora Christiana Deeke Barreto trabalhava no sótão da ala incendiada. — Os bens culturais ali amontoados, diretamente (DIRETAMENTE) recebiam o calor do telhado. — Sobressaia das diversas impropriedades a sensibilidade da arquivista: a dignidade pessoal, a inteligência e o interesse em colaborar; como arquivista foi de boa vontade inexaurível.
Redigo que na disciplina germânica dos Deeke e compreensão inteligente própria dos Barreto, aguardava com esperança a conclusão da “CASA DR. BLUMENAU” — E foi por merecer a sua colaboração que agora posso dizer mais sobre o que foi perdido: I. Informações sobre o 109 Distrito de Blumenau denominado: Benedito-Timbó, 2. Informação sobre a excursão do dr. Blumenau acompanhado do barqueiro Ângelo Dias em 1848 pelo rio Itajaí-açu até a confluência com o rio Benedito, 3. Informação sobre o Quadro Estatístico de Theodor Lüders, 4. Informação sobre o Mapa Estatístico da Colônia de Blumenau de 1869. referente aos imigrantes chegados, 5. Informação estatística de 1872 com base no mapa cadastral de proprietários de lotes. Organizada pelo engenheiro Emil Odebrecht, 6. Informação de 1877, relacionadas com as atividades do comandante da Guarda dos Batedores de Mato, Frederico Deeke, 7. Informação do “Diário de 1864-1882” (atribuído ao dr. Blumenau) com notas de Meteorologia, contendo anotações suplementares do *agrônomo Giovanni Rossi, que foram tomadas durante o período em que funcionou na Estação Agronômica de Rio dos Cedros, 8. Informação tomada nos relatórios de 1876 e 1877 (o dr. Blumenau os escreveu com lápis) para o meu conhecimento sobre a relação índio-colono.
* Personalidade italiana, anarquista, que muito influenciou Ermmembergo Pellizzetti e criou “barulho” político e religioso no Alto Vale do Itajaí.” Theobaldo da Costa Jamundá
Toda a parte do edifício em que funcionavam o Fórum, Cartórios de Crime, Civil e Comercial, de Órgãos e Ausentes, Tabelionatos, Cartório Eleitoral, Delegacia Regional de Polícia e Arquivo Histórico Municipal foram consumidos pelo fogo. O Complexo recebeu inúmeros anexos – prática comum em nossa cidade, até que, na década de 1980/1990, foi chamado o arquiteto Hans Broos para organizar melhor.
3° Período – Hans Broos
O arquiteto Hans Broos chegou ao Brasil em 1954, com 33 anos de idade. Instalou-se como hóspede na residência da escritora Gertrud Walli Toni Hering Gross, filha de Hermann Hering. Começou a atuar como arquiteto e desenvolveu intensa atividade profissional. Assinou diversos projetos e obras na região.
Hans Broos foi aconselhado por Rivadávia Wollstein, blumenauense e professor na Universidade do Brasil, a transferir-se para o Rio de Janeiro (na época capital do Brasil).
Após este momento, o arquiteto iniciou o processo de convalidação de seu diploma na Faculdade Nacional de Arquitetura (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro) daquela Universidade, para que então pudesse atuar efetivamente como arquiteto neste país. Em seu trabalho de convalidação, estudou a arquitetura dos açorianos no litoral catarinense, tendo originalmente como título “Açorianos”.
Em 1968, Hans Broos estabeleceu-se definitivamente na cidade de São Paulo. Sua casa no bairro do Morumbi é um dos seus mais belos projetos em concreto e vidro.
Mesmo atuando em escala nacional, residindo em São Paulo, nunca cortou os laços com Blumenau. Conhecemos o arquiteto em um sarau no ateliê da Freya Gross, justamente no período em que estudava recuperação da Fundação Cultural em sua originalidade, como proposta por Simon Gramlich, adequando o aumento de área do edifício.
Em 2001, novamente foi solicitado, agora para readequar o ambiente interno e externo para ocupar as atividades da Fundação Cultural de Blumenau, que tem na sua logomarca parte do edifício estilizado. Atualmente, é sede da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais. O patrimônio é pouco lembrado do tempo em que foi o Palácio da Justiça.
Agradecemos ao professor Pisetta, do Alto Vale do Itajaí, que é um dos pesquisadores da região e nos encaminhou material elucidativo – a página do jornal de Florianópolis A Gazeta – que esclareceu sobre o trabalho do arquiteto alemão Simon Gramlich também nessa importante tipologia da arquitetura catarinense, cuja história não é divulgada.
Registro para a História.
Referências
- IBGE. Catálogo. ID: 46606. Código de Localidade: 4202404. Município: Blumenau. Tipo de material: fotografia. Título: Prefeitura Municipal : Blumenau, SC. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=446606. Acesso em: 05 de janeiro de 2023.
- CENTENÁRIO DE BLUMENAU: 1850 – 2 de setembro de 1950. Blumenau: Comissão de festejos. 1950. p.417.
- FERRAZ, Paulo Malta. Pequena história da colonização de Blumenau 1850-1883. Parte IV. Revista Blumenau em cadernos, Blumenau, Tomo XVII, n. 6, p.233-249, jun.1976.
Figuras do passado: Henrique Krohberger. Revista Blumenau em cadernos, Blumenau, Tomo I, n. 1, p. 11, Novembro. 1957. - GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.
- JAMUNDÁ, Theobaldo Costa. O Incêndio da Prefeitura de Blumenau.
- KANAN, Maria Isabel Correa. An Analytical Study Of Earth and Lime Based Building Materials in the Blumenau Region Southern Brazil. A Thesis Submited in Partial Fulfilment of the Requirements of Bournemouth University for the Degree of Doctor of Philosophy. 22 September 1995 Bournemouth University.
Leitura complementares, para ler – Clicar sobre o link escolhido:
- Simon Gramlich (Simão Gramlich no Brasil) – Arquiteto alemão com uma obra imensurável no Brasil e vida cheia de mistérios
- Egon Belz – Casa do Arquiteto
- Nacionalismo no Vale do Itajaí
- Heinrich Krohberger – Construtor – Mestre de Obras – Agrimensor – Cartógrafo – Politico e Artista – Literalmente ajudou construir a cidade de Blumenau
- Centro histórico de Blumenau – Stadtplatz – Ontem e Hoje
- Falso enxaimel sobre Praça Victor Konder – Junto a Prefeitura de Blumenau? Que também é cenário.
- Freya Schmalz Gross – Uma História – Arte e um amor de mais de 35 anos – Hans Broos
- Hans Broos
- Desenvolvimento Urbano da Cidade de Blumenau – Por Hans Broos 1
- Passagem da Equipe do Documentário Arquiteto Hans Broos e parte de sua obra – Blumenau SC
- Brutalismo de Hans Broos – Caminhada Cultural – Blumenau
- Documentário Arquiteto Hans Broos – Equipe eslovaca Diretor Ladislav Kaboš
- Arquitetura – Projetos de Hans Broos – Rio do Sul SC
Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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